Preferência por consultas via internet se justifica por medo de contágio
Devido ao isolamento social, grande parte da sociedade perdeu vínculos afetivos e proximidade física. Os possíveis impactos emocionais gerados no contexto de distanciamento tornaram o atendimento psicológico fundamental e os consultórios e clínicas de psicoterapia registraram aumento na procura. Além do atendimento presencial, os profissionais da área passaram a atender com maior frequência no formato online.
O psicólogo Derek Kupski, que já trabalhava com o modelo online, salienta que o avanço dos casos da covid-19 levaram os pacientes a ficarem com receio do deslocamento até a clínica. Por isso, a procura pelo atendimento online cresceu. ‘’Eu noto um desgaste maior para manter a concentração do paciente, já que os estímulos ficam restritos ao que se escuta e vê na tela, mas nada que comprometa a eficácia’’. Derek afirma que a busca pela psicoterapia online aumentou 250% em seu consultório. Mas, desde agosto, os números estabilizaram.
Foto: Isadora Ricardo
A psicóloga Letícia Madureira acredita que um dos principais motivos para o aumento na procura é a necessidade de aprender a lidar com situações e emoções que antes não eram tão frequentes, como luto e transtornos psicológicos.
Pela superlotação na agenda da psicóloga, casos de urgência, como os de pessoas com pensamentos suicidas ou ansiedade em graus elevados, estão sendo encaminhados para outros colegas de profissão.
Iniciativas
A crise financeira no período da pandemia dificultou o acesso a serviços psicológicos e psiquiátricos. Porém, existem projetos que oferecem atendimento gratuito, como o Ambulatório de Saúde Integrativa, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Através do Projeto Inspire, são realizadas rodas de terapia comunitária online, gratuitas e abertas para a comunidade. Desde junho de 2021, o Ambulatório, que tem parceria com o Centro de Valorização à Vida (CVV), recebeu 2500 inscrições.
Para atendimentos psicológicos individuais, há duas psicólogas contratadas para prestar acompanhamento à comunidade. A coordenadora do ambulatório, Milene Zanoni, destaca que as demandas de saúde mental eram amplas antes da pandemia, mas que se estenderam devido à crise. “A ideia do ambulatório é gerar autonomia, promover autoconhecimento e trabalhar com o autocuidado’’, explica.
Atenção: Caso você tenha algum incômodo com os relatos apresentados nesta matéria e precise de apoio emocional, ligue 188 ou acesse o site do Centro de Valorização da Vida.
Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Ficha Técnica:
Repórter: Isadora Ricardo
Edição: Bettina Guarienti e Leriany Barbosa
Publicação: Maria Eduarda Eurich
Supervisão: Cândida de Oliveira, Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi e Mauricio Liesen