As principais reclamações são relativas à deficiência na segurança e dificuldade de locomoção no período noturno

 

A Portaria nº 55/99 do Ministério da Saúde regulariza o atendimento de pacientes em Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Os serviços intermunicipais são de responsabilidade da Fundação Municipal da Saúde de Ponta Grossa (FMS/PG), que disponibiliza carros e ônibus (operados por empresa privada) para  transporte de moradores que necessitam de consultas, exames e procedimentos cirúrgicos em hospitais de Curitiba e Região Metropolitana. 

Os ônibus disponibilizados para este serviço saem de Ponta Grossa, de segunda a sexta-feira, em dois horários: às 04h e às 09h da manhã. Além do transporte intermunicipal, a FMS também se responsabiliza pelo pagamento de diárias de alimentação e, em casos específicos, pernoite para os pacientes e acompanhantes. Embora essencial, a iniciativa enfrenta problemas que impactam diretamente os usuários.

Um dos principais desafios é o deslocamento  dos pacientes que viajam às 04h, do trajeto de suas casas até a rodoviária nas primeiras horas da manhã. Sem transporte coletivo disponível, que não opera após a meia noite , muitos usuários, geralmente idosos ou pessoas debilitadas devido a problemas de saúde, precisam encontrar alternativas seguras e acessíveis para chegar ao local. 

Silvana Rodrigues de Oliveira utiliza o serviço de transporte há mais de seis anos e conta com o auxílio de um vizinho, que trabalha na rodoviária, para a locomoção. “Se não fosse por ele, a gente não saberia o que fazer. Talvez a gente viesse de ônibus até aqui, mas amanhecer na rodoviária não dá porque a gente tem medo”, explica. 

A Fundação Municipal da Saúde (FMS) oferece transporte, com carros e vans, aos pacientes, de suas residências até a rodoviária, e deve proporcionar mais comodidade e segurança aos usuários. Para utilizar esse serviço, os pacientes precisam ir até o Centro Municipal de Agendamentos da Saúde, onde realizam a solicitação e organizam o transporte de acordo com as suas necessidades. José Antônio Malkut da Silva, motorista da FMS, explica a rotina que leva ao buscar os pacientes nas suas residências. “Nós começamos a pegar as pessoas perto da 01h30 da manhã e chegamos na rodoviária às 03h30. Além de trazer até aqui [rodoviária de Ponta Grossa], nós motoristas também levamos, de carro ou van, as pessoas até as consultas nas outras cidades. Diariamente saem os dois ônibus da empresa fretada para o transporte e mais 9 carros”, conta. 

A segurança na rodoviária é outra preocupação constante.  O fluxo de moradores em situação de rua ou usuários de entorpecentes é frequente no local, o que gera um ambiente de insegurança para aqueles que aguardam a saída dos ônibus. Em agosto de 2023,  uma empresa de segurança privada foi contratada para monitorar a área. Silvana conta que antes desta contratação, o local era bastante inseguro, mas a presença das equipes de vigilância traz mais tranquilidade para os usuários da rodoviária. “Agora eu fico mais tranquila porque tem guardas, mas antes não tinha e dava medo das pessoas que ficavam encarando a gente”. 

Helena Kocicki depende do serviço para o transporte dos seus três filhos, que vão a consultas frequentes no Hospital de Olhos do Paraná, devido ao diagnóstico de doença genética que causa a perda total ou parcial da visão. Ela relata que, como vão até a rodoviária em quatro pessoas,  precisaram investir em um carro popular para a condução até o local. “Eu pago pequenas parcelas do carro que saem mais baratas do que se eu precisasse comprar passagem das empresas de ônibus até Curitiba quase toda a semana. Mas seria melhor se a [Fundação Municipal de] Saúde disponibilizasse mais carros de transporte até o ponto de embarque”, comenta.

Apesar dos problemas, Helena acredita que o sistema facilita o tratamento de saúde dos filhos. “Eu uso o ônibus há 24 anos, desde que eu descobri a condição do meu primeiro filho e ele precisou passar por vários exames e procedimentos cirúrgicos. Nos anos seguintes, meus outros filhos nasceram com outras deficiências e todos eles são acompanhados por médicos em Curitiba”, explica. 

A Fundação Municipal de Saúde, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), esclarece os procedimentos para a solicitação do transporte nos casos de Tratamento Fora do Domicílio.

Os usuários devem agendar o serviço no endereço do CAT na Rua Visconde de Taunay n°750 , apresentando os documentos de Pedido médico local e RG do paciente ou acompanhante. Os acompanhantes são permitidos para menores de 18 anos, idosos acima de 60 anos, deficientes físicos ou neurológicos incapacitantes, e mulheres pela Lei nº 14.737/2023.  Recomenda-se o comparecimento dos pacientes na rodoviária com 20 a 30 minutos de antecedência. Caso os pacientes ainda tenham problemas com a locomoção, deve enviar os documentos pelo e-mail: altaspontagrossa@gmail.com

LAURA URBANO PACIENTES COM MAIS DE 60 ANOS PODEM INDICAR UM ACOMPANHANTE NO TRANSPORTE

Os ônibus disponiveis para o serviço em Ponta Grossa operam de segunda a sexta-feira, das 04h e às 09h da manhã | Foto: Laura Urbano

Ficha Técnica

Produção: Laura Urbano

Edição e publicação: Ana Beatriz, Mariana Borba e Gabriel Ribeiro

Supervisão de produção: Carlos Souza 

Supervisão de publicação: Kevin William e Candida Oliveira

 

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