Informação é do boletim publicado pelo Nerepp em janeiro de 2021 

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% da renda de uma família com até um salário mínimo destinada à obtenção da cesta básica por mês. Infográfico: João Gabriel Vieira

 Alimentos como arroz e óleo de soja atingiram valores recordes entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, mesmo sem apresentarem histórico de aumento. Em setembro de 2020, o arroz teve alta superior a 18% em relação ao mês anterior; em outubro, o óleo de soja apresentou aumento de 9,79% em relação ao mês de setembro. De modo geral, o valor da cesta básica de alimentos em Ponta Grossa passou de R$ 524,12, em janeiro de 2020, para R$ 667,18 no início de 2021. 

 

Outro dado apresentado pelo Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) diz respeito ao montante de renda mensal direcionado por cada família para compra de alimentos. Entre as famílias com faturamento fixo de até um salário mínimo, o total passou de 50,15% no início do ano de 2020 para 63,85% em fevereiro de 2021.

 

Segundo o economista da UEPG, Alexandre Lages, um dos fatores que ajuda a explicar as constantes altas é a mudança do perfil de consumo da população. Com um maior direcionamento para o consumo dos produtos dentro de casa, devido às regras de distanciamento social impostas pela pandemia de Covid-19, há maior demanda por produtos como carnes e hortifrutigranjeiros, o que resultou na alta dos preços. 

 

Outro fator destacado por Lages é o subsídio oferecido pelo governo federal, através do auxílio emergencial, que gerou uma busca maior por aspectos básicos como a alimentação, o que acabou por aumentar a demanda por produtos do gênero. O economista ressalta ainda a relação e o impacto da subida do dólar, com a estabilização da moeda estrangeira acima dos R$ 5,00, que prejudicou vários produtos básicos que têm em sua produção insumos estrangeiros, como a farinha de trigo. A elevação do preço da farinha impactou uma série de produtos derivados, como pães e massas. 

 

Como consequência, o cenário que se desenhou no trimestre final do ano de 2020 foi de uma demanda interna crescente, mas com o direcionamento da produção nacional para a exportação, uma vez que os produtores optaram pela venda para o exterior devido à subida constante do dólar. Outro fator destacado por Lages é o aumento da oferta de serviços de delivery. Aplicativos, redes de distribuição e supermercados aderiram ao modelo que já tem causado uma mudança no perfil do consumo, o que consequentemente impacta nos preços. Segundo o economista, há uma tendência que pode se tornar definitiva, com o interesse crescente dos clientes no serviço ofertado e a entrada no mercado de multinacionais que operam com valores menores e com um sistema de entregas eficiente. 

 

O comerciante Fabiano Camargo, proprietário de um mercado no bairro Nova Ponta Grossa, afirma que as constantes mudanças nos preços dificultaram a relação diária com os clientes e que, mesmo entendendo que se tratava de um momento difícil, o repasse no valor dos produtos era necessário para manter seu estabelecimento funcionando. O comerciante ressalta também que, com o fim do auxílio emergencial, as vendas diminuíram. Segundo ele, os clientes relatam que não podem mais comprar na mesma proporção anterior.

 

Em uma previsão de curto prazo, o economista da UEPG afirma que é improvável que se note uma queda no valor da cesta básica no próximo mês. Lages aponta que tal previsão se baseia no cenário em que o dólar se mantém no atual patamar, superior a R$5,00, a pandemia continua sem grandes alterações e também leva em consideração as sazonalidades de alguns produtos, especialmente os hortifrutigranjeiros. “Então, se houver uma queda, ela não vai ser muito drástica”, complementa.

 

Ficha Técnica:

Repórter: João Gabriel Vieira

Edição: Deborah Kuki

Supervisão: Fernanda Cavassana, Rafael Kondlatsch e Kevin Kossar

Publicação: Manu Benicio

 

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