375 dias de Coronavírus: histórico da doença em Ponta Grossa

Número de casos e óbitos, velociodade de vacinação e transparência de dados durante a maior pandemia do século XXI no contexto municipal

Há 408 dias, o Coronavírus está presente no Brasil. Até 6 de abril de 2021, foram registrados 13.100.580 casos confirmados e 336.947 óbitos acumulados. Em março deste ano, um ano após a primeira morte por Covid (17/03/20), o país teve a maior média de mortes e o pior cenário da doença: aproximadamente 29% do número total de óbitos aconteceram no referente mês.

Em conjunto ao aumento de casos e óbitos em contexto nacional, estados e municípios avançaram da mesma maneira, apesar de suas particularidades próprias e tamanho do local. Além do monitoramento dos números, é necessário ter conhecimento da dimensão e desdobramentos de uma pandemia nas decisões governamentais e consequências à população. O histórico do Covid-19 em Ponta Grossa, apresentado a seguir, faz um apanhado de fatos que ocorreram na cidade, desde o primeiro caso registrado até o dia 31 de março de 2021.

O primeiro caso confirmado de Coronavírus, no município, foi em 21 de março de 2020, cerca de um mês após do início do contágio no país. 80 dias depois, em 9 de junho, o primeiro óbito foi confirmado pela Fundação Municipal da Saúde (FMS). Os dados foram coletados a partir do Boletim Municipal Oficial, desenvolvido pela FMS, divulgados diariamente desde 4 de maio de 2020 no site da Prefeitura.

Ocupação dos leitos

Os boletins apresentam, além de informações de casos e óbitos, a situação nos leitos de Ponta Grossa; enfermarias e UTI adulto do SUS e redes privadas; “enfermaria COVID.19” e “UTI adulto COVID.19” no Hospital Universitário Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, o HU-UEPG. Esses dados começam a ser integrados de maneira explícita no Boletim no dia 18 de maio, inicialmente com 655 e 86 leitos ao total nas enfermarias e UTI ADULTO do SUS e redes privadas, respectivamente. Os leitos do HU somam 35.

A partir de 24 de julho, o formato de demonstração dos dados mudou e os leitos ocupados no SUS e Privado não remetem apenas a casos confirmados ou suspeitos de Covid, mas também de outras doenças. No dia 25, é a primeira vez que a ocupação da UTI adulto do HU fica em 100% desde o início do contágio na cidade. Menos de dois meses depois, em 2 de setembro, é a primeira vez que a ocupação das duas alas COVID.19 do HU ficam em 100% simultaneamente. No ano seguinte, em 29 de março, três alas ao mesmo tempo tiveram todos os leitos ocupados: UTI adulto SUS e privado, enfermaria e UTI adulto do HU. De acordo com o levantamento realizado, a ocupação integral dos leitos em dias foram: UTI adulto SUS e privado: 32 de 322 dias; Enfermaria HU-UEPG: 19 de 332 dias; UTI adulto HU- UEPG: 54 de 322 dias – vale ressaltar novamente a ausência de dados em 25 dias do período analisado entre 4 de maio e 31 de março de 2021.

Em relação à mudança na quantidade de leitos, houve uma grande variação principalmente nas enfermarias do SUS e privadas. Em 90 boletins, o número variou entre 205 e 687, o que gera uma certa instabilidade no acompanhamento da ocupação. A UTI adulto oscilou entre 47 e 95 leitos ao todo em 80 boletins. Em contrapartida, a quantidade de leitos das duas alas do HU, em sua maioria, aumentou progressivamente, iniciando em maio com 25 e 10 e terminando março com 64 e 60 na enfermaria e UTI adulto, respectivamente.

Decretos municipais


Diariamente é publicado o Diário Oficial no site da Prefeitura, documento que apresenta os atos do Poder Municipal e decisões tomadas na Câmara dos Vereadores e pela própria Prefeitura. Durante os meses analisados (março de 2020 a março de 2021), houve 62 decretos relacionados a medidas da cidade diante do Coronavírus. Horário de circulação em vias públicas, funcionamento de comércio, atividades físicas coletivas, máximo de pessoas em reuniões/encontros, medidas de combate ao vírus, ampliação da quarentena, entre outros, são exemplos das medidas mais encontradas nos decretos. É a partir disso que o funcionamento da cidade e controle e avanço da doença é monitorado.

A primeira ordem registrada como medida de distanciamento social e tentativa de diminuir a circulação de pessoas foi em 16 de março de 2020, um dia antes da primeira morte confirmada no Brasil. O decreto nº 17.077 teve como premissa aplicar “restrições e orientações para a realização de atividades no Município, visando diminuir o risco de contágio do vírus Covid-19, conhecido como Coronavírus”. Os meses com mais decretos amplos – isto é, direcionados ao público em geral, não apenas a um específico, como pessoas com deficiência – foram março e agosto de 2020.


Março de 2021: mês mais letal


Tanto pelo aspecto nacional como municipal, o mês de março deste ano teve mais registros de casos, óbitos e leitos ocupados. O total de casos novos foi de 8.944 e 262 óbitos, cerca de 28% e 40% ao comparar os números do período de 375 dias. A média móvel de mortes por Covid chega a oito, ou seja, quase oito pessoas morreram por dia. Em três dias do mês, houveram recordes de óbitos acumulados: no dia 3 de março, a cidade atingiu 401 mortes; duas semanas depois, no dia 17, 512 mortes; no final do mês, no dia 26, 600 vítimas. Durante todo o mês, os leitos da UTI adulto do SUS e privado ficaram lotados. Em 26 dos 31 dias, a ala Covid da UTI adulto do HU se encontrou na mesma situação. Apesar do aumento de mais 20 leitos no dia 20, o cenário continuou o mesmo.


Ritmo da vacinação


Em 18 de janeiro deste ano, a Prefeitura recebeu mais uma leva de equipamentos para o começo da vacinação contra a Covid. Os insumos variam entre luvas, seringas e máscaras. No dia anterior, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial da vacina Coronavac no território brasileiro.
Na terça-feira, 19, as 3.851 doses chegaram à cidade, o que dá início à vacinação. A quantidade recebida pelo Paraná à princípio – equivalente à 265.600 doses – foi definida pelo Ministério da Saúde e dividida em dois lotes de 132.540: um para a 1ª dose e outro para a 2ª, (intervalo de três semanas após a primeira aplicação). O Ministério da Saúde destinou cerca de 5,2% do total de doses do país (5.087.360) e 35,6% da distribuição na região Sul (681.120). Já as doses encaminhadas a cada município e os grupos prioritários foram estabelecidas a partir do Plano de Vacinação contra o Covid-19 desenvolvido e divulgado pela Sesa.
Assim como o objetivo do Boletim Municipal é divulgar o balanço da doença na cidade, a Prefeitura lançou o “Vacinômetro” para informar a quantidade de doses aplicadas em cada público prioritário, os quais são: Idosos com 60 anos ou mais residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), Pessoas com deficiência em residência inclusiva, Indígenas em terras indígenas aldeadas, Trabalhadores de Serviços de Saúde, pessoas de 80 a 84, 85 a 89 e 90 anos ou mais. O documento é atualizado diariamente e disponível na página principal da Prefeitura, e utilizam o Sistema de Gerenciamento de Doses Aplicadas de Vacina contra COVID19 – NII/SESA como fonte.

De acordo com esses dados, foram aplicadas, entre 19 de janeiro e 31 de março, 39.254 doses, incluindo 1ª e 2ª doses. A estimativa é de 7.600 pessoas imunizadas em um município de 355.336 habitantes – população segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É importante ressaltar que, apesar da vacinação ser iniciada em 19 de janeiro, os números só foram divulgados no Vacinômetro a partir de 3 de fevereiro, explicando o salto inicial de doses aplicadas – 4.160. Além disso, no período de 71 dias, 13 não houveram aplicação da vacina. O gráfico a seguir revela a quantidade de doses aplicadas por dia.

 

ritmo da vacina editado

 

Divergência de números entre a FMS e a SESA


Desde maio, a FMS, por meio da Prefeitura, divulga boletins diários dos números da Covid na cidade, reportando o contexto local. Já a Secretaria de Saúde do Paraná (SESA) divulga em âmbito estadual, também os números de cada município no Informe Epidemiológico diário. Contudo, ao comparar ambas as fontes de informações de Ponta Grossa, os dados se diferenciam. No dia 31 de março de 2021, o Sesa contabilizou 27.660 casos acumulados e 582 óbitos acumulados. Em contrapartida, a FMS registrou 31.502 casos e 644 óbitos. A diferença é de 3.842 casos e 62 óbitos.

A transparência de dados em contexto de pandemia é extremamente necessária. Contabilizar casos, óbitos e vacinas aplicadas dão a dimensão da realidade local da doença, quais medidas tomar, o grau de seriedade, os cuidados a serem cuidados e como tentar controlar da melhor maneira possível um estado de calamidade pública. Esses dados tratam de vidas perdidas e monitoramento de uma doença que se agrava globalmente e milhares de pessoas são afetadas. Além disso, são informações públicas e disponíveis para todos através de fontes oficiais que representam entidades de saúde.

Ausência do Boletim em 11 dias


Durante o ano de 2020, a Prefeitura deixou de publicar o Boletim Municipal Oficial nos dias 6 e 22 de julho, 20 e 24 de outubro, 28 e 29 de novembro, 7, 12, 23 e 27 de dezembro. O que totaliza, 10 dias sem tornar público os números da doença na cidade. Em 2021 foram 90 boletins – até 31 de março. Entretanto, na data de 25 de janeiro não houve divulgação de dados, assim como no ano anterior. Há uma página destinada a direcionar o internauta diretamente ao documento do boletim de um dia específico. Porém, está incompleta. 107 datas estão faltando na lista.

Histórico dos 375 dias de Covid em Ponta Grossa


O infográfico a seguir revela o número de casos registrados por dia desde o início da divulgação dos boletins pela Fundação Municipal da Saúde (4 de maio de 2020), em que cada barra representa um dia e a proporção da quantidade. É possível perceber a evolução de casos confirmados a cada mês no município, principalmente em 2021. Também, ao lado indicado por uma flecha, contém algum fato que ocorreu no determinado dia, como o uso obrigatório de máscara em vias públicas, seguido dos dados de casos e óbitos acumulados. A faixa em azul na esquerda ao lado das datas representam o ano de 2020, e a verde, 2021.

 

infográfico histórico editado

 

Ficha Técnica: 

Repórter: Denise Martins

Infográfico: Denise Martins

Edição: Emanuelle Salatini

Publicação: Vítor Almeida

Supervisão: Vinicius Biazotti