Quem rouba dos mortos tem perdão?

Crescem os furtos de peças de metais nos cemitérios de Ponta Grossa

Os cemitérios deixaram de ser um local de paz e tranquilidade. Há tempos se transformaram em local de ação de ladrões que furtam objetos de bronze e outros metais. Placas, puxadores e demais ornamentos são furtados e vendidos em ferros velhos. 

Marcos Lemos, comerciante, cuidava do túmulo da família em um dos cemitérios da cidade. O sepulcro teve puxadores e outros detalhes em bronze furtados. “Foi preciso substituí-los por imitações em plástico. E mesmo assim, foram novamente vandalizados”, conta. Segundo ele, não há tranquilidade para quem tem um jazigo com algum ornamento que possa atrair a atenção de ladrões.

Os cemitérios de Ponta Grossa não têm vigilância permanente, apenas durante o dia, mas à noite, depois que os portões são fechados, acontecem apenas rondas ocasionais da Guarda Municipal. Marly Costa, que reside ao lado de um cemitério, conta que “já foi muito tranquilo. Hoje, com os roubos e a falta de vigilância, não nos sentimos seguros”.

 cemitério

 Peças em bronze, como puxadores ou porta-retratos, são os mais visados pelos vândalos. Imagem: Eder Carlos

No centro e nos bairros

A falta de segurança é maior nos cemitérios localizados nos bairros, mas nem o cemitério São José, o maior do município, escapa. Mesmo tendo muros altos, localizado numa região com grande circulação de pessoas, em abril, segundo uma fonte que preferiu não se identificar, um homem pulou o muro e furtou placas de bronze de diversos túmulos. Ele acabou sendo preso ainda nas imediações. Mas o temor se instalou entre os detentores de jazigos.

“Estamos pensando em trocar as placas de bronze por outras de pedra”, explicou a proprietária de um túmulo no Cemitério São José, que pediu para não ser identificada, com medo da ação de ladrões. “Eles quebram os vidros e roubam tudo o que podem. E nosso túmulo é antigo, com uma placa para cada familiar que está aqui”, disse ela.

Os dois cemitérios particulares não permitem a construção de jazigos. Apenas um pequeno memorial, junto ao chão, indica quem está sepultado. Neles, são raras as placas em metal. “A maioria prefere placas em pedra ou mármore esculpido”, explicou o vigilante de um dos campos santos.

Se o cemitério mais suntuoso da cidade é alvo dos furtos, engana-se quem pensa que os mais simples estejam livres. Não raro são relatados furtos de puxadores de metal e esquadrias de alumínio das capelas. Foi o que aconteceu em maio, no Cemitério Santa Luiza. Um morador vizinho ouviu barulhos e acionou a Guarda Municipal. Um homem foi localizado escondido atrás de um túmulo portando ferramentas e várias peças de alumínio.

Prefeitura

Dos nove cemitérios de Ponta Grossa, apenas dois são particulares. Os demais são municipais, e os cuidados, inclusive de segurança, estão a cargo da Prefeitura Municipal, através da Guarda Municipal e da Secretaria de Meio Ambiente. 

Questionada, a Prefeitura, em nota, disse que a Guarda Municipal realiza rondas frequentes. Mas não precisou com que frequência elas acontecem. Informou ainda que várias peças furtadas foram recuperadas e estão à disposição dos cessionários dos túmulos, na sede do Serviço Funerário Municipal, ao lado do Cemitério São José.

 

Ficha técnica

Aluno: Eder Carlos

Publicação: Maria Luiza Pontaldi

Supervisão de produção: Muriel Amaral E. P. Amaral 

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen