Grupos de apoio se juntam para arrecadar agasalhos, distribuir alimentos e revestir casas com caixas de leite
Grupos de ajuda que atendem pessoas em vulnerabilidade social em Ponta Grossa têm intensificado os trabalhos no inverno, época do ano em que os necessitados mais precisam de apoio. Com a chegada da pandemia da Covid-19, a demanda tornou- se ainda maior.
O projeto Brasil Sem Frestas - Ponta Grossa revestiu mais de 40 casas em situação de vulnerabilidade na cidade e região. Além disso, reuniu um grupo de costureiras para que confeccionassem equipamentos para profissionais da linha de frente em hospitais, resultando em 150 mil máscaras, protetores faciais, jalecos e toucas. Na segunda fase da pandemia, a associação conseguiu 7 mil peças de lençóis e fronhas para um hospital da região que estava sem essas roupas de cama. A coordenação do projeto está se preparando para voltar com foco no revestimento das casas, além de convocar novamente as costureiras para produzir também mantas isolantes feitas de caixa de leite para moradores de rua.
O projeto Brasil Sem Frestas - Ponta Grossa nasceu em 2018 após a enfermeira e coordenadora, Evelyn Liber, conhecer a associação de Curitiba pelas redes sociais. A sede é em sua própria casa. No local, ela concilia família, trabalho e sua vida de voluntária. A enfermeira destaca que busca por mais voluntários comprometidos para ajudar com as muitas demandas que chegam. Ela diz que, ao mostrar o resultado de todo trabalho feito pelo projeto, ela consegue levar mensagens de ânimo para todos da equipe.
Atualmente o projeto precisa de mão de obra para trabalho nas casas, além de doações em qualquer valor, materiais diversos e alimento para as famílias que são ajudadas. “Ver o sorriso e alegria dos moradores quando vêem suas casas protegidas, sem nenhuma fresta, e ainda ouvir: ‘Essa noite não vou passar frio!’, isso não tem preço [...] O sonho era que nenhuma família precisasse do nosso projeto, pois teriam o mínimo de dignidade para viver”, declara Evelyn Liber.
foto: facebook brasil sem frestas
Anjos da Noite
Outra iniciativa desenvolvida em Ponta Grossa é o Anjos da Noite. Todos os anos, entre os meses de abril e outubro, o projeto leva nas madrugadas frias da cidade roupas, cobertas, alimentos para os moradores de rua e principalmente um ombro amigo para que eles possam contar suas histórias. As arrecadações acontecem por meio de sua rede de apoio. O grupo tem parceria com as atléticas das universidades da cidade. Eles ainda contam com a ajuda de outros projetos sociais da cidade como “Deus Pai”, “Coração Voluntário”, “Mestre de Amor”, “Semeador”, entre outros.
O Anjos da Noite foi criado por Lucas Malaquias em conjunto com mais dois amigos, em 2013. Na época, Ponta Grossa estava passando por um inverno rigoroso e ao ver moradores de rua vulneráveis naquele momento, o grupo começou a arrecadar agasalhos no Facebook de forma descompromissada. “Foi muito impactante pra nós, tínhamos uma realidade de vida muito diferente do que a gente encontrou na rua. Então quando a gente saiu pela primeira vez, começamos a entender a realidade e a história de vida das pessoas que moram na rua, como essas jornadas que essas pessoas acabam se tornando moradores de rua. Essas histórias foram se multiplicando cada vez mais e foi aí que entendemos que o trabalho não podia parar.”, explicou Malaquias.
O Anjos da Noite atende em média 40 moradores de rua por noite e já chegou a arrecadar 16 toneladas de alimentos em um ano. Ele explica que durante a pandemia a arrecadação diminui, pois boa parte era feita em festas universitárias, paralisadas com a chegada da Covid-19. Apesar da situação atual, o projeto se juntou com a República Backyard e a Atlética XV de Outubro, conseguindo 175 cestas básicas através de uma campanha conjunta.
Moradores de rua em Ponta Grossa e ações da Prefeitura
Segundo dados deste ano da Prefeitura de Ponta Grossa, a cidade tem cerca de 30 moradores de rua (pessoas sem referência domiciliar) e 120 pessoas em situação de rua (com residência fixa mas que tem a rua como meio de sobrevivência). São ofertados para essa população serviços públicos como o Centro POP, que serve café da manhã, fornece banho, lavagem de roupas, além de serviços de saúde e acolhimento. O Serviço de Abordagem Social busca por essas pessoas na rua prestando orientação, também há o Restaurante Popular que serve 100 refeições por dia para o público dos serviços citados.
Há também duas casas de apoio que acolhem 50 pessoas cada e o Ginásio Zukão, que oferece serviço de pernoite com colchões, travesseiros, cobertores, alimentação e kit de higiene pessoal para os moradores de rua. A prefeitura ainda disponibiliza um telefone de plantão para caso alguém veja uma pessoa na rua uma equipe possa ajudá-la. O serviço iniciou em junho e tem previsão de terminar em setembro, a depender das condições climáticas.
SERVIÇO
Para doar caixas de leite para o projeto é muito fácil, basta lavar a embalagem, secar e cortar corretamente para um bom aproveitamento do material. Para mais informações sobre como ajudar o Brasil Sem Frestas - Ponta Grossa, acesse a página do Facebook do projeto.
Ficha Técnica
Repórter: Ana Paula Ameida
Foto: Facebook Brasil sem Frestas
Publicação: Yasmin Orlowski
Supervisão: Jeferson Bertolini