A cidade tem UTIs lotadas e o número de de casos e mortes aumenta a cada dia
Dados do Boletim Oficial da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa mostram que até o dia 16 de março de 2021, quando a pandemia completou um ano, foram confirmados 24.982 casos positivos e 499 mortes por Covid-19 na cidade. O documento informa que a faixa etária com o maior número de infectados é a de 21 a 40 anos.
Para a enfermeira Aline Freitas, esse grupo reúne as pessoas que menos se cuidam e que, mesmo com as restrições durante a pandemia, continuam saindo. “Elas se contaminam e, ao retornarem aos seus lares, contaminam familiares”. Segundo a médica infectologista Gabriela Gehring, são pessoas mais jovens que acreditam que estão imunes ao vírus e não correm risco de óbito.
Isso agrava um cenário em que mais de 95% dos leitos de UTI para tratamento de Covid-19 do Hospital Regional Universitário (HU) estão lotados. Situação que se mantém desde 18 de fevereiro de 2021 e reflete o aumento de contaminados pela doença em um ano desde que o primeiro caso foi registrado na cidade, em 21 de março de 2020.
Os primeiros sinais
No início, ninguém sabia ao certo como se comportar ou se prevenir. Para o médico Tiago Lopes Ceschini, um dos principais desafios foi lidar com uma doença desconhecida. "Era algo novo, assustador na verdade, sem estudo, sem entender como funcionava, sem entender como ocorria a transmissão, a facilidade das transmissões e a agressividade do vírus.” A ciência já esclareceu algumas dessas dúvidas, mas a crise sanitária persiste na falta de leitos, recursos hospitalares e outros problemas.
Administrativamente, várias medidas foram tomadas como proteção contra a proliferação da doença. Em 16 de março, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) suspendeu as atividades acadêmicas presenciais. No dia 23, foi a vez de Ponta Grossa determinar o fechamento das atividades comerciais por 15 dias. Em 3 de junho, a cidade começou a cumprir o decreto que impôs toque de recolher entre meia-noite e seis da manhã. No dia 9 de junho, Ponta Grossa registrou a primeira morte e, em 31 de agosto, pela primeira vez atingiu a lotação máxima de leitos de UTI-Covid no HU. Nos últimos 30 dias, a lotação tem se mantido próxima a 100%.
Casos da Covid-19 mês a mês
Desde o início de 2021, foi registrado um aumento significativo no número de casos da doença na cidade em relação a 2020. Foram confirmados 9.930 novos infectados só nos meses de janeiro e fevereiro, a maior média desde o início da pandemia.
O primeiro caso confirmado de Covid em Ponta Grossa foi no dia 21 de março do ano passado. Em abril, chegou ao décimo, em 31 de maio ao centésimo e em meados de julho ao milésimo caso. Pela primeira vez, em julho, Ponta Grossa registrou mais de mil infectados em um único mês. A partir de então, a média tem girado em torno de três mil casos por mês.
Números por bairro
A região de Uvaranas registra a maior quantidade de casos confirmados da doença desde o início da pandemia. Segundo dados da Secretaria de Saúde do município, até o dia 16 de março de 2021 já foram 3.432 pessoas contaminadas. A segunda região com maior incidência é a do bairro Contorno, com 2.402 confirmados. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses são os bairros que possuem o maior número de habitantes da cidade. O Centro, apesar de ser o 12º bairro mais populoso, é a terceira região que mais tem casos confirmados da Covid-19, com 1.559 pessoas contaminadas.
Óbitos pela Covid-19
Em março de 2021, Ponta Grossa alcança o maior número mensal de óbitos por Covid-19. Só na primeira quinzena do mês, foram registradas 111 mortes com média diária de 7,4, superior aos demais meses.
São quase 500 mortes ao longo de toda a pandemia, desde 9 de junho de 2020, data da primeira vítima fatal da doença no município. De acordo com os dados oficiais, a maior parte dos óbitos (88%) foi de pessoas com mais de 50 anos de idade e mais da metade do sexo masculino.
Vacinômetro
Ao longo deste ano de convívio com a pandemia a ciência avançou nos conhecimentos sobre a doença. Surgiram vacinas e, com elas, a esperança do retorno à normalidade. As primeiras doses a chegarem em Ponta Grossa, no dia 19 de janeiro, foram da vacina chinesa Coronavac. No mesmo dia, a enfermeira Terezinha Pelinski da Silveira foi a primeira ponta-grossense a ser vacinada. Depois vieram outras remessas, da alemã AstraZeneca e novamente da Coronavac, agora produzida no Brasil, pelo Instituto Butantã.
Ponta Grossa está na primeira fase da vacinação contra o coronavírus. Nesta etapa, estão sendo vacinados idosos, médicos e enfermeiros que trabalham em alas covid, seguidos de médicos e odontólogos de clínicas particulares. Também recebem a dose moradores, funcionários e cuidadores de instituições de longa permanência.
No mês de janeiro, a média diária de doses aplicadas foi de 500 vacinas. No começo de fevereiro diminuiu para 100 a 150 doses diárias, mas a partir da metade do mês, subiu novamente. Até o dia 16 de março, foram aplicadas 19.629 doses em Ponta Grossa. Ainda não há uma data exata para a imunização completa da população no município.
Ficha técnica:
Repórter: Éder Carlos; Evelyn Paes
Edição: Yasmin Orlowski
Supervisão: Rafael Kondlasch e Fernanda Cavassana
Publicação: Larissa Hofbauer