Serviço de acolhimento é o caminho mais seguro para a formação de crianças e adolescentes.

 

Relato de Josimara Terezinha Costa de Jesus, voluntária do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora desde 2018.

 

O programa é realizado pela Fundação Municipal de Assistência Social de Ponta Grossa, em parceria com a Vara da Infância e Juventude, em que crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social são recebidos em lares temporários até que sua guarda seja definida perante a lei.


O acolhimento institucional tem uma abordagem coletiva, com alta rotatividade profissional, privando os acolhidos de afeto, de referências maternas e de direitos fundamentais. Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), atualmente existem 27.797 crianças e adolescentes institucionalizadas no Brasil. O Paraná é a quarta unidade da federação em quantidade de institucionalizações. Para cada criança há em torno de oito inscritos para adotá-lo, porém, 14 % dos acolhidos aptos à adoção não correspondem ao perfil esperado pelos pretendentes.

mulher criança acolhimento ponta grossa

Foto: Maria Eduarda Kobilarz


Em 2009, com a edição da Lei n° 12.010 o acolhimento familiar se apresentou como o melhor destino a crianças em risco social, passando a constar no Estatuto da Criança e do Adolescente como medida protetiva. O acolhimento é uma modalidade humanizada que propicia à criança e ao adolescente um tratamento individualizado, em que os voluntários passam por uma capacitação e recebem bolsa auxílio para acolher um menor até que seu destino seja definido, podendo retornar à família de origem ou direcionado à adoção formal.

Josimara Terezinha Costa de Jesus é mãe solo de três filhos pela via biológica e já acolheu sete crianças pelo programa. Para ela, a principal diferença entre os abrigos institucionais e o acolhimento é o tratamento individualizado.

Daniela Fucio também é voluntária do projeto e atualmente auxilia um bebê prematuro. Ela reforça o argumento de que o acolhimento é essencial para o desenvolvimento de crianças que passam por vulnerabilidade social. “É gostoso ver como ele se desenvolveu na parte motora, na parte emocional, a maneira como ele está aprendendo a gerar vínculos com a gente pela troca de olhar e afeto. A partir desse cuidado ele vai conseguir reproduzir esses comportamentos com outra família.”


Para Larissa Kinczel, formada em Psicologia e Desenvolvimento Infantil, o tratamento individual da família acolhedora é essencial para a formação das crianças. “Cada criança é única e tem a sua subjetividade. Numa instituição não tem esse olhar mais de perto, de entender as necessidades de cada um”. A psicóloga reforça que a falta de individualidade pode afetar o desenvolvimento.


O Acolhimento em família acolhedora corresponde a 5% do total de acolhimentos do país. O Paraná é o estado que mais computa acolhidos em tal modalidade, chegando a 29%. De acordo com a FASPG, de janeiro a abril de 2022, 17 crianças foram beneficiadas pelo projeto. Ainda assim, participantes e organizadores reconhecem a pouca aderência do programa na cidade e apontam a falta de divulgação como um dos empecilhos para o melhor desenvolvimento.

 

Ficha técnica:

Repórter: Maria Eduarda Kobilarz

Edição e publicação: Janaina Cassol e Maria Luiza Pontaldi

Supervisão de produção: Ricardo Tessaroli

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Adicionar comentário

Registre-se no site, para que seus comentários sejam publicados imediatamente. Sem o registro, seus comentários precisarão ser aprovados pela administração do Periódico.