Apesar de oferecer alimentos básicos à população, o programa precisa de melhorias
Em parceria com o Programa Comida na Mesa, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa desde maio deste ano, o Mercado da Família sofreu algumas mudanças. Agora, famílias com renda de até cinco salários mínimos podem se cadastrar no Mercado e as compras acima de R$160,00 terão frete gratuito em até 24 horas após a compra, nas três unidades do mercado espalhadas pelo município. As alterações no projeto dão a oportunidade para que as pessoas mais vulneráveis socialmente possam fazer suas compras com preços mais acessíveis. O aumento deste limite salarial é um benefício, porém revela que o poder de compra de muitas famílias da cidade diminuiu, e em alguns casos, as famílias vivem na linha da fome e da pobreza.
Ao analisar esse cenário, a estudante de serviço social Luana Aparecida Lima, que já trabalhou com a assistência de pessoas vulneráveis, fala sobre a fome no município. Segundo Luana, algumas causas que explicam as medidas tomadas pelo poder público vêm em decorrência da pandemia. “A fome sempre existiu, mas foi agravada pela crise sanitária. As famílias aumentaram, as pessoas perderam os empregos e os preços de todos os produtos subiram”, explica.
Pelo Mercado da Família, as pessoas cadastradas realizam compras com preços até 30% mais baratos que nos mercados convencionais, o que resulta em mais economia para o usuário. Porém, mesmo com os preços mais acessíveis, o Mercado não garante variedade de marcas e muitos produtos que são essenciais para o consumo no dia a dia não são encontrados nas prateleiras.
O aposentado Carlos de Campos é cadastrado no benefício há 10 anos e fala sobre as dificuldades encontradas. “Os preços eram mais acessíveis antigamente, hoje já não é tão barato. Porém, ainda é o que fica mais em conta em comparação com os outros mercados”. Carlos ainda destaca que dependendo do dia não encontra alguns produtos. “É difícil de acontecer, mas já teve dias que fui comprar leite e não tinha mais”, ressalta.
Foto: José Tramontin
Panorama do mercado
Mesmo que o mercado atenda a uma parcela da população em estado de vulnerabilidade, não é uma medida estruturada de forma inteligente. Para Luana o mercado atende poucas pessoas e nem sempre faz um acompanhamento dessas famílias. Além disso, destaca que faltam outras ações que se articulem com o projeto para tirar as pessoas da insegurança alimentar. “O Mercado da Família é importante, porém outros auxílios precisam existir e abranger mais a população”, aponta.
Luana questiona a ineficiência de atendimento a outras necessidades básicas. Ela frisa que é comum que o poder público não reflita sobre os outros gastos que as pessoas precisam despender durante o mês. O auxílio citado por Luana, como vale-gás, existe, porém é muito restrito para a população, pois apenas famílias com uma renda muito baixa se beneficiam. “A pessoa pode ter o alimento, mas o que ela vai fazer se não tiver gás, energia ou água?”, aponta.
Serviço
Para realizar cadastro no Mercado da Família, é necessário ir até uma das três unidades e levar documentos de todos os integrantes da família, como RG, CPF, comprovante de residência e comprovante de renda. Caso não possua um comprovante de renda, este documento pode ser substituído por uma declaração de trabalho autônoma autenticada. As três unidades abrem de segunda a sexta-feira das 9h às 18h.
FICHA TÉCNICA
Reportagem: Kathleen Schenberger e Maria Eduarda Ribeiro
Edição e publicação: Ana Barbato e Mariana Gonçalves
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira