Moradores das zonas rurais ficam de fora de projeto de lei

 

O PL 323/2022 se refere ao transporte público em PG, mas os distritos não foram contempladas com linhas de ônibus 

 

A Câmara Municipal de Vereadores discute o projeto de lei 323/2022, de autoria da prefeita Elizabeth Schmidt (PSD), que relata a nova concessão do transporte coletivo no município. Porém, as áreas rurais dos distritos Guaragi, Itaiacoca, Periquitos e Uvaia não foram novamente contempladas. Diante da nova medida, um grupo de moradores de Itaiacoca, distrito que fica a mais de 65 km do centro da cidade, organizou um movimento social ao final de outubro para reivindicar o direito da circulação do transporte coletivo nas zonas rurais. A ação contou com a presença de 200 residentes rurais em uma audiência pública realizada pela Câmara de Vereadores.

 

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Moradores da zona rural organizam movimento para reivindicar o direito ao transporte coletivo | Foto: André Luiz

 

A professora Marilei Ferreira, uma das organizadoras da manifestação, mora na região do Faxinal Sete Saltos de Baixo, comunidade de Itaiacoca que fica a 70 km de distância da área urbana da cidade, e explica a situação dos moradores do local para usarem o transporte coletivo. “Nosso distrito não faz parte do atual contrato da frota de ônibus de Ponta Grossa e, para nós irmos de Itaiacoca até o centro da cidade, precisávamos pagar R$ 20,00 em um ônibus de uma outra empresa de transportes que não atua mais na região”, relata.

 

Atualmente, não há qualquer empresa ou serviço que faça transporte público para o distrito. Somente em Itaiacoca, são 28 comunidades que fazem parte do distrito, como Biscaia e Passo do Pupo. “Como essas localidades são bem afastadas, diversos moradores acham mais viável se deslocar até Ponta Grossa para trabalhar ou estudar”, destaca Ferreira. Ela menciona que os principais afetados com a carência de transporte coletivo são os estudantes. “Muitos moradores daqui fazem graduação, principalmente na parte da noite, e como não conseguem morar na cidade, por ser muito caro, precisam gastar com carros de aplicativos para se locomover”, enfatiza.

 

Elizabeth Netto Costa Alves reside na região dos Serras, localidade de Itaiacoca, com o esposo e o irmão. A família possui um comércio em Ponta Grossa e o deslocamento é realizado diariamente. “Por sorte nós temos como ir e voltar, mas existem moradores que chegam a se deslocar 15 km a pé para conseguir carona”, completa Alves, que também participa ativamente das movimentações contra o projeto de lei. Ela ainda pontua que a empresa de transporte, que atuava na região, de natureza privada, interrompeu as atividades. “Eles alegaram que o acesso até as comunidades do distrito eram complicados e o valor de R$ 20,00, cobrado por passageiro, não supria os gastos com manutenção dos ônibus”, conclui.

 

Valdir Pedroso, morador do distrito de Guaragi, que fica a quase 30 km de distância do centro da cidade, também aderiu ao movimento. Ele destaca que, diferente de Itaiacoca, Guaragi possui linhas de ônibus que são atendidas pela Viação Campos Gerais (VCG). “O problema é que falta horário de ônibus, principalmente à noite, o que prejudica os universitários da região, pois o último ônibus que passa aqui chega às 20h”, revela. Além disso, segundo Pedroso, os moradores do distrito de Guaragi não têm acesso ao transporte coletivo aos finais de semana e feriados.

 

Reação da Câmara

Mesmo antes de entrar em vigor, foi anexada uma emenda aditiva ao projeto de lei solicitada pelo vereador Léo Farmacêutico (PV). Segundo o documento, a nova concessão de transportes coletivos de Ponta Grossa terá que atender também a população rural, com a disponibilização de linhas entre a zona urbana e a rural. Para o vereador, a população rural necessita deste serviço. “A interligação do transporte rural e urbano fará com que os moradores dos distritos consigam se locomover de forma digna”, relata. Segundo o vereador, o próximo passo é aguardar a aprovação do PL, visto que o atual contrato de transporte público chega ao fim em junho de 2023.

 

Tanto a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD) como o Departamento de Transporte de Ponta Grossa (SMIP), através da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), foram contatos pela reportagem para falarem soobre o processo de implementação e melhoria das linhas de transporte coletivos nos distritos da cidade. Porém, até o momento não se obteve retorno por parte de ambas as fontes. 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Leriany Barbosa

Edição e publicação: Cassiana Tozati

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronosky e Ricardo Tesseroli