Câncer ocular é descoberto em Ponta Grossa a partir de postagens de jornalista da Globo
Em 2021, o apresentador Tiago Leifert deixou os estúdios da Globo por conta do tratamento de retinoblastoma em sua filha, Lua Garbin Leifert. A repercussão da notícia na mídia revelou sete novos casos da doença no Brasil, um deles na cidade de Ponta Grossa.
Arabella, que havia acompanhado as declarações do apresentador pelas redes sociais, não imaginava que descobriria o mesmo problema em sua filha. Ela descobriu o retinoblastoma quando a criança foi fotografada com flash direto e a imagem revelou o “olho de gato”, que nada mais é do que um reflexo branco circular.
Este reflexo é a primeira forma de identificação do tumor ocular infantil. Por conta de uma imagem compartilhada pelo apresentador de televisão, a mãe soube que o reflexo no olho de sua filha poderia ser mais do que apenas um erro de iluminação na imagem. "Identificamos o sintoma assim que vimos a foto na câmera. Levei ao médico e, infelizmente, a doença estava em um grau avançado".
O oftalmologista GianMarco Penteado, especialista em cirurgias oculares em Ponta Grossa, foi quem realizou a consulta. Ele nunca tinha visto caso específico em anos de carreira, mas imediatamente soube que se tratava de um câncer maligno, que precisaria de tratamento instantâneo. O tumor cresce muito rápido e pode contaminar o sangue ou outros órgãos, tornando o caso ainda mais grave.
O médico transferiu o caso para uma clínica especializada em Curitiba. Porém, o tratamento ocorreria de fato em São Paulo, única cidade que possui a quimioterapia específica para o caso. Daí a dificuldade: o plano de saúde contratado pela família não abrange outras cidades.
"Como o retinoblastoma cresce rápido, optamos por iniciar o tratamento de uma vez, com consultas particulares. Se precisar vender o carro, não tem problema, priorizamos a saúde dela", conta a mãe.
Retinoblastoma
O retinoblastoma é um câncer ocular maligno que ocorre em crianças, geralmente até cinco anos de idade. A incidência da doença é rara e representa apenas 3% dos cânceres infantis. O tumor afeta as células da retina, principais responsáveis pela visão, podendo ocorrer em um olho ou em dois. O caso de Ponta Grossa se refere a um tumor unilateral, em apenas um olho, e comprometeu 70% da visão da criança.
A doença é classificada em cinco estágios, que indicam a intensidade do tumor. Além desta classificação, a doença é entendida como intraocular ou extraocular, indicando a localização das células cancerígenas.
Os cânceres extraoculares podem atingir outros órgãos, como o cérebro ou medula óssea, requerendo um tratamento mais intenso. O diagnóstico precoce pode impedir que o grau aumente e o tumor intraocular se prolifere para fora dos olhos.
A filha de Arabella foi classificada em grau quatro. O tumor se encontra dentro do globo ocular. "Mesmo desesperados com a situação, ficamos esperançosos ao saber que não se tratava do tumor extraocular, ainda temos chance de reverter a situação", conta a mãe.
Tratamento
O tratamento da doença é realizado com quimioterapia, com duas opções de tratamento. A quimioterapia sistêmica, que injeta o medicamento pela veia, ou a quimioterapia cateterial, que é realizada pelo olho - esta opção injeta menos medicamento, mas com uma concentração maior, o que gera resultados mais rápidos. A média de sessões de quimioterapia para este tipo de intervenção é de quatro a cinco vezes.
"Existe um medicamento específico para o retinoblastoma que pode ser feito pela quimioterapia de cateterismo e vai até a circulação cerebral. É bastante seguro e não apresenta risco visual, na maior parte dos casos melhorando a visão", explica o oftalmologista.
Em Ponta Grossa, a família iniciou o tratamento de quimioterapia em maio. Os retornos ocorrem mensalmente, mas, no momento, não é possível estimar a duração do processo.
Ficha Técnica:
Reportagem e gráfico: Marcella Panzarini
Supervisão de Produção e Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen