Profissionais relatam desafios e experiências fazendo o Censo do IBGE

Cerca de 350 agentes atuam em Ponta Grossa

O Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) voltou a ser realizado no dia primeiro de agosto de 2022, após 12 anos. A coleta de dados ocorre a cada dez, mas, por conta da pandemia de covid-19 e a falta de recursos federais, o Censo não foi realizado. Para além dos dados coletados, quem são as pessoas que fazem as coletas?

Lucas Fernando Valentim, 60 anos, terá a primeira experiência como recenseador em Ponta Grossa. Segundo ele, o incentivo de amigos foi um dos motivos que o levaram a concorrer à vaga. “Eu tenho amigos dentro do IBGE que sempre me incentivaram a fazer e eu acho legal participar de uma coisa importante para o país”.

De acordo com Valentim, “a grande maioria das pessoas atende com muita boa vontade”. Quanto à abordagem de pessoas, ele relata a existência de dois grupos. “O que tem medo de golpe e o que tenta forçar o tema político, o qual nós somos obrigados a evitar”, afirma.

Como nem tudo são flores, apesar de considerar o trabalho uma experiência positiva, ele tem reclamações em relação ao aparelho utilizado para a coleta dos dados. Valentim está a uma semana sem trabalhar devido a problemas técnicos com seu equipamento. “Ele está bloqueado desde quinta, então, eu não consigo acessar os dados dos questionários que eu já fiz. Outro problema é a bateria de curta duração, o que obriga a gente a emprestar ou comprar outra bateria”, afirma.

Em Ponta Grossa, cerca de 350 profissionais saíram de casa para realizar a pesquisa do Censo. “Nós estamos começando a escutar histórias de agentes que estão sendo assaltados”, relata Lucas que, apesar de estar coletando dados em uma região perto de sua casa, afirma ainda sentir medo.

Valores do trabalho

Antes de trabalhar como agente censitário, Gabriel Busato, de 23 anos, teve experiências somente na área do Jornalismo. Ele explica que a candidatura para a vaga veio a partir da vontade de criar o hábito de fazer concursos públicos. “Eu aprendo a lidar melhor com pessoas, trabalhar com supervisão de entrevistas. Foi uma grata surpresa entrar no processo seletivo e acabar passando em primeiro lugar”.

Busato reforça a importância de pesquisas como o Censo para o conhecimento das características sociais e econômicas do Brasil. “Ajuda a construir uma nova realidade e fornecer para os órgãos competentes pontos necessários para novas políticas públicas”, afirma.

Segundo o site do Censo 2022, os agentes censitários e recenseadores responsáveis pela realização das entrevistas e coletas de dados seguem a recomendação de trabalho por, no mínimo, 25 horas semanais, e os horários podem ser selecionados pelos próprios profissionais, para respeitar suas realidades.

O valor de remuneração depende do quanto é produzido, e varia, principalmente, a partir da quantidade de horas trabalhadas. O recenseador que escolhe trabalhar as 25 horas semanais mínimas no município de Ponta Grossa receberá, em um mês, aproximadamente R$ 1.900,00.

Censo de 2010

Pessoas que foram responsáveis pelas entrevistas em 2010, última vez em que o Censo foi realizado no Brasil, guardam memórias do trabalho. Gianne Manosso foi recenseador em Ipiranga, cidade vizinha de Ponta Grossa, como alternativa para conseguir renda após sair do emprego.

Ele afirma que, como Ipiranga é uma cidade pequena, a maioria das pessoas era muito acolhedora, o que fazia com que algumas das entrevistas tivessem horas de duração, entre histórias de vida e convites para refeições. “As pessoas querem que você tome café com elas, querem fazer desabafos, contar como está a situação financeira e falar sobre a história das famílias e das residências”.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Levi de Brito e Maria Helena Denck

Edição e Publicação: Cassiana Tozati

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Adicionar comentário

Registre-se no site, para que seus comentários sejam publicados imediatamente. Sem o registro, seus comentários precisarão ser aprovados pela administração do Periódico.