Atualmente os produtos que compõem a cesta básica comprometem mais de 63% do salário mínimo da população pontagrossensse. 

Levantamento mostrou que entre o grupo de  alimentos hortifrutigranjeiros, o tomate teve um aumento de 31,56%;

Foto por: Maria Fernanda de Lima 

 

Em Ponta Grossa o preço atual dos produtos que compõem a cesta básica chega a custar cerca de 667 reais. O órgão responsável por fazer o levantamento dos preços na cidade é o Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas, NEREPP. O NEREPP realiza uma pesquisa semanalmente dos preços nos supermercados. É feito um levantamento de dados do hábito de consumo do pontagrossense levando em conta marcas, preços e mercados.

 

O levantamento de dados realizado pelo NEREPP até o momento mostra o aumento de produtos essenciais da cesta básica chegando a uma variação de 1,48%. A alimentação geral teve uma queda de 0,07%, essa queda de acordo com Alexandre Roberto Lages, coordenador da pesquisa, foi pequena, não trazendo grandes impactos nos preços. Nessa classificação o alimento que mais subiu foi o açúcar com 9,60%; os grupos hortifrutigranjeiros tiveram um aumento de 5,36% em que a cebola teve o maior aumento com 49,19%; o grupo da carne teve um aumento de mais de 6% com a carne bovina chegando a uma variação positiva de 10,21% em seu preço. O grupo de higiene teve uma queda de 1,18%, com o sabonete tendo uma variação positiva de 10,76%. O grupo da limpeza teve um pequeno aumento de 0,43% com o desinfetante tendo um aumento de preço de 3,54%.

 

A pesquisa ainda ressalta que com o preço atual dos produtos da cesta básica compromete cerca de 63,85% do salário mínimo atual. Levando em conta que são somente gastos com a cesta básica, a população ainda gasta com transporte, aluguel, água, luz, entre outros gastos básicos.

 

Em janeiro de 2021 o pagamento do auxílio emergencial, que era uma forma de complementar a renda nesse período de pandemia, chegou ao fim. Atualmente um salário mínimo é de 1.100 reais. Segundo um levantamento realizado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) o preço do salário mínimo ideal passaria de cinco mil reais.

 

O DIEESE pesquisa os preços das cestas básicas levando em conta somente as capitais. Em seu último levantamento de dados, São Paulo conquistou o lugar de cesta mais cara do país chegando a custar 664,15 reais, em seguida Florianópolis custando 651 e Rio de Janeiro 644 reais. Curitiba se encontra em décimo lugar com a cesta básica chegando a custar cerca de 559,73 reais, comprometendo cerca de 55% do salário mínimo. Já a cesta básica mais barata do país é a de Aracaju, que chega a custar 450 reais. A pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos também analisa o tempo de trabalho necessário para pagar as despesas com os produtos da cesta básica. São Paulo que é a cesta básica mais cara do Brasil, um trabalhador deve trabalhar em média 130 horas e 50 minutos para pagar os alimentos, Florianópolis não fica muito atrás com 130 horas e 16 minutos. Curitiba chega na marca de 111 horas e 57 minutos. Em Aracaju é necessário uma jornada de trabalho de 90 horas e 10 minutos para cobrir as despesas alimentícias. 

 Em janeiro de 2020 o valor da cesta básica em Ponta Grossa era de 524 reais, tendo um aumento no mês de janeiro de 2,17%. De acordo com o NEREPP dos 33 produtos que compõe a cesta, 21 tiveram seus preços elevados, 11 tiveram queda e 1 permaneceu com o mesmo preço. 

 

Alimentação geral em que o arroz teve um aumento de 7,13%; hortifrutigranjeiros em que o tomate teve um aumento de 31,56%; o grupo da carne em que a carne bovina teve uma variação positiva de 6,63%.O grupo de limpeza teve como produto de maior variação a esponja chegando à 61,82% O grupo de higiene teve o menor aumento, chegando à 0,80%, nesse grupo o sabonete teve um aumento de 3,12%. 

 

De acordo com o coordenador Alexandre Roberto Lages ter um aumento nos hortifrutigranjeiros já era esperado, mas nos produtos que não são perecíveis é incomum. “Houve muitos alimentos que tiveram um aumento significativo como o arroz, óleo, feijão. São produtos extremamente importantes e são responsáveis pela maior alta até o momento”, completa. Dos 33 produtos, somente 2 tiveram queda e os que tiveram aumento chegaram a triplicar de preço, completa. Alexandre ainda ressalta que não foram todos os meses desde o início da pandemia que tiveram alta, mas que o aumento até agora foi muito significativo.

 

Tanto o óleo quanto o arroz são produtos do hábito de consumo do pontagrossensse chegando a 95% das famílias de Ponta Grossa consumirem arroz e óleo todos os meses. Comparando os preços médios de Curitiba e Ponta Grossa percebe-se uma diferença de preços, isso ocorre, pois o hábito de consumo dessas duas cidades são diferentes, assim impactando na diferença a ser paga nos produtos básicos de alimentação e consumo.

 

Um dos fatores que resultaram no aumento dos preços no início da pandemia foi a busca excessiva por produtos nos mercados, além do aumento do dólar, que facilita as exportações e dificulta as importações também impacta  nos preços dos produtos. “Desde que começamos em 1994, esse foi o maior aumento de preços. O dólar impacta diretamente, por exemplo, no preço do trigo, trazendo um aumento do preço do pão, macarrão”, completa o coordenador do NEREPP.

 

Os produtos industrializados também sofrem oscilação de preço por causa do dólar, pois muitas das vezes esses produtos têm parte da sua produção no exterior, resultando no produto final chegando mais caro no país.

 

Segundo Alexandre, há uma piora no poder de consumo das pessoas, pois fatores como o desemprego impactam na perda de consumo e custo de vida das pessoas.

Lenon Henrique Gomez é gesseiro e sentiu o impacto dos produtos em seu bolso. De acordo com o autônomo pesquisar o melhor preço e promoções vem sendo uma das formas de contornar o problema. “Também começamos a substituir produtos, como a carne vermelha pela carne branca ou até mesmo consumir mais ovos”, comenta. Sua família é composta por esposa e dois filhos menores de idade e estudantes. “O salário aumentou, mas os produtos aumentaram muito mais, acaba ficando pesado no bolso. Antes você ia no mercado com 200 reais e comprava muito mais que agora”, completa.

 

A pandemia também trouxe impactos na sua profissão, diminuindo a procura pelos seus serviços. “Passei dois meses sem nenhum serviço, a situação ficou apertada, mas a gente se vira”.

 

Em 2020, milhares de pessoas do país foram beneficiadas pelo auxílio emergencial. De início as parcelas eram de 600 reais, passando para 300 reais. A última parcela até o momento foi paga em janeiro. Até o momento não foi aprovada a prorrogação de novas parcelas, mas caso seja aprovada a continuidade do auxílio emergencial as parcelas passarão a ser de 250 reais.  

 

Lenon ainda ressalta que o auxílio ajudava a completar a renda. “Minha esposa recebia o auxílio e ajudava muito nas despesas de casa, agora não temos mais essa renda, então os gastos têm que ficar mais restritos”, completa.

 

A professora Augusta Pelinski Raiher, do curso de Economia da UEPG, ressalta que nenhum dos setores econômicos mostrou crescimento nesse período pandêmico. “Vemos, por exemplo, setores de saúde intensificaram as suas atividades, mas desenvolvimento econômico no Brasil não houve. Tivemos setores paralisando os trabalhos, o que causa impacto na economia”.

 

De acordo com a professora, o mês de abril foi o mês mais complicado para a economia da cidade, afetando negativamente o município. Um dos fatores foi a baixa demanda local no período da pandemia de Covid-19. Essa queda foi resultado direto da pandemia, pois houve a redução da circulação de pessoas nas ruas e consequentemente do seu consumo.

Ficha Técnica:

Repórter: Larissa Hofbauer 

Publicação; Maria Fernanda de LIma

Supervisão: Textos III, Vinicius Biazotti. 

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