A iniciativa visa aumentar a população de abelhas e educar a comunidade sobre a importância da polinização
Poliniza PG é o nome da iniciativa municipal que dispõe sobre a criação, manejo e transporte de colméias de abelhas nativas sem ferrão para escolas do município e outras instituições educacionais. A lei 14320/2022 foi aprovada pela Câmara Municipal de Ponta Grossa em 2022. O projeto é ligado à Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e conta com o assessor Edson Maciel, que tem 8 anos de experiência na apicultura e é o responsável técnico pela efetivação e monitoramento das colméias instaladas no município.
As abelhas sem ferrão são cultivadas em caixas de madeira. | Foto: Luísa de Andrade
Uma derivação do Poliniza PG é o projeto Jardins de Mel, vinculado à Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa, que tem por objetivo a implantação de caixas de abelhas melíponas (sem ferrão) em escolas, CMEIs e instituições filantrópicas. Maciel explica que a Prefeitura dá o apoio necessário para os professores responsáveis pela ação. “A gente vai lá, conversa com os estudantes e com a equipe da escola. Damos esse apoio aos professores para repassar ensinamentos sobre as abelhas nativas sem ferrão, e a sua importância para o meio ambiente e para a polinização de árvores frutíferas e flores”.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Ponta Grossa, Izaltino Cordeiro dos Santos, destaca a importância da atividade de conscientização ambiental principalmente por ser direcionada aos alunos e às unidades de ensino do município. O objetivo principal do projeto é a educação ambiental, que começa nas escolas parceiras. Para o assessor Maciel, é fundamental que os educadores abracem a ideia e ajudem na consolidação do projeto em Ponta Grossa. “Hoje, o projeto tem uma aceitação de quase 100%” , comenta Edson. Atualmente os Jardins de Mel são desenvolvidos em 19 instituições, entre eles escolas, CMEIs municipais, a Universidade Estadual de Ponta Grossa e em algumas instituições filantrópicas como a Irmãos Cavanis e Aproaut.
A Escola Municipal Prefeito Engenheiro Eurico Batista Rosas foi uma das entidades que recentemente adotou o projeto Jardins de Mel. De acordo com a diretora da escola, Andréa de Fátima Kret Teixeira, a ideia de trazer o projeto para a unidade surgiu de uma professora da educação infantil, inspirada na implementação bem-sucedida dessa atividade em um CMEI da cidade. Para garantir a sua execução adequada, a escola conta com a supervisão e orientação de Maciel, a fim de desenvolver atividades educativas focadas no estudo das abelhas nativas, especificamente a espécie Mandaçaia, introduzida na instituição.
Andréa destaca que o projeto é uma oportunidade para promover conceitos de preservação ambiental e responsabilidade ecológica entre alunos e professores. "Este projeto será como uma sala de aula ao ar livre, em que os professores realizarão observações e atividades riquíssimas com seus alunos", afirma a diretora, enfatizando o impacto positivo da iniciativa na formação educativa.
Conscientização ambiental contra práticas nocivas
Ainda que o governo municipal esteja desenvolvendo práticas que visem a conscientização ambiental, o cenário não favorece a preservação das abelhas nativas e de outros animais. Guto Rotta é educador da área de Ciências Sociais e secretário da Associação dos Apicultores e Meliponicultores dos Campos Gerais. Ele afirma que existe negligência do legislativo referente a ações que visem efetivamente a preservação do meio ambiente da cidade. “A gente já teve até projeto de lei engavetado que era contra a plantação de árvores extremamente tóxicas às abelhas em Ponta Grossa, as espatódeas, populares bisnagueiras, árvores exóticas que vieram da África e que não matam apenas as abelhas, matam beija-flor, passarinhos e qualquer espécie de polinizador que chega na flor extremamente tóxica”, explica Rotta. Além disso, outra prática nociva adotada pelo governo municipal é o fumacê, utilizado para combater o mosquito da dengue. O método, que apresenta apenas 40% de eficácia no combate ao aedes aegypti, é mortal para as abelhas, conforme Rotta.
A preservação das abelhas nativas impacta diretamente o funcionamento da vida humana. Mais de 70% da alimentação humana em todo o mundo depende da polinização das abelhas. Essa atividade tem sido muito afetada pela monocultura, esterilização dos solos e por devastações. “O Brasil é um país continental, com diferentes biomas e todos dependem diretamente da abelha e da polinização. Mas, elas acabam sofrendo as consequências da falta de cuidado com o meio ambiente, porque onde teriam o seu alimento natural do bioma, este alimento foi completamente varrido pelo plantio da soja”, avalia o secretário.
Ficha Técnica:
Produção: Luísa de Andrade
Edição e Publicação: Loren Leuch e Vitória Schrederhof
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Kevin Furtado