Mais de 13 mil pessoas vivem na linha da pobreza em Ponta Grossa

 

De dezembro de 2020 a junho de 2021, este número cresceu mais de 18%

                                                                                                                                                

 Resumo

  • Reportagem mostra que mais de 38 mil pessoas vivem com menos de meio salário mínimo na cidade;
  • Em seis meses, 2021 já supera o número acumulado de 2020;
  • A pandemia de covid-19 é um dos motivos apontados pelo cenário;
  • O aumento da pobreza se dá também a nível nacional, continental e mundial. 

 

Pelo menos 13.239 pessoas estão na linha da pobreza ou da extrema pobreza em Ponta Grossa, segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais. De acordo com o serviço que cadastra programas como o Bolsa Família, pessoas na linha da pobreza vivem com até R$178,00 por mês; na extrema pobreza, com R$89,00.

No período de seis meses - de dezembro de 2020 a junho de 2021 - o número de pessoas nesta situação superou todo o acumulado de 2020. No período, 2.411 pessoas passaram a viver nesta linha de pobreza.

Há outro contingente de pessoas sem o mínimo necessário para viver: os de baixa renda. Trata-se daquelas que têm como renda per capita mensal até meio salário mínimo. Em Ponta Grossa, são 38.495 famílias nesta posição.

 

Impacto da pandemia

Em âmbito global o panorama também é ruim. Segundo relatório de 2021 da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), a pandemia de Covid-19 provocou um aumento nos níveis de pobreza sem precedentes nas últimas décadas, o que gerou impacto forte na desigualdade e no emprego. Estima-se que 22 milhões de pessoas adentraram a linha da pobreza na América Latina, o que totaliza mais de 209 milhões de pessoas no final de 2020. Deste número, 78 milhões estão inseridos na extrema pobreza - 8 milhões a mais do que o relatório apontava ao final de 2019.

O documento ainda reforça que, sem as transferências de renda emergenciais realizadas pelos governos locais, os níveis de pobreza e extrema pobreza seriam ainda maiores. De acordo com o relatório, 263 medidas de proteção social em caráter emergencial foram implementadas em 2020 pelos governos da região, o que atingiu 49,4% da população, cerca de 326 milhões de pessoas.

A entidade entende que a curto prazo é necessário que os programas de transferência de renda se mantenham, para que de alguma forma se estabeleça uma mínima proteção social às pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade.

No Brasil, foi criado pelo governo o programa Auxílio Emergencial, que serviu para a transferência de renda para a população desamparada em 2020. Inicialmente o programa beneficiava a população com parcelas mensais de R$600,00. Seguindo até o mês de outubro de 2021, com parcelas entre 150 e 300 reais.

Outro ponto destacado no documento apresentado pela CEPAL foi o impacto causado pela pandemia no mercado de trabalho. Dados do relatório apontam que a taxa de desemprego da região foi de 10,7% no final de 2020, um aumento de 2,6 pontos em relação a 2019, que registrou 8,1%.

No Brasil, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que a taxa de desemprego atingiu 13,2% no mês de agosto, o que atinge cerca de 13,7 milhões de brasileiros. Comparado a agosto do ano anterior, houve uma queda de 1,4 pontos.

 

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Foto: Yuri A.F. Marcinik/ Lente Quente

Auxílio Brasil

Programas como o Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família, tornam-se ainda mais importantes com os aumentos dos indicadores de pobreza.

O Programa Bolsa Família (PBF) foi criado como política pública durante o governo Lula pela Lei n° 10.836/2004 e unificou programas de transferência de renda que já existiam na época. Com o valor do benefício variando entre 89 e 205 reais, o total também era alterado de acordo com o número de filhos do beneficiado. O PBF contemplava famílias com renda per capita de até R$ 178,00.

E em outubro de 2021, após 18 anos de operação, o PBF foi extinto e deu lugar ao Auxílio Brasil, programa similar criado pelo governo Bolsonaro, que substituirá também o Auxílio Emergencial que vigorou durante a pandemia da Covid-19.

O novo benefício social foi criado pela medida provisória 1.061 e prevê o pagamento mensal de R$ 400,00 até o final de 2022. O programa tem como objetivo aumentar o número de famílias beneficiadas, passando de 14,7 milhões do PBF para 17 milhões. Ainda cercado de incertezas que perpassam desde o financiamento do programa até quem terá direito ao benefício, o novo auxílio tem previsão de começar a ser pago no dia 17 de novembro de 2021.

Voltando aos dados do Cadastro Único para Programas Sociais em outubro de 2021, 11.697 famílias foram beneficiadas pelo Bolsa Família em Ponta Grossa. O valor total movimentado ultrapassou os 906 mil reais, atingindo mais de 92% das famílias pobres do município.

 

Ficha Técnica

Repórter: João Gabriel Vieira 
Edição: Eduardo Machado e Yuri A.F. Marcinik 
Publicação: Yuri A.F. Marcinik 
Supervisão de Produção: Jeferson Bertolini 
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

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