Encontro "Diálogo sobre outras Economias: Possibilidades de Transformação Social" foi realizado pela internet
O fenômeno de uberização cresceu no último ano e, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 68% dos trabalhadores que ficaram sem ocupação no segundo trimestre de 2020 se tornaram informais e diretamente afetados pela falta de políticas públicas ou regulação do trabalho.
A proposta de compartilhar os meios vem do consumo colaborativo, que nasce pela Economia Solidária (ES), busca organizar os recursos humanos, reduz as desigualdades sociais, repensa o lucro e beneficia a sociedade com o trabalho gerado. Entretanto, os resultados estão na contramão da ES e a uberização exemplifica a precarização e exploração de trabalho, ausência de direitos e informalidade, englobando aplicativos de comida, transporte e estadia.
Participaram da reunião virtual Pedro Hespanha, Valmor Schiochet e Beatriz Caitana. Reprodução
Em encontro virtual, realizado dia 5/05/2021, os sociólogos Pedro Hespanha, Valmor Schiochet e Beatriz Caitana discutiram ‘Diálogo sobre Outras Economias: Possibilidades de Transformação Social’. O debate destacou a definição de Economia Solidária e a transformação de experiências. De acordo com sociólogo e coordenador do Grupo de Estudos sobre Economia Solidária no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (ECOSOL/CES), Pedro Hespanha, atualmente, a modalidade de consumo colaborativo, vertente do ES, gera uma errônea impressão de que os trabalhadores e consumidores não estão seguindo a ordem capitalista. “O negócio das plataformas cria a ilusão de que os consumidores e trabalhadores que prestam serviços participam de uma nova ordem econômica autogerida e democratizada”, explica.
Doutor em sociologia e Mestre em sociologia política, Valmor Schiochet lembra que para a economia solidária funcionar integralmente é necessário um enfrentamento ao capitalismo, capacidade crítica, emancipação das mulheres, consciência ecossocialista e a necessidade de desenvolver uma economia popular. “É preciso articular com a economia pública, não só distribuir renda e sim, ter uma organização de bens e serviços com centralidade na questão ambiental” argumenta.
Programas que buscam trabalhar com a economia e o consumo solidário existem no Brasil em forma de incubadoras de empreendimentos e procuram ajudar os trabalhadores na geração de emprego e renda. Em Ponta Grossa, um exemplo é a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL). A estudante Helena Denck destaca a importância das ações. “Esse mecanismo é importante para que os trabalhadores não fiquem sem ajuda e tenham uma estrutura no serviço prestado”, diz.
Ficha técnica
Repórter: Maria Catharina Iavorski Edling
Supervisão: Sérgio Luiz Gadini