Pacientes passaram de 5,7 mil em 2019 para 6,8 mil somente nos primeiros seis meses deste ano
Além das mortes que ultrapassam 550 mil, a pandemia de covid-19 afeta a saúde mental. Em Ponta Grossa, por exemplo, houve aumento na procura de atendimento para casos de ansiedade. Segundo dados da Prefeitura, considerando Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centro Psicossocial (CAPS), em 2019 o total de pacientes atendidos foi de 5.766; em 2020, subiu para 6.447; neste ano, até julho, atingiu 6.858.
O estudante Rafael Bahls enfrenta o problema. Ele trancou seu curso da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) no ano passado depois de sentir que as crises de ansiedade se intensificaram durante a pandemia. Bahls aumentou as consultas com a psicóloga e aumentou a prática de exercícios físicos, o que vem melhorando seu quadro de ansiedade.
Psicólogas
A psicóloga Heloisa Christina Mehl diz que o aumento da ansiedade na pandemia se deve à perda da rotina, de emprego, diminuição da renda, ao isolamento social, novas formas de estudo e de trabalho. Ela lista ainda a circulação de notícias falsas e as frequentes notícias de mortes, inclusive de pessoas próximas, como familiares.
Para Heloisa, o lockdown é um mal necessário, apesar de videochamadas e plataformas para aulas e serviços atenuarem o distanciamento. “Mas, infelizmente, não são todas as pessoas que tiveram acesso a essas ferramentas, tendo suas vidas afetadas no âmbito financeiro, educacional ou profissional, o que certamente aumenta os índices de ansiedade”, pontua.
Heloisa percebeu aumento no número de pacientes, cuja maior faixa etária são jovens adultos, que estão na universidade. “Os maiores fatores de ansiedade foram a mudança de rotina, novas formas de estudo e aulas, incerteza financeira e quanto ao futuro, além de perdas de conhecidos e familiares, devido à covid”, completa.
A psicóloga Fabiana Nunes Jacontho aponta o lockdown como um dos principais motivadores para o aumento de crises de ansiedade, pois podem surgir sentimentos de impotência nas pessoas.
Estudos
O aumento da ansiedade não acontece só em Ponta Grossa e no Paraná. No Rio Grande do Sul, por exemplo, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre maio e junho deste ano mostra que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia de coronavírus. Os pesquisadores ouviram 1.996 pessoas maiores de 18 anos.
Outra pesquisa, realizada pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, em março deste ano, mostra que o Brasil, comparado a outras dez nações, é líder em casos de ansiedade e depressão durante o período pandêmico.
Ficha Técnica
Reportagem: Yasmin Orlowski
Edição e Revisão: Gabriel Clarindo Neto
Publicação: Gabriel Clarindo Neto
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen