Voltado para a conscientização das mulheres sobre o câncer de colo uterino, o mês de março veste lilás para informar sobre a doença

 

O mês de março é responsável por voltar os olhares para o público feminino de modo geral. No Brasil, além de marcar o calendário com o Dia Internacional da Mulher, acontece a campanha Março Lilás, dirigida à difusão de informações sobre a conscientização da prevenção e detecção do câncer de colo de útero. De acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), este é o quarto tipo de câncer que mais mata mulheres no país. 

Segundo informações divulgadas pelo INCA, o câncer cervical, como também é chamado, é causado pela infecção persistente de alguns tipos oncogênicos do Papilomavírus Humano - HPV. Dessa forma, de acordo com o cirurgião oncológico Ricardo Restivo, o risco de desenvolvimento da doença surge a partir do início da vida sexual, quando é possível ocorrer a primeira contaminação pelo vírus HPV. O médico expõe que a evolução de células anormais na parte estreita do útero são indícios para o diagnóstico do câncer, entretanto, ele afirma que a contaminação do vírus não seja um fator determinante para o consequente desenvolvimento da doença.

A campanha do Março Lilás traz como um de seus enfoques principais o reforço da prevenção do câncer de colo de útero. De acordo com dados do INCA, este é o terceiro tumor maligno que mais afeta a população feminina. A campanha está relacionada à difusão de informações a fim de conscientizar as mulheres para a realização de exames preventivos anuais, conhecido como Papanicolau,  além da vacinação de jovens entre 9 a 14 anos e a utilização de preservativos durante as relações sexuais.

Após ser diagnosticada e vencer o câncer, Carine Barth, conta sobre suas dificuldades em encontrar informações confiáveis e sem preconceito nas redes sociais relacionadas com a doença. Nesse contexto, ela afirma que isso a motivou a criar o perfil ONG Câncer de Colo de Útero, um espaço seguro e acolhedor para as mulheres que estão passando por essa situação e para aquelas que desejam se informar mais sobre o assunto. Carine também ressalta a importância da campanha do Março Lilás para reforçar o cuidado e a atenção das mulheres com seus corpos, além de enfatizar a necessidade de consultar médicos ginecologistas regularmente.

 

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Foto: Agência Brasil/EBC 

 

Março Lilás e o câncer de colo de útero no Paraná

No estado do Paraná, segundo a ginecologista Maria Tereza Blum Portela, apenas 25% da população feminina realiza o exame preventivo anualmente ou a cada dois anos, como orientado pelo Ministério da Saúde. Ainda que sejam feitas campanhas de conscientização sobre a importância da realização do Papanicolau, a médica ressalta a pouca adesão das mulheres. "Mesmo com campanhas, somente uma a cada quatro mulheres acabam colhendo o preventivo anualmente ou bianualmente”. Além disso, a ginecologista reforça as dificuldades que impedem diversas pacientes de fazerem seus exames periodicamente e enfatiza a necessidade de se divulgar as campanhas de conscientização, “as mulheres têm vergonha, têm dor, enfim, tem vários tabus, também tem o fato da falta de informação por isso a importância da campanha para a conscientização”.

Em Ponta Grossa, a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) atende a população carente (homens, mulheres, crianças), que buscam o auxílio da instituição para o fornecimento de remédios, cestas básicas, fraldas, cateteres e suplementos alimentares, além da assistência para pacientes de qualquer tipo de câncer. Sobre a prevenção e ações da RFCC, a coordenadora do setor educacional da instituição, Vera Lúcia Moura, relata sobre o suporte para que as mulheres tenham acesso ao Papanicolau. “Ao longo do ano todo fazemos essa prevenção oferecendo às mulheres de baixa renda familiar o exame preventivo de colo de útero, totalmente gratuito dentro da nossa clínica”, explica. Entre 2021 até o primeiro trimestre deste ano, a funcionária do consultório médico da RFCC, Karolayne Pereira, afirma que, em média, 220 exames preventivos foram realizados pela clínica e três diagnósticos de câncer de colo de útero foram detectados. 

Segundo a ginecologista, Maria Tereza, a campanha do Março Lilás ainda não recebeu uma ampla divulgação pela cidade de Ponta Grossa. Ela acredita que os consultórios médicos, postos de saúde e a mídia televisiva deveriam enfatizar mais esse período para um esclarecimento de informações para o público feminino. “Como a gente vive um meio da propaganda, dos meios digitais e uma vida muito corrida, acho que a hora que você lança uma campanha e relaciona ao março lilás, ao mês da mulher, com certeza é para trazer maior conscientização da população” - finaliza. 

Ficha Técnica
Repórter: Larissa Malinski
Edição e Publicação: Eduardo Machado, Germano Busato, João Paulo Pacheco e Marcus Benedetti
Supervisão de Produção: Ricardo Tesseroli
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen