Doença atinge mais de 30 mil brasileiros por ano; no Paraná são cerca de 2 mil


No calendário de campanhas que usam cores para incentivar o tratamento de doenças, julho aparece como o mês que busca conscientizar sobre a hepatite viral, doença que atinge cerca de 33 mil brasileiros por ano. O Julho Amarelo existe desde 2019, por meio da Lei Federal nº 13.802. A campanha se intensifica em 28 de julho, Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais.


A hepatite viral é uma inflamação das células do fígado causada por vírus, que podem gerar alterações leves, moderadas ou graves. A doença é dividida em cinco variações: A, B, C, D e E. No Brasil, as categorias mais comuns são os vírus A, B e C.


O hepatologista Rafael Ximenes diz que a principal dificuldade para identificar a doença é a demora na manifestação de sintomas. Quando eles surgem, são acompanhados por outros problemas de saúde. "As hepatites são doenças silenciosas. Podem não gerar sintomas. Os pacientes demoram a procurar assistência médica, e quando procuram, muitas vezes os casos já são graves.”


O médico afirma que, mesmo sendo menos comum, quando manifestados na fase aguda os sintomas costumam ser febre, náuseas, desconforto e fraqueza. Em alguns casos o paciente pode apresentar os olhos e a pele amarelados (icterícia).


De acordo com o hepatologista, após a fase aguda o paciente pode ficar sem sintomas durante anos e até mesmo desenvolver cirrose ou câncer no fígado. “No caso de avanços para demais doenças, podem surgir outros sintomas, como o acúmulo de água na barriga (ascite), vômitos com sangue, devido ao sangramento de veias dilatadas no estômago, e confusão mental (encefalopatia hepática)”, acrescenta.


Segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em 2020, nos últimos 20 anos foram notificadas 673.389 pessoas com hepatites virais no país, o que corresponde a cerca de 33.669 portadores dos vírus por ano. No Paraná, de acordo com o documento, durante os anos de 1999 e 2019 o Estado notificou 12.228 quadros de hepatite A, 29.860 de hepatite B, 12.871 de hepatite C e 116 de hepatite D.

 

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Infografia: Victória Sellares

 

Paciente
O representante comercial Erick Hireman, que foi infectado pelo vírus da hepatite A na infância, relata que, por não existir um tratamento específico para a doença, ele realizava exames com frequência para acompanhar o quadro de infecção. Segundo Hireman, durante os dois meses de recuperação, foi necessário o repouso quase absoluto devido aos sintomas. “Precisava realizar exames de sangue a cada dois dias e seguir as recomendações médicas. Devido ao cansaço e enjoo, adaptei a minha alimentação para hábitos mais saudáveis, além de passar o dia em descanso”, conta. Hoje ele afirma não sofrer com nenhuma sequela da infecção, podendo levar uma vida normal, sem precisar de acompanhamento médico.

 

Testes
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes para diagnósticos das hepatites de duas formas: exames laboratoriais e testes rápidos. A vacinação, também ofertada pelo SUS, está disponível contra os vírus A e B.
No caso de tratamentos, para a hepatite A recomenda-se repouso e cuidados com a alimentação. Em quadros de hepatite C, a intervenção é feita com antivirais de ação direta (DAA) durante 8 ou 12 semanas. As hepatites B e D não possuem cura, mas o tratamento com medicamentos específicos pode reduzir o risco de progressão e complicações.

  

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre.

 

Ficha técnica

Repórter: Victória Sellares

Editora de texto: Carlos Solek

Publicação: Leonardo Ribeiro

Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Muriel Emidio e Rafael Kondlatsch

Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

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