Incertezas quanto ao retorno de aulas presenciais forçam alunos a manterem aluguéis, mesmo não morando na cidade

 

Com as aulas presenciais suspensas, muitos estudantes universitários que não moram em Ponta Grossa continuam pagando o aluguel, mas sem previsão de retorno. Em março de 2020, as instituições de ensino publicaram avisos de 15 dias de suspensão das aulas, com isso diversos acadêmicos que não moravam na cidade decidiram fazer as malas e retornar às casas de suas famílias. Entretanto, ninguém imaginou que, meses depois, ainda não teriam voltado às suas moradias.

A falta de posicionamento da reitoria e a carência de políticas públicas por parte dos Governos Federal e Estadual foram alguns dos motivos para os estudantes continuarem pagando seus aluguéis. Segundo eles, a prorrogação de reuniões, a inexistência de diálogo com os alunos, a não consideração das respostas dadas aos formulários da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), em especial da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), fizeram os alunos permanecerem inseguros em quebrar os contratos normalmente anuais. Em alguns casos as instituições de ensino disponibilizaram auxílios estudantis, no entanto não foram para todos e nem para todas as situações. A solução encontrada por esses estudantes foi tentar renegociar os valores e buscar diminuir outros gastos, como internet e condomínio, visto que ainda não há uma perspectiva de retorno.

Outra dificuldade observada foi a rescisão dos aluguéis. A acadêmica de Agronomia UEPG, Maria Fernanda Kalusz, de Fernandes Pinheiro (PR), tem um contrato de três anos com a imobiliária e, durante esse período, buscou alternativas para diminuir os custos mensais para não precisar rescindir e pagar a multa. “Durante esse período, a imobiliária quis aumentar o valor, mas entramos em contato e, diretamente com o locador, conseguimos um desconto de 25% [desde abril de 2020], o que ajudou bastante”, afirma. A estudante também aponta que ficou apreensiva em abrir mão do seu apartamento por conta da possibilidade de retorno. “Possivelmente, se tivesse desistido e voltassem às aulas, o valor estaria mais alto e, também, seria mais difícil de conseguir”, conclui Maria.

Contudo, nem todos os alunos tiveram a sorte de diminuir o aluguel e manter sua moradia. Esse é o caso de Evandro Massuline, acadêmico de engenharia elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em Ponta Grossa (UTFPR/PG), que retornou definitivamente para Teixeira Soares, onde morava antes de passar no vestibular. Com um aumento do aluguel durante esse período, a solução encontrada foi rescindir o contrato e pagar a multa de 10%. “Tentei encontrar alguma opção para não ter que pagar a multa, afinal não tinha como continuar com o aluguel. Infelizmente, acabei pagando para cancelar o contrato”, comenta.

 

 E agora? Quais serão os próximos passos? 

No mês de junho de 2021, o Governo do Estado do Paraná disponibilizou 20 mil doses da vacina contra a Covid-19 para servidores do ensino superior. Grupo que ficou fora dos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI). A situação ocorre numa tentativa de adiantar o retorno das aulas.

Assim, surgem novas questões como quando isso ocorrerá e se será avisado com antecedência. Morando a dois mil quilômetros de distância em Sorriso, no Mato Grosso, a estudante de Jornalismo na UEPG, Isadora Ricardo, classifica a falta de transparência da instituição como um dos maiores desafios na relação aluno-universidade, pois, mesmo com diversos pedidos, falta diálogo.

Com a possibilidade do retorno ao presencial, a estudante se preocupa com a preparação. “Quando foi anunciado que não voltaria no início do ano, eu e os meus pais fomos para Ponta Grossa buscar algumas coisas. Agora, se precisar retornar, meus pais vão precisar me levar, tem toda uma mobilização para eu ir”, explica. Segundo ela, se o aviso for feito com menos de duas semanas de antecedência, é improvável que consiga estar presente no primeiro momento, considerando a distância e o valor de passagens aéreas.

Uma nova pandemia no futuro também é preocupação entre os estudantes entrevistados. Na opinião da maioria, caso fosse preciso, eles procurariam aluguel com prazo mais curto. “Se fosse para fazer um contrato, faria com a menor quantidade de tempo possível, já que não sabemos se podemos entrar em outro regime pandêmico ou outras paralisações”, aponta o aluno de engenharia mecânica da UTFPR/PG, Thiago dos Santos.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre.

 

 Ficha Técnica:

Repórter: Tamires Limurci
Editor de Texto: Helena Denck,  Leonardo Duarte e Yuri A.F. Marcinik
Publicação: Leonardo Duarte e Yuri A.F. Marcinik
Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 

 

Adicionar comentário

Registre-se no site, para que seus comentários sejam publicados imediatamente. Sem o registro, seus comentários precisarão ser aprovados pela administração do Periódico.