Principal motivo para a queda foi a pandemia, segundo o Hemepar
As doações de sangue em Ponta Grossa durante a pandemia caíram 50%, segundo o Hemepar da cidade. Isso prejudica pacientes de tratamentos contínuos, como é o caso dos portadores de talassemia (uma forma de anemia crônica, de origem genética) e de alguns tipos de câncer, como leucemias e linfomas. Além disso, pessoas com quadros de tromboses venosas e arteriais, doenças hemorrágicas e hemoglobinopatias precisam, de maneira contínua, de uma quantidade significativa de sangue.
Danielle Chiarello Oberg da Cruz, técnica administrativa do Hemepar de Ponta Grossa, diz que o estoque do banco de sangue se encontra em estado crítico por causa da queda das doações. "Estamos contando com doadores de repetição, aqueles doadores que ligamos para que venham doar." Danielle explica que o Hemepar de Ponta Grossa tinha uma média de 30% de doadores de primeira doação e que esse número caiu para 5% depois da pandemia. "Aqueles que não conhecem o serviço não estão vindo", conclui.
Crédito: Maria Fernanda de Lima
Doadores
Apesar da baixa procura, doadores como Hevelyn Villalba Santos continuam comparecendo aos hemocentros. Hevelyn conta que a inspiração para a atitude veio de seu pai, que foi doador assíduo dos 18 aos 50 anos. Para ela, a importância de doar está em retribuir a saúde que Deus lhe deu. "Uma bolsa de sangue pode ajudar até quatro pessoas, e isso é incrível!".
Hevelyn, que doa de uma a duas vezes por ano, afirma que mesmo com a pandemia se sente segura. "O ambiente no Hemepar é limpo, a doação é feita por agendamento, assim não tem filas nem aglomeração. Os materiais usados são todos lacrados, abertos na nossa frente. É tudo muito higienizado e sempre foi assim", explica.
O que levou Maria Helena Denck Almeida para as salas de doação foram as campanhas espalhadas pela cidade. "Quando comecei a doar sangue foi para ajudar as pessoas, já que sempre via na cidade recados avisando o quanto era necessário, e o quanto algumas pessoas estavam precisando de doações para sobreviver."
Maria Helena, que doa pelo menos uma vez por ano desde que começou, compartilha da opinião de Hevelyn sobre a segurança em doar em meio à pandemia. "No local onde retiramos o sangue, podia entrar apenas uma pessoa por vez. O lanche foi mais rápido que o normal para evitar contato sem máscara. Me senti muito segura", conclui.
Além de contribuir com tratamentos contínuos, a doação de sangue ou plasma de pacientes que se recuperaram da Covid-19 é um dos recursos utilizados no tratamento da doença. Até o momento, o Paraná registra mais de 10 mil transfusões de sangue, sendo 3 mil aplicadas em pacientes de Covid-19, que apresentaram melhora em 65% dos casos, segundo a Divisão de Hemoterapia do Hemepar.
Serviço
As doações de plasma podem ser feitas de maneira convencional, por meio da doação de sangue. Nesse processo, o sangue é centrifugado para separar o plasma de outros componentes. Outra forma disponível é a retirada apenas do plasma convalescente (hiperimune) do doador. A coleta de sangue pode ser feita em qualquer unidade da Hemorrede no Paraná. Já a coleta do plasma, nas doações por aférese, é feita apenas em Curitiba.
Para evitar aglomerações, o Hemepar pede que as doações de sangue sejam agendadas pelo site da Secretaria de Saúde do Paraná, ou pelo telefone (42) 3223-1616. Para doar, a pessoa deve ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 51 quilos e estar em boas condições de saúde. Entre os protocolos de segurança adotados pelo Hemepar estão o agendamento, a recepção de apenas seis pessoas a cada meia hora, higienização dos espaços comuns e a utilização de álcool gel 70%, além dos equipamentos de proteção individual utilizados pelos profissionais do atendimento.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha técnica
Repórter: Mariana Gonçalves
Editor de texto: Carolina Olegário
Publicação: Yasmin Orlowski
Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral.
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen