Pesquisa sofreu atraso de dois anos devido à pandemia
O Censo Demográfico, realizado a cada dez anos no Brasil, é um levantamento estatístico sobre a condição de vida da população. A pesquisa é feita através de questionários aplicados a todos que residem em território nacional e busca catalogar dados relacionados ao número de habitantes do Brasil, escolaridade, emprego, renda, saneamento, saúde, entre outros. Essas informações auxiliam na criação de políticas públicas de desenvolvimento social e na tomada de decisões de investimentos, da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo, além de dar um panorama quanto a realidade e situação no país.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela execução do Censo, a pesquisa é um das principais fontes de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.
O Censo, que teve sua última edição em 2010, deveria ter acontecido no ano de 2020, porém, por conta da pandemia e falta de recursos, foi adiado em dois anos. De acordo com o chefe da agência do IBGE em Ponta Grossa, Henry Mazer, 46, o grande problema gerado pelo adiamento diz respeito às políticas municipais, principalmente de assistência e desenvolvimento social, que padecem com dados desatualizados.
Outro problema apontado por Mazer é em relação ao tamanho dos questionários, que diminuíram devido a cortes no orçamento. “Essa diminuição aconteceu porque recebemos menos dinheiro para pagar os recenseadores, consequentemente os formulários precisaram ser mais curtos para dar tempo de coletar as respostas em todo o país no prazo estabelecido”, relata. Para este Censo, somente em Ponta Grossa, 200 recenseadores e 35 supervisores trabalham em busca dos dados locais.
Maria Ivete Emiliano Rosa, 59, respondeu o Censo e notou as mudanças nas questões durante a entrevista. “Achei que dessa vez as perguntas estavam mais simples e acho que por conta disso este Censo não será tão completo, como foi nos anos anteriores, e sabemos que isso afeta a população”, afirma Maria.
Em Ponta Grossa, 200 recenseadores e 35 supervisores trabalham em busca dos dados locais. | Foto: Google 'Street view'.
Resistência e desinformação
A agente censitária supervisora, Cristina da Silva, 55, conta que, neste ano, as pessoas estão muito relutantes em atender os recenseadores e responder o questionário. “Alegam que não serve de nada ou que é politicagem. A grande maioria da população não tem conhecimento da importância, até mesmo os jovens”, lamentou.
Cristina relata que a resistência em participar da contagem populacional independe da classe social e é motivada principalmente pela desconfiança do que será feito com as informações fornecidas. “A recusa existe e independe da condição econômica, mas estamos trabalhando com o objetivo de alcançar a meta dentro da expectativa populacional, e aí sim encerraremos este Censo”, aponta Cristina.
Em relação a confidencialidade do Censo, o chefe do escritório regional do IBGE destaca que o sigilo dos dados é absoluto. “Os dados divulgados dizem respeito somente a números regionais, nunca nunca de cada casa ou pessoa. Além do recenseador ninguém mais fica sabendo o que cada pessoa respondeu”, esclareceu.
Ficha técnica:
Reportagem: Ana Moraes
Edição e publicação: Tamires Limurci
Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli