Registros de golpes virtuais aumentam em Ponta Grossa

Números de boletins de ocorrência de cibercrimes e fraude eletrônica já superam os de 2021

 

A Internet trouxe para a vida moderna uma facilidade na administração bancária. Hoje, não é preciso mais que um celular para pagar contas e fazer transferências, porém, isso não traz apenas vantagens. O dinheiro eletrônico dá origem a novas formas de golpes e estelionatos no campo virtual, e vem crescendo exponencialmente nos últimos anos.

Com o início da pandemia, os crimes virtuais no Brasil aumentaram mais de 300%, de acordo com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). No município de Ponta Grossa, o número de boletins de ocorrência de cibercrimes e fraudes eletrônicas deste ano já superam todas as ocorrências do ano anterior. Segundo relatório do Centro de Análise de Planejamento e Estatística (CAPE) houveram 223 registros em 2021, e 302 até o mês de julho de 2022.

O aumento de crimes virtuais e fraudes eletrônicas influenciou a criação da Lei nº 14.155, em 2021, que agrava a punibilidade dos crimes de violação de dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma eletrônica ou pela internet. A lei traz uma pena de reclusão de 4 a 8 anos se o crime for cometido por meio de redes sociais, contatos telefônicos, envio de correio eletrônico fraudulento ou qualquer outro meio análogo. Caso os crimes virtuais sejam praticados contra vulneráveis, a pena aumenta de um terço ao dobro. 

Cibercrime

Segundo a legislação brasileira, cibercrimes são delitos penais cometidos por meio digital ou que estejam envolvidos com a informação digital. Foi tipificado na lei 12.737/2012, que o conceitua, no art. 154-A como “invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”. 

As vítimas de golpes virtuais costumam ser pessoas idosas ou vulneráveis, que não têm intimidade com a tecnologia ou acreditam com facilidade nas formas de abordagem dos criminosos. A ação dos criminosos se aprimora a cada dia, tornando mais difícil a identificação e fazendo vítimas cada vez mais jovens.

Recentemente, várias pessoas foram vítimas de um golpe aplicado por um perfil no Instagram que vendia ingressos para o Arraiá de Agronomia, organizado pelos alunos do 5°ano do curso de agronomia da UEPG. Guilherme de Lima Bento, de 22 anos, foi um dos lesados. Ele relata que encontrou uma conta no Instagram vendendo os ingressos por R$75,00, porém, após a transferência do valor ser realizada, o perfil no Instagram foi deletado. Segundo Guilherme, várias pessoas foram vítimas da mesma situação, mas até agora o golpista não foi encontrado.

Eduardo Colman, pontagrossense de 41 anos, relata já ter sido vítima de golpes. "Eu entrei num site para comprar um celular, e depois de preencher as informações do cartão de crédito, recebi várias notificações de compras que eu não estava fazendo". Em outra situação ele diz ter recebido uma ligação de uma suposta operadora de telefone. Na ligação o golpista dizia que Eduardo havia ganhado uma quantidade de dinheiro, mas para receber esse dinheiro ele precisaria primeiro transferir o que estava na sua conta para a "conta da operadora". Eduardo conta que chegou a transferir cerca de R$90,00, mas percebeu que se tratava de um golpe antes de transferir o restante. "Na empolgação do momento, você acaba fazendo". Em ambas as situações foram registrados boletins de ocorrência.

Caso perceba que foi vítima de golpe, procure uma delegacia para registrar o boletim de ocorrência. Cartões de crédito e débito devem ser bloqueados, além de carteiras virtuais e demais serviços financeiros que possam ter sido expostos.

 

golpes virtuais

Foto: Mariana Gonçalves

Tipos de crimes

Existe uma variedade enorme de golpes sendo aplicados pelo celular. Os crimes podem sofrer variações e estão sujeitos à criatividade do golpista, mas apesar das inúmeras formas de abordagem, o intuito é roubar o dinheiro da vítima, de forma direta ou através do phishing, crime de enganar pessoas para que compartilhem informações confidenciais, como senhas e números de cartão de crédito. Entre as formas mais comuns de crimes virtuais estão: clonagem de cartão, réplicas de sites de compra, concursos e premiações fraudulentas e falsas mensagens do banco.

Clonagem de cartão: a clonagem de cartão se baseia no uso dos dados do cartão de crédito de terceiros para fazer compras ilícitas. Esses dados podem ser adquiridos de várias formas, até mesmo com a adulteração das máquinas de autoatendimento.

Falsas lojas virtuais: este golpe se configura pela criação de uma réplica que simula um site de compras, para roubar informações e desviar recursos da vítima. A forma mais simples de se identificar a autenticidade do site é pelo endereço da web, que vai ter alterações se comparado ao original. Também é válido observar o ícone de cadeado que aparece na frente do HTML do site, e representa um "site seguro" quando fechado.

Mensagem do banco: o golpe da mensagem do banco ocorre de forma simples. O estelionatário manda uma mensagem para a vítima se passando por determinado banco e pede informações pessoais, como nome completo, CPF, número da conta e senha. 

Concurso do Facebook: neste golpe os criminosos se passam por uma companhia aérea ou grande loja e lançam promoção na rede. Para participar do sorteio a pessoa deve informar vários dados pessoais, que depois serão utilizados em golpes. Também acontece através de premiações fraudulentas em sites piratas, com o recebimento de uma mensagem ou notificação onde a vítima é premiada, e para receber o prêmio precisa preencher um formulário com informações pessoais.

Vagas de emprego: outro golpe muito popular é o do falso emprego, que se aproveita da fragilidade de pessoas desempregadas para roubar os dados pessoais da vítima. O crime se inicia com a divulgação de uma vaga de emprego (falsa), nas redes sociais, onde o golpista oferece condições vantajosas e atrativas de trabalho. Após informar vários dados pessoais, as vítimas são direcionadas a pagar uma taxa por um "exame admissional".

Falso sequestro: O golpe do falso sequestro apesar de não tão comum quanto os outros, é um dos mais perturbadores, visto que exerce forte influência psicológica. O golpe ocorre por meio de uma ligação em que o bandido diz estar em posse de algum familiar da vítima, e em troca de devolvê-la em segurança, solicita uma quantia em dinheiro, geralmente via pix.

 

Ficha técnica:

Reportagem: João Paulo Fagundes

Edição e publicação: Mariana Gonçalves

Supervisão de produção: Cândida de Oliveira, Maurício Liesen e Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli

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