Além de não ter benefícios trabalhistas, motoristas enfrentam custos de combustível e manutenção dos carros
Com alta no desemprego, aplicativos de transporte se tornaram alternativa de renda de muitas pessoas durante a pandemia. No Brasil, para se ter ideia, só no Uber o número de motoristas e entregadores já ultrapassa 1 milhão de pessoas.
Embora alguns motoristas digam que o aplicativo permite horários flexíveis, trabalhar para este tipo de serviço traz perda de garantias trabalhistas como 13º, férias e a garantia de pagamentos mesmo com atestado médico.
Para agravar, esses trabalhadores enfrentam os custos de manutenção do veículo e o preço dos combustíveis, que subiu 27% em 2021 frente a 2019. No início de julho, o preço da gasolina ultrapassava os R$ 5; em 2016, era pouco mais que R$ 3. Encher o tanque de um carro popular em 2016 representava cerca de 15% do salário mínimo. Já em 2021, custa cerca de 20%.
Renda
A motorista Karine Barbosa Staudt trabalha com aplicativos de transporte desde 2018. Ela deixou o emprego fixo para ser Uber. Segundo ela, a maior dificuldade para quem está começando é ajustar os ganhos, já que os pagamentos são semanais e não mensais.
A maior parte dos aplicativos funciona com pagamentos semanais ou diários, dependendo do acordo entre o motorista e a empresa. Em média, segundo Karine, os rendimentos brutos giram em torno de R$ 200 a cada 12 horas. Se o motorista folgar dois dias na semana, ele encerra o mês com remuneração bruta aproximada de R$2.400. Com os custos do combustível em torno de R$80 por dia, ao final do mês ele obtém lucro de apenas R$800, que é menor que o salário mínimo no Brasil. Esse valor não inclui os gastos de manutenção do veículo.
Diego Santana também é motorista de aplicativo. Para ele, mesmo com os altos custos, a alternativa é rentável. Ele já pensou em outras formas de trabalho, mas nunca desistiu do aplicativo. Mesmo não gozando de todos os benefícios trabalhistas, Santana não vislumbra deixar a função de motorista.
No primeiro trimestre de 2021, segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil bateu recordes, ultrapassando 14,7%, cerca de 14,8 milhões de brasileiros. Em comparação ao mesmo período de 2020, houve um aumento de 6,3%. No decorrer de apenas 1 ano, 1,956 milhão de brasileiros entraram na estatística de desemprego em todo o país.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha Técnica
Repórter: Heryvelton Martins
Editor de Texto: Helena Denck
Publicação: Lucas Müller
Supervisão: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen