Em média, 200 pessoas procuravam a UBS Sady Silveira; cerca de 12 são atendidas diariamente
Desde o dia 16 de maio, os serviços oferecidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Sady Silveira, em Olarias, foram transferidos para a UBS Madre Josefa, na Vila Princesa. Para conseguir atendimento, pacientes precisam andar mais de 3,5 quilômetros, um caminho formado por ladeiras. A mudança é resultado da inauguração do Centro de Atendimento da Criança (CAC), que atende a população infantil de Ponta Grossa na antiga estrutura da unidade Sady, onde estão concentrados todos os atendimentos.
O trajeto entre as unidades leva cerca de 43 minutos a pé e 20 minutos de ônibus. Devido ao tempo de deslocamento, alguns pacientes optam pelo transporte por aplicativo. Moradora de Olarias, Janete Fonseca Mendes, de 61 anos, tratava ferimentos no rosto na unidade Sady, que foi fechada. Agora, ela precisa ir até Uvaranas para conseguir acompanhamento médico. "Preciso gastar mais que o dobro com locomoção do que antes. É perigoso vir andando já que é distante e ainda estou com a vista debilitada".
De acordo com Janete, outros exames que estavam marcados precisaram ser adiados, o que atrasa ainda mais o tratamento. Com a transferência, toda a estrutura da UBS foi remanejada de forma improvisada para duas salas da unidade Madre Josefa, uma delas a de vacinação, o que gerou a suspensão da aplicação de vacinas.
Dificuldades de atendimento
Cerca de 10 mil pessoas eram cadastradas para o atendimento na UBS Sady Silveira. Segundo uma funcionária que não quis ser identificada, em média, 200 moradores procuravam a unidade por dia. Hoje, na unidade temporária, esse número é de aproximadamente 12 pacientes. Para ela, a distância entre os postos dificulta o deslocamento até a unidade. Além disso, o espaço cedido na UBS Madre Josefa não é suficiente para fazer certos atendimentos.
Atualmente, sete profissionais atendem os pacientes da unidade Sady, localizada na região de Olarias. Antes, eram 12, mas parte foi enviada para outras unidades. Com as limitações na estrutura e a redução da equipe, os pacientes atendidos têm acesso apenas a pedidos de receitas, consultas que já estavam agendadas e coleta de sangue em um espaço improvisado até a Prefeitura definir um novo local.
Na unidade para onde os atendimentos foram transferidos, UBS Madre Josefa, um pai que faz parte da associação de moradores da Vila Princesa e preferiu não se identificar, diz que “não tem estrutura para suportar todos os funcionários e a população dos bairros que buscam atendimento”. Atualmente, o local recebe moradores da Vila Princesa, Coronel Cláudio e de Olarias.
Centro de Atendimento da Criança
O novo Centro de Atendimento da Criança (CAC) foi inaugurado em 16 de maio. Antes, a população infantil era atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sant’Ana, no centro da cidade. A abertura do espaço faz parte das cinco metas do município para a área da saúde. Uma das principais propostas é acelerar o atendimento infantil na região, destinando um local exclusivo para crianças de até 11 anos. No entanto, por ser o único local a prestar o serviço para este público, o tempo de espera permanece longo.
Na última quinta-feira (19), a equipe do portal Periódico esteve no local e acompanhou pais, mães e responsáveis que declararam aguardar mais de 3 horas após a triagem para a consulta. Rodrigo Silva, pai de uma criança de oito anos, mora em Ponta Grossa há um mês. Ele se diz impressionado com a demora no atendimento infantil. “Estava procurando um atendimento particular agora pela internet, já que estamos esperando há 3 horas e ela está piorando”, diz o pai da criança, que foi transferida de uma Unidade de Pronto Atendimento para o CAC.
Moradores esperam até 3 horas por atendimento no Centro de Atendimento da Criança em 19 de maio de 2022. Foto: Matheus Gaston
Para Simone Penteado, que está grávida e buscou atendimento no centro infantil para seu filho de 5 anos, o deslocamento do bairro onde mora para a unidade de Olarias é difícil. “Agora com o CAC, não quiseram atender na UBS de Oficinas. Estão encaminhando para cá. Precisei vir de Uber por causa da distância, mas caso precise voltar mais vezes, se torna inviável devido ao gasto com transporte”.
Pouco depois da chegada dos repórteres no Centro de Atendimento da Criança, uma funcionária pediu que os estudantes fossem para a área externa e questionou quem havia autorizado a produção de fotografias e a realização de entrevistas. Por se tratar de um espaço público, o registro fotográfico é permitido, e a autorização das entrevistas depende apenas das pessoas consultadas. Mesmo assim, a funcionária comunicou a presença da equipe ao setor de Comunicação do município, e, somente depois disso, disse que os estudantes poderiam fazer fotos e conversar com os pacientes.
Prefeitura
Através de e-mail, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa para questionar até quando os pacientes de Olarias serão atendidos na unidade Madre Josefa. Perguntou também se o município planeja reabrir a UBS Sady Silveira em um novo espaço e quando isso deve acontecer.
Também perguntamos em que momento foi decidido que o Centro de Atendimento da Criança iria funcionar na estrutura do postinho Sady, quais adaptações foram feitas no local e quanto foi gasto nesse processo. Até o fechamento do texto, não houve resposta.
Ficha técnica
Reportagem: Matheus Gaston e Victória Sellares
Edição e publicação: Victória Sellares, Maria Helena Denck
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen