Idosos têm a oportunidade de reinserir-se na sociedade através do lazer e da cultura
Segundo o levantamento do IBGE, em 2017 o Brasil tinha 28 milhões de idosos, 13,5% do total da população. A estimativa para 2027 é de que a população de idosos chegue a 38,5 milhões (17,4% do total de habitantes). De acordo com dados da Fundação Municipal de Promoção ao Idoso (FAPI), o município de Ponta Grossa possui aproximadamente 22.885 idosos.
Em Ponta Grossa, o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa é o órgão responsável por fiscalizar e promover apoio necessário às instituições que realizam atividades de lazer e acolhimento voltado à terceira idade. “A gente tem uma proximidade [com o conselho], não dá para dizer que sempre estamos presentes, participando de reuniões porque nem sempre dá certo de participar, mas eles são muito abertos”, comenta a assistente social do Lar das Vovozinhas, Bianca Schoemberger.
O conselho, juntamente com a secretaria do idoso, oferece serviços que atendem aos idosos, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que faz o cadastro único, o benefício de prestação continuada para o idoso que não tem renda receber o valor de um salário mínimo e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREA), que atende casos de violência.
A assistente social Thais do Prado Dias Verillo, diretora do Departamento de Proteção Social Especial e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa reclama da falta de participação do executivo nas reuniões do conselho. De acordo com a presidente, os membros indicados pelo prefeito não possuem participação efetiva nas ações do conselho. “Falo isso em nome da maioria dos conselhos, mas principalmente do idoso. Nós temos uma dificuldade muito grande de participação dos nomeados. INSS, por exemplo, demorou para nomear uma pessoa e mesmo depois de nomeado não veio ninguém. Eu tenho secretarias que não aparece ninguém e isso de certa forma fragiliza o conselho”.
A escassez de recursos para manter os conselhos da cidade também é um problema vigente relatado pela presidente do órgão. Para Verillo, o repasse de verbas é sempre muito enxuto, o que afeta diretamente a administração e desenvolvimento do conselho e das atividades. “O dinheiro recebido é bem reduzido, bem escasso. A gente tem que fazer licitação e ganhar. Isso de certa forma acontece, tem as burocracias, a morosidade. Qualquer poder público tem essas dificuldades porque são muitos órgãos, o departamento de compras da prefeitura (DECOM) é um só, mas nós não passamos necessidades”.
INCLUSÃO SOCIAL É PENSADA PARA IDOSOS COM VÍNCULOS FAMILIARES FRAGILIZADOS
Em Ponta Grossa, o Lar das Vovozinhas Balbina Branco é uma Instituição de Longa Permanência Para Idosos (ILPIs) e tem como objetivo acolher idosas que se encontram em vulnerabilidade social. Proporciona momentos de lazer e cultura a fim de melhorar a qualidade de vida e incluir as 46 idosas que atualmente vivem na instituição, com idades entre 60 e 101 anos.
No Lar das Vovozinhas as idosas recebem cuidados e participam de atividades com massoterapeuta, nutricionista, psicóloga, fisioterapeuta, educador físico e enfermeira. Além das saídas em grupo para os bailes oferecidos exclusivamente para a terceira idade. “A gente leva elas para os bailes. Não são em muitos porque as nossas idosas são bem debilitadas. Então para a gente é bem complicado, mas as que podem, a gente sempre tira”, explica a coordenadora da ILPI, Rosiane de Oliveira.
Devido à solidão, ao abandono e sentimento de exclusão da sociedade que afeta idosos residentes de ILPIs e outras instituições de acolhimento, o vereador Jorge da Farmácia criou o projeto de lei 269/2019 que visa instituir o programa Adote um avô ou avó. O projeto tem a finalidade de fomentar a inclusão social do idoso, por meio do apoio voluntário de cidadãos a idosos residentes em ILPIs e outras unidades da rede municipal de assistência social. Entretanto, o projeto não foi aprovado e voltou para trâmite por inconstitucionalidade. “No meu ponto de vista, por isso que eu posso recorrer, em nenhum momento eu criei despesa. O executivo teria que ter criado [o projeto de lei]. Já que o executivo e a assistência social não tem ideias, o legislativo está aqui para provocar isso. Eu acho que deveria ter dado parecer favorável, que viesse para discussão, porque aqui nós somos em 23. Não são cinco ou três que decidem. Então poderia ter aprovado e ido para discussão”.
PONTA GROSSA CONTA COM AÇÕES DE ACOLHIMENTO OFERTADAS À PESSOA IDOSA
Ter acesso a atividade de cultura e lazer também é um direito garantido a pessoa idosa. O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, juntamente com a secretaria do idoso, oferece serviços de convivência como oficinas e jogos onde os idosos podem interagir.
O Centro de Convivência (CECON) localizado na Praça Getúlio Vargas, na Nova Rússia, é um departamento da Fundação Municipal de Assistência Social que atualmente atende 359 idosos de 60 a 90 anos. Os idosos que desejam participar devem fazer um cadastro junto ao CRAS de sua vila que disponibiliza um código que o idoso deve levar até o CECON para efetuar o cadastro. O centro promove trabalhos com assistente social, psicólogo e educador social.
“É um cadastro da pessoa idosa em que coletamos os dados pessoais e atendemos situações de negligência, violência e vulnerabilidade. As atividades de hidroginástica, natação, caminhada, academia, baile e capoeira, são atrativos. É uma ferramenta para incluir os idosos”, comenta Marlene Stelle, assistente social e coordenadora do CECON.
Outra opção de ocupação para a terceira idade é a Universidade Aberta para a Terceira Idade (UATI) que oferta cursos e práticas de lazer na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Os idosos participam de aulas de zumba, hidroginástica, natação, pilates, yoga, line dance, informática, inglês e francês. As atividades são realizadas na UEPG campus central, na Galeria de Arte da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX) e no Parque Ambiental. Os idosos podem fazer a matrícula na Sala B 13 da UEPG Central. O valor máximo para as disciplinas escolhidas é de 80 reais.
Carmem Lucia Borges participa da Universidade Aberta para a Terceira Idade desde 2016 e conta sobre como o programa contribuiu para a sua reinserção social. “A UATI ajudou a nos reinserir na sociedade em questão da saúde e da amizade. Porque antes a gente só ficava em casa assistindo TV. Para quem tem depressão a UATI é como um remédio, uma cura”.
Ficha técnica:
Reportagem: Nadine Sansana, Natália Barbosa e Thaiz Rubik
Edição: Fabiana Manganotti
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Fernanda Cavassana e Kevin Kossar