Para manter a tradição, escolas fizeram festas pela internet

 

Pelo segundo ano seguido, a pandemia interfere na realização das tradicionais festas de julho em Ponta Grossa. Há impactos na rotina do comércio e na programação de igrejas. Na cidade, escolas particulares e municipais precisaram se reinventar para levar um pouco da celebração às crianças. Encontros online realizados pela internet com vestimenta caipira ou até drive thru foram adaptações comuns nas escolas durante a pandemia. Isso foi necessário para respeitar as regras de isolamento social e ordens de restrição da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O colégio particular Sant’Ana foi um dos que realizaram a festa adaptada. No dia 19 de junho, via drive thru, famílias compraram kits juninos e foram até a escola retirar os produtos, de carro e com máscaras. Algumas famílias foram a caráter e com os carros decorados.

Nem todas as escolas da cidade puderam fazer festas e isso entristeceu alguns alunos. Lais Ventura, mãe de duas crianças, diz que os filhos sentiram falta da festa.

 

Foto: Matheus Pileggi/Arquivo Lente Quente

 

Economia

Em Ponta Grossa, com o impedimento das festas presenciais por causa da pandemia, alguns comerciantes precisaram se reinventar. É o caso da vendedora Giovana Pitur que passou a vender cestas de festa junina pela internet. Pitur abriu a empresa durante a pandemia. Faz cestas com quentão, pinhão, canjica, bolo de fubá com goiabada, maçã do amor, entre outros. A autônoma diz que pretende continuar com as vendas no ano que vem.

No país, a festa junina gera empregos e movimenta a economia nos meses de junho e julho. Segundo o Ministério do Turismo, em 2019 aconteceram mais de 103 eventos em 15 estados brasileiros. Com a pandemia, este desempenho não foi repetido, o que afetou o trabalho de costureiras, bordadeiras, serviços de decoração, comércio de alimentos e comerciantes locais. 

De acordo com dados do Ministério do Turismo, a cidade de Caruaru recebeu 2,5 milhões de pessoas - faturamento que movimentou cerca de 240 milhões de reais em 2019.

 

Tradição

A festa junina é uma celebração típica católica, que festeja três santos: Santo Antônio (no dia 13 de junho, considerado o santo casamenteiro), São João Batista (no dia 24, conhecido por batizar o povo, o que dá origem ao seu nome) e São Pedro (no dia 29, primeiro Papa da Igreja Católica). Esses santos inspiram novenas e simpatias. 

As origens dessas festas vieram antes da tradição cristã: os índios já tinham o costume de fazer rituais no mês de junho. Com a chegada dos portugueses, em 1500, o caráter festivo dos indígenas se fundiu com o aspecto religioso dos portugueses. A culinária é um exemplo da mistura destas culturas: os grãos e raízes, como pinhão e milho, cultivados pelos indígenas, se juntaram às especiarias  dos colonizadores. A celebração também tem um aspecto caipira, que reflete os primórdios da sociedade brasileira, cuja vida se dava no campo.

 

Ficha técnica

Reportagem: Yasmin Orlowski

Edição e Revisão: Eduardo Machado e Lucas Muller

Publicação:  Marcus Benedetti e João Paulo Pacheco

Supervisão:  Jeferson Bertolini, Mauricio Liesen e Marcos Antonio Zibordi 

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