Sem equidade de gênero, homens são maioria nos cargos municipais
Com o novo governo municipal, a presença de mulheres nas secretarias de Ponta Grossa aumentou de 15% para 30% em 2021. Para compor sua gestão, Elizabeth Schmidt (PSD), a primeira prefeita do município, designou seis mulheres entre os 20 nomes do secretariado, os outros 14 ainda são ocupados por homens.
Na gestão anterior, de Marcelo Rangel (PSDB), os cargos eram ocupados por 17 homens e três mulheres. Assim, mesmo com o aumento da presença de mulheres nas secretarias, a situação não se modificou o suficiente para que exista uma equidade de gênero no alto escalão do município. Além disso, cinco permaneceram no mesmo cargo da gestão anterior, oito já integravam outras posições dentro do governo e foram remanejados para novas secretarias e sete são novos secretários.
De acordo com a cientista política e social Karin Vervuurt, para que a democracia representativa exista, é necessário que haja representação de todas as categorias da sociedade dentro da política. A maior parte dos eleitos no país e ocupantes de secretarias e gabinetes, são homens brancos, heterossexuais e de renda alta. Segundo Karin, há uma importância simbólica em ter mulheres nesses espaços, pois mostra para as futuras gerações que o espaço político também pertence a elas, que as mulheres também se interessam por política e podem ser líderes.
Além das pastas do Executivo municipal, na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa, a desigualdade de gênero não é diferente. Na atual legislatura, há apenas três vereadoras para 16 vereadores. Segundo a cientista social, as consequências da falta de representatividade são visíveis na produção de políticas públicas que visem interesses e necessidades sociais. Ela explica que os homens não têm as mesmas perspectivas, experiências e vivências sociais das mulheres. Por isso, de acordo com a especialista, eles não são capazes de desenvolver projetos que solucionem completamente as demandas do outro grupo.
Para Vervuurt, há muito trabalho a ser feito para que os debates de gênero avancem e consigam acabar com o machismo estrutural da sociedade. “A solução é a educação das próximas gerações. A escola é um local muito importante para falar de questões de gênero e discutir sobre estereótipos, para que esses jovens consigam crescer pensando em uma estrutura diferente do que é ser homem, do que é ser mulher, uma estrutura menos polarizada”, pontua.
Ficha Técnica:
Repórter: Rafael Piotto
Editores: Evelyn Paes
Publicação: Alex Marques
Supervisão: Fernanda Cavassana, Rafael Kondlatsch, Kevin Willian Kossar