Agosto é dedicado ao aleitamento materno e alerta para a importância do tema
O aleitamento materno é recomendado a crianças até dois anos de idade, sendo os seis primeiros meses indispensáveis para o desenvolvimento. Entretanto, muitas mães sofrem com dificuldade em amamentar, e isso acontece, principalmente, pela falta de orientação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno reduz em até 13% a taxa de mortalidade infantil, além de fortalecer o vínculo entre mãe e bebê.
Jaqueline Rosa, de 34 anos e mãe de quatro meninos, teve dificuldade no aleitamento, que só melhorou com o passar das gestações. Durante o pré-natal da primeira gravidez, ela não foi orientada e, quando seu bebê nasceu, não sugava o leite. No hospital, foi necessário receber auxílio de profissionais, como fonoaudióloga, que ajudou a identificar o motivo da dificuldade do bebê. Para Jaqueline, receber tantas informações de uma vez só foi cansativo. “Foi um processo exaustivo, me sentia muito pressionada”.
Devido à dificuldade, a pediatra recomendou fórmula infantil, composto parecido com leite em pó, para o recém-nascido. “Foi o maior erro que cometi, eu não tive nenhuma outra orientação, era simplesmente: fique tranquila, a fórmula vai ajudar e ele vai crescer saudável”, relembra. Na terceira gestação, Jaqueline teve dores e sofreu com leite empedrado, mas, por ter maior conhecimento, ficou mais calma. “O conhecimento é libertador, as orientações foram me tranquilizando. Precisa haver respeito com a mãe que acabou de ter o bebê, muita informação pode deixá-la ainda mais nervosa e atrapalhar o processo”.
Pamela Gorgal conversou com amigas sobre o aleitamento, e para não ter grandes problemas, salvou o contato de uma consultora de amamentação. Quando sua filha nasceu, em abril deste ano, os problemas, como fissuras nos seios, apareceram em dois dias. “Eu amamentava me segurando para não gritar, porque doía muito”. Foi quando ela buscou ajuda. Parou de amamentar, começou a extrair leite com bombinha, e alimentar sua filha com seringa até o seio cicatrizar. “Eu consegui salvar a amamentação devido à orientação, porque se não fosse por isso eu teria desistido. A dor era insuportável”.
Foto: Raylane Martins/Acervo Foca Foto
A técnica de laboratório do Hospital Universitário Materno Infantil (HUMAI), Cláudia Cancian, afirma que as mães devem buscar auxílio. “Toda mãe que tem dor ou dificuldade, é ideal que procure pelo banco de leite para conseguir a amamentação própria do bebê, estamos aqui para ajudar”.
A farmacêutica bioquímica, doula e consultora de amamentação, Mônica Balsano, explica que nos seis primeiros meses de vida do bebê, o leite supre todas as necessidades alimentares, pois possui substâncias nutritivas próprias, excluindo até a ingestão de água. Além disso, ele protege contra diversas doenças no recém-nascido e câncer de mama da mulher.
Caso o bebê não receba o leite materno, os riscos para a criança são altos e os compostos alimentares que se assemelham ao leite, como as fórmulas, não apresentam valor nutricional suficientes. “As fórmulas têm a mesma composição do leite materno, mas enquanto nele há 200 componentes, nas fórmulas encontramos somente 80. É uma diferença grande”, afirma.
A mulher com dificuldade na amamentação deve procurar orientação médica ou agendar a visita de uma consultora de amamentação, para que possa entender o motivo pelo qual não consegue amamentar. De acordo com Mônica, os fatores são inúmeros, como a falta de leite ou a pega incorreta da mama. Além disso, o estresse colabora para a dificuldade. “Quando a mulher está estressada, ela libera o hormônio cortisol, o que diminui a descida do leite”, explica.
Ficha técnica:
Reportagem: Bettina Guarienti e Isadora Ricardo
Edição e Publicação: Eder Carlos e Mariana Gonçalves
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen