Perfume íntimo tem fragrância de infecções 

Produtos de higiene íntimo oferecem riscos à saúde da mulher, alertam ginecologistas

Quem acompanha a cantora Anitta nas redes sociais se deparou com o lançamento de um perfume unissex às áreas íntimas. Porém, segundo especialistas, o produto chamado Puzzy pode causar infecções na região. Por alterar o pH dos órgãos, não é aconselhável o uso de perfumes e sabonetes, uma vez que podem causar doenças sendo a mais frequente é a candidíase, provocada pelo fungo Candida albicans. Quem já teve, sabe o incômodo com coceira, inchaço, corrimento pastoso, dificuldade para urinar e dor durante as relações sexuais. 

Segundo a ginecologista Keilla Lima, produtos como lenços umedecidos e desodorantes íntimos não são recomendáveis para uso. Para a higienização, os mais adequados são os sabonetes convencionais, desde que sejam neutros e de preferência glicerina. “É muito importante que as mulheres também saibam fazer a higienização íntima de forma adequada, para além dos produtos. Água e sabão neutro são apenas na região externa, pois caso contrário, ocorre o desequilíbrio da proteção vaginal”, explica. 

Ainda de acordo com a médica, é possível desmistificar o uso desses produtos de higiene através do conhecimento, mesmo que haja incentivo ao consumo. “Saber e entender que a mucosa vaginal é uma área muito sensível, já contribui para que as mulheres usem itens adequados para a saúde íntima”, conclui Keilla. Caso ocorram irritações e suspeita de doenças devido ao uso de produtos íntimos, recomenda-se procurar atendimento médico, preferencialmente ginecológico para melhor avaliação. 

 

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Foto: Leriany Barbosa

 

Consumo dos produtos

A reportagem realizou um levantamento sobre o uso de produtos de higiene para áreas íntimas, como sabonetes íntimos e perfumes semelhantes ao Puzzy de Anitta. O público que respondeu à pesquisa foi de 40  mulheres, entre 19 e 46 anos de idade, que usam ou já usaram os produtos. Delas, 35% faziam uso de produtos de higiene para a área íntima, mas pararam de usar devido a relatos de pessoas que tiveram infecções por conta dos perfumes e sabonetes. Por outro lado, 30% das mulheres ainda utilizam os produtos. 

Quando questionadas se já contraíram alguma doença na região íntima devido ao uso dos produtos de higiene, 10% das entrevistadas responderam que tiveram candidíase. Enquanto 5% das mulheres revelaram que já sofreram com infecção urinária ou alteração no corrimento vaginal - líquido que serve para proteger e lubrificar a região. Apesar das recomendações médicas, 25% das entrevistadas não veem problema quanto ao uso, mesmo sabendo dos riscos que podem vir a ter. 

Adriana Rebonato, de 46 anos, foi uma das mulheres que respondeu ao levantamento e afirmou ter sequelas quanto ao uso desses produtos. Em 2015, ela contraiu uma alergia por conta do sabonete íntimo e os sintomas seguem até hoje. “A reação alérgica começou com um vermelhidão na vagina, então não pensei duas vezes e logo marquei uma consulta com o ginecologista. Após uma série de exames ele me alertou que essa irritabilidade foi causada pelo sabonete íntimo”, explica.

Adriana ainda revela que atualmente ela não pode usar determinados tipos de absorventes, calcinhas e tem que manter a região depilada. “Eu usava esses sabonetes desde jovem, pois eles sempre foram sinônimos de limpeza, mas na verdade eles apresentam riscos à saúde da mulher e, infelizmente, descobri isso na prática”, alerta.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Ana Luiza Bertelli Dimbarre e Leriany Barbosa

Edição e Publicação: Lilian Magalhães

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen