Segundo relatos, a maioria dos assédios são feitos por instrutores homens
Malhar o corpo e manter a saúde em dia é importante. Porém, essa atividade que deveria ser prazerosa é sinônimo de desrespeito e violência para algumas mulheres. A reportagem entrou em contato com um universo de mulheres que frequentam academias e, das 30 mulheres consultadas, 20 delas relataram que sofreram algum tipo de violência por assédio. A consulta abrangeu mulheres de 18 a 40 anos de diferentes classes sociais e raça.
Questionário realizado pela reportagem identificou 20 vítimas de assédio entre 30 mulheres consultadas | Foto: Amanda Martins
Uma das mulheres consultadas, que preferiu não se identificar, conta que já sofreu assédio sexual duas vezes de um instrutor na academia em que frequenta. “Ele foi me ajudar a utilizar o aparelho, mas ficou me tocando em partes que não eram necessárias. Isso me constrangeu muito na hora”, revela. De forma frequente, quando o assédio ocorre, nem todas as mulheres denunciam por não se sentirem protegidas, como é o caso de Alice Magalhães. Ela se sentiu intimidada quando passou pela violência e buscou ajuda com o proprietário da academia, mas não houve nenhuma atitude por parte dele. “Eu estava fazendo agachamentos, foi quando um dos professores chegou por trás dizendo que iria me ajudar, e tocou os meus seios. Ao final, eu subi à sala do dono da academia para relatar o que ocorreu, mas o professor continua trabalhando lá”, afirma.
Para além do assédio, outra fonte foi vítima por ser negra. Durante a prática dos exercícios, o instrutor passava a mão nas costas dela. “Ouvia que meu corpo era escultural e muito bonito por ser negra”. Para evitar o constrangimento, ela solicitou o auxílio de instrutoras, mas o assediador permanecia na academia. “Quando ia ao banheiro, ele me seguia”. Mesmo com esses acontecimentos, ela não o denunciou por medo de que as perseguições aumentassem.
De acordo com o artigo 216 do Código Penal Brasileiro, cometer assédio sexual é crime, e a pena pode chegar a dois anos de prisão. Além disso, há canais de denúncias como o número 190. Em Ponta Grossa, além das delegacias convencionais, há também a Delegacia da Mulher, onde podem ser feitas denúncias e boletins de ocorrência.
Ficha Técnica:
Reportagem: Amanda Martins
Edição e publicação: Cassiana Tozati
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli