No Paraná, falta de vagas e salário desvalorizado são principais problemas relatados por recém formados na área

 

Em uma rápida checagem no Google, encontramos 31 vagas de emprego para jornalistas dentre os 399 municípios do Paraná. Dessas, 17 são ofertadas em Curitiba, e 12 são destinadas para estágio em comunicação. O pouco número de empregos no Paraná aparece em disparidade com outros estados, como São Paulo, onde é possível encontrar mais de 100 vagas disponíveis na mesma área. 

 

Para a vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindjorPR), Aline Rios, ingressar ou permanecer no mercado de trabalho formal tem sido uma dificuldade para os brasileiros. “Há uma tendência crescente à informalidade, muito motivada pela reforma trabalhista e pela liberação da terceirização irrestrita e, com isso, uma redução considerável dos postos de trabalho nas redações de empresas jornalísticas”.

 

Segundo Aline, o diploma é o ponto de partida para inserção de recém formados da área no mercado de trabalho no estado. Porém, ela não descarta a necessidade de atualização do currículo. “A graduação superior é necessária, mas não suficiente. Algumas empresas ou entidades ainda não valorizam o profissional da comunicação”. Além da desvalorização da mão de obra qualificada por parte dos empresários, muitos recém formados buscam outras alternativas para exercer a profissão.

 

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Foto: Ana Luiza Bertelli Dimbarre

 

Esse é o caso de David Candido, 21 anos, que se formou há pouco mais de um mês pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Mesmo com diploma, David trabalha como repositor em um hipermercado na cidade. De acordo com o recém jornalista, a decisão surgiu devido a dificuldade em conseguir emprego na área de formação e pelo fato dele preferir emendar a graduação com o mestrado. 

 

“Caso apareça alguma coisa na área, é óbvio que eu assumiria, mas mesmo me candidatando em vagas remotas nunca fui chamado para entrevistas”, lamenta. Por isso, David vê na comunidade acadêmica uma alternativa para exercer a profissão. “Minhas experiências com o jornalismo sempre estiveram mais próximas da educação”.

 

Algo semelhante ocorre com Ana Clara Marcondes, jornalista há um mês pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmente, ela trabalha como Analista de Marketing, mas gostaria de atuar na área de jornalismo digital. “A maioria das pessoas que se formaram agora ou até dois anos, trabalham com marketing pois é o que tem vaga. Só vai para a área do jornalismo quem tem grandes bagagens e experiência”.

 

Além da falta de vagas no ramo jornalístico, a questão financeira é outro ponto que chama atenção na busca por emprego. De acordo com o SindijorPR, os jornalistas no Paraná recebem 42% a menos do que o salário mínimo ideal considerado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de R$ 6.527,67. Ao procurarmos vagas percebemos que as que raramente aparecem não possuem uma remuneração que valha o esforço", desabafa Ana Clara.

 

A curitibana Janyne Leonardi, 23 anos, se formou há três meses em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Porém, mesmo com diploma na área, ela trabalha com motion designer - profissional especializado que dá movimentos à desenhos estáticos. Janyne explica que durante a graduação sempre teve mais interesse na parte gráfica e audiovisual, por isso buscou moldar a grade curricular com o mercado do design. “As vagas ofertadas aqui na capital são extremamente disputadas, a ponto de ter várias dinâmicas em grupo e entrevistas com pessoas diferentes, por isso uni o que gostava com o que me traria oportunidades”.



Ficha técnica:

Reportagem: Ana Luiza Bertelli Dimbarre e Leriany Barbosa 

Edição e Publicação: Isadora Ricardo

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen