Entre os motivos está a pele clara e o trabalho no campo sem proteção adequada
Em 2022, o câncer de pele atingiu mais de 3,8 mil brasileiros e 41% deles são da região sul. O Painel Oncologia Brasil, do Ministério da Saúde, divulgou o levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e identifica o sul do Brasil com o maior número de diagnósticos de câncer de pele (melanoma maligno da pele), contabilizando 1594 casos. O Paraná apresenta 631 casos, 39% das incidências.
A cabeleireira Arilene Pupo, 65 anos, sofreu com as complicações do câncer de pele. Ela foi à dermatologista para fazer um tratamento de pele e no retorno da consulta, após seis meses, a médica notou uma mancha no nariz e a encaminhou ao oncologista. “O médico deu o diagnóstico de câncer de pele e disse que precisava retirar. Foram em três lugares, mas não doía, nem incomodava, não tinha sintoma”, conta Arilene. Um dos maiores riscos do câncer de pele é que ele não provocar dor e os sintomas passam despercebidos.
Antes disso, ela já havia feito uma cirurgia no ombro devido a uma mancha cancerígena. “Foi bem agressivo e rápido. Hoje está tudo bem porque foi tratado a tempo, se demorasse mais teria ficado com sequelas”. Arilene ainda faz acompanhamento médico e, desde então, passou a se prevenir.
Há dois tipos de câncer de pele: o melanoma, que pode se espalhar pelo corpo e levar à morte, e o não-melanoma, que engloba os carcinomas, tipo de câncer mais comum e menos agressivo. “O melanoma se manifesta como casquinhas ou alteração na textura da pele. Os tipos de câncer carcinoma dificilmente levam à morte ou à metástase, mas o tratamento é cirúrgico, então quanto mais ele cresce, mais a cirurgia deixa sequelas e cicatrizes”, explica a dermatologista Cristiane Hass.
Considerando os tipos de câncer de pele, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná ocupam a segunda posição da pesquisa da SBD. Segundo a dermatologista, a pele clara dos moradores da região é um fator de risco. Além disso, a economia é baseada na agricultura, atividade com alta exposição solar.
Trabalhadores da agricultura estão expostos a maior incidência solar | Foto: Mirna Bazzi/ Arquivo Periódico
Entre as formas de prevenir a doença estão a fotoproteção, com uso diário de protetor solar e medidas preventivas de exposição nos momentos de lazer, como o uso de roupas com proteção solar, além de evitar o sol entre às 10 e 16h. O diagnóstico precoce é uma importante forma de prevenção. Segundo Cristiane, a SBD recomenda que uma vez ao ano seja realizada consulta dermatológica, mesmo que não tenha doença de pele.
Anualmente, o Instituto Nacional de Câncer divulga uma estimativa de novos casos da doença. Os números são obtidos a partir da relação entre incidência e mortalidade, por meio do monitoramento dos registros novos da doença e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Na região sul, para 2023, estimam-se 2400 diagnósticos de melanoma maligno da pele, sendo o 13º tipo mais comum na população.
No município de Ponta Grossa, em 2021, foram reconhecidos 15 casos da doença. Em 2022, esse número caiu para seis.
Em caso de suspeita procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. O Sistema Único de Saúde tem até 60 dias para iniciar a terapia em um centro de tratamento oncológico.
Ficha Técnica
Reportagem: Isadora Ricardo
Edição e publicação: Catharina Iavorski
Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky