Por causa da pandemia, o Paraná teve o menor índice de nascimentos desde 2002

 

Ao contrário das especulações de um possível baby boom como resultado do isolamento social, os índices de natalidade no país apresentam queda durante o período pandêmico. De acordo com os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, as taxas de natalidade brasileiras atingiram, em 2020, o menor número em comparação aos últimos 27 anos. 

Segundo a ginecologista e obstetra Maria Tereza Blum, esta drástica redução na quantidade de nascimentos tem sido uma das consequências do aumento de divórcios ocorridos durante o período de pandemia. Segundo informações do Portal da Transparência do Registro Civil, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, a quantidade de registros de nascimentos caiu 24% em comparação ao mesmo período em 2020, equivalente a 106,6 mil pessoas. 

 

Natalidade paranaense em queda

Segundo o Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen), o estado apontou um dos menores índices de registros de nascimentos realizados em janeiro, desde 2002. Nesse mesmo mês, ocorreram 12.232 nascimentos no estado, 9,66% menor que no ano passado. Esse levantamento é feito com base nos registros de nascimentos realizados em 519 Cartórios de Registro Civil.

Maria Tereza Blum destaca que houve uma grande queda na procura de consultas obstétricas, desde o começo da pandemia, principalmente, a partir do final de 2020, por conta da população em geral não ter noção da magnitude que a crise causada pelo Coronavírus tomaria. “Houve uma queda muito grande, não no desejo da gravidez, mas na coragem de uma gestação”, salientou a médica.

Além disso, diante de um cenário de incertezas, ela ressalta outros fatores que influenciam na diminuição das gestações e na impulsão do uso de métodos contraceptivos durante o período pandêmico. “Pessoas que não viam problema de engravidar passaram a se preocupar mais com as chances de gravidez. E, não só pelo risco de contrair o COVID ou do bebê ter alguma má-formação, mas pelo risco de perder o emprego, por questões financeiras, não somente de saúde”.

 

Mulher guardando uso de pelúcia na gaveta. Foto Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Mulher organizando quarto do bebê | Foto: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

 

A queda da natalidade pelo mundo

De acordo com o estudo italiano The COVID-19 pandemic and human fertility (A pandemia de covid-19 e a fertilidade humana), publicado na revista Science, existe a previsão de uma redução drástica das taxas de natalidade no mundo pós-pandemia, como resultado dos impactos causados pelo Novo Coronavírus. 

Nove meses após o início da pandemia, em 2020, países como Japão, França e Bélgica pertenciam ao grupo de nações que relataram quedas drásticas dos nascimentos. E países como a França registraram maiores quedas de natalidade de 2020 para 2021.

Nos EUA, o Think Tank Brookings Institution estimou, que em dezembro do ano passado, nasceriam 300 mil bebês a menos em 2021. Diante desses índices, o jornal americano Wall Street Journal, apresentou como uma tendência global a queda da natalidade por conta da crise sanitária e econômica estabelecida na atualidade.

 

Ficha Técnica

Repórter: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Edição e Publicação: Ana Paula Almeida

Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen