No primeiro semestre deste ano, prefeitura gastou R$ 5,9 milhões; semestre anterior foram R$ 7,5 milhões.
Foto: Vinicius Sampaio
O investimento da prefeitura de Ponta Grossa para combater a pandemia diminuiu 21% no primeiro semestre deste ano em comparação com o segundo semestre do ano passado.
De acordo com dados publicados no Portal de Transparência, entre julho e dezembro de 2020 foram empenhados R$ 7.566.547,14. Entre janeiro e junho de 2021, foram destinados R$ 5.931.282, 72.
Seringas, kit nebulização, máscaras cirúrgicas, contratos para fornecimento de oxigênio, álcool em gel e medicamentos são alguns dos principais itens presentes na lista de gastos da prefeitura durante o primeiro semestre.
A redução nos investimentos acontece em um momento em que a pandemia cresce em Ponto Grossa. Em março de 2021, o município registrou 8794 casos e 256 mortes. Foi o pior resultado desde o início da pandemia. Em abril, houve uma queda no índice de novos casos confirmados, mas em maio (4628 casos) e junho (6134 casos) as estatísticas voltaram a aumentar.
Testagem
Para Isaías Cantoia, especialista em saúde pública, o município deveria investir em testagem em massa e na compra de oxímetros para controlar a pandemia: “Aumentar a testagem é muito importante para que haja o controle da transmissão do vírus e de novas variantes entre a população’’, afirma.
Segundo o especialista, o oxímetro evitaria que pacientes procurassem o serviço de saúde quando os pulmões já estivessem comprometidos pela doença, evitando possíveis óbitos: “O equipamento poderia ser disponibilizado aos pacientes para o acompanhamento em domicílio, para que, caso haja agravamento, o paciente procure o sistema de saúde. Haveria a devolução do equipamento assim que recebesse alta’’, explica.
O epidemiologista Péricles Martim vê a queda nos investimentos como algo normal: “Em primeiro momento, a adequação, ampliação e compra de equipamentos hospitalares faz com que os gastos sejam maiores com a infraestrutura’’, diz. Ele afirma que após isto, os gastos tendem a ser menores: ‘’O investimento que é destinado à manutenção, materiais médicos hospitalares e medicamentos tende a ser menor do que os gastos com a infraestrutura’’, diz Péricles.
Prefeitura
A Prefeitura de Ponta Grossa informou em nota que a redução de 21% nos gastos ocorreu pois no mês de janeiro não houve valor aplicado, devido à transição de governos, entre o ex-prefeito Marcelo Rangel (PPS) e a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD).
A administração municipal não especificou valores a serem direcionados à Covid-19 durante o segundo semestre de 2021. Informou apenas que os valores investidos neste ano também englobam a manutenção da UPA Santa Paula e de Unidades de Saúde do município.
A UPA Santa Paula notificou falta de insumos, como medicamentos, respiradores e leitos para atender pacientes com Covid-19, durante os meses de maio e junho deste ano. A reportagem entrou em contato com a UPA para questionar se ainda há falta de insumos e superlotação de leitos, mas a unidade apenas informou que, após a restrição de atendimento a casos considerados moderados e graves da Covid-19, a UPA Santa Paula voltou a atender todos os pacientes com problemas respiratórios a partir do dia 9 de julho.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha Técnica
Repórter: Vinicius Sampaio
Editor de Texto: Sabrina K. da Luz
Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral
Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen