Texto publicado originalmente na edição de número 205 jornal laboratório Foca Livre.

 

O número de deputados estaduais e federais eleitos superou 50% nas eleições de 2010 e de 2014.

 

 

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Levantamento realizado pelo Portal Periódico verificou o desempenho dos partidos nas duas últimas eleições, realizadas em 2010 e 2014, levando em consideração o alinhamento ideológico. Partidos de direita tiveram melhor desempenho, com mais de 50% dos candidatos eleitos para os legislativos federal e estadual.

 

 

Os partidos de direita, nas eleições de 2010, conquistaram cerca 60% de representação para os cargos de deputado federal e de deputado estadual. Em 2014, a porcentagem dos deputados federais diminuiu, chegando a 53%, enquanto a dos estaduais aumenta, ficando em 65%.

 

 

Os partidos de esquerda tiveram um desempenho menor no Estado do Paraná, representando menos de 50% de votos. Em 2010, a esquerda contabilizou nove das 30 vagas para deputado federal, o que representa 30% do total. Para deputado estadual, a esquerda ficou com 17 das 54 vagas, o que representa 31%.

 

 

Em 2014, a esquerda continua apresentando baixo índice no Estado, com 33% dos deputados federais (10 das 30 vagas destinadas ao Paraná) e 30% deputados estaduais (16 das 54 vagas).

 

 

Devem ser considerados também os candidatos eleitos dos partidos de centro. Em 2010, tiveram 3 vagas (10%) do centro para deputados federais e 5 vagas (10%) para deputados estaduais. Em 2014, os números não apresentam grande variação, sendo 4 vagas (14%) para deputados federais e 3 vagas (5%) para deputados estaduais.

 

 

O professor da rede pública estadual e formado em Ciências Política, Rodrigo Guidini Sonni (assista ao Papo Periódico https://www.youtube.com/watch?v=wxwBtaeJWjA), explica que os resultados obtidos pelo levantamento revelam a tendência de polarização política a nível nacional aliada a uma trajetória da política do Paraná. Em função disso, Guidini ressalta que, embora a Ciência Política avalie o espectro ideológico tomando como ponto de partida as noções clássicas de direita e de esquerda, é necessário relativizar essas duas posições.

 

 

Para Guidini, a definição do espectro político direita versus esquerda é relativa, apesar de já convencionada pela sociedade, como ocorre com a mídia jornalística. "As grandes mídias apresentam o conceito de direita e esquerda naturalizado, podendo através das noticias obter uma noção de qual partido é de esquerda ou de direita”, explica Guidini ressalvando que é necessário entender que o parâmetro é relativo. “Ainda que se possa convencionar, tal partido ou pessoa é de esquerda. Mas de esquerda e em relação a quê?", ressalva.

 

 

Observa-se uma polarização direita-esquerda, o que indicaria a tendência de as pessoas “estarem se posicionando menos ao centro e mais para os lados do espectro”. Dessa forma, o cenário político atual demanda “relativizar o que seja direita e esquerda, comparando e colocando parâmetros”.

 

 

Se a nível nacional observa-se uma forte polarização entre esquerda e direita, Guidini destaca, no entanto, que o Paraná é marcado por um contexto histórico em que se verifica uma marcante presença da direita. Ele aponta que, nas eleições proporcionais, o financiamento de campanha também interfere na quantidade de votos. “Quem tem mais dinheiro acaba conseguindo eleger mais,” afirma.

 

 

Quando questionado sobre o desgaste da imagem da esquerda no país, Guidini contextualiza a partir de dois fatores: a Guerra Fria e o desgaste sofrido pela esquerda. "O posicionamento contra a esquerda não é de agora, ele existe desde o século 20 com a Guerra Fria, onde o bloco capitalista alertava os países do 'perigo comunista'”, relembra. Para o cientista político, embora esse discurso tenha sido renovado “com novos signos e outros elementos, ele vem de um discurso velho contra o comunismo”.

 

 

O outro aspecto é o fato, ressaltado pelo professor, “de que um governo de centro-esquerda esteve à frente do poder executivo do país desde 2003, com a eleição do Lula”. Para Guidini, houve um desgaste provocado pelos erros e problemas desses governos e a oposição soube “catalisar as indignações populares colocando a direita como solução para o país".

 

 

Os dados do levantamento foram obtidos a partir do site (http://www.tre-pr.jus.br/eleicoes/resultados/resultados-de-eleicoes-gerais-tre-pr) do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

 

 

Afinal, o que é direita e esquerda?

 

Os conceitos de direita e de esquerda surgiram durante a Revolução Francesa (1789), quando representantes de duas posições políticas - divergentes em relação à elaboração da primeira constituição francesa - tomavam assento em lados opostos no plenário.

 

 

À esquerda, ficavam os delegados a favor da igualdade social e em busca de reformas sociais. À direita, estava o grupo aristocrata e conservador. Essa divisão passou a denotar perfis político-ideológicos distintos.

 

 

Atualmente, entre os pesquisadores do tema, há quem defenda que as nomenclaturas mantêm o sentido originário, quem acredita que elas não fazem mais sentido e aqueles que advogam uma nova significação para os termos, com as transformações do capitalismo. Nessa última visão, a esquerda preservaria o caráter contestatório e a direita, o conservador.

 

 

Fonte: Site Anpocs

(https://anpocs.com/index.php/papers-38-encontro/gt-1/gt27-1/9084-esquerda-e-direita-velhos-e-novos-temas/file)