A necessidade por remédios leva as famílias a comprá-los na rede privada

 

Moradores de Ponta Grossa e usuários do Sistema Público de Saúde (SUS) do município se queixam da falta de medicamentos disponíveis nas farmácias das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Santana e Santa Paula. Os que mais faltam são analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios.

Na última vez em que foi até a farmácia da UPA Santana, Eduardo Martins conseguiu somente soro fisiológico. Ele relata que a indisponibilidade de medicamentos acontece com frequência e que na maioria das vezes que procura a farmácia da UPA, volta para casa sem os remédios que precisava. Sua enteada recentemente esteve sob suspeita de dengue e precisou do relaxante muscular (cloridrato de ciclobenzaprina), entretanto, a família precisou comprar o medicamento. “É difícil, às vezes a gente vem e precisa tirar [dinheiro] do bolso para conseguir os remédios”, relata Martins.

Jocineia de Araújo, que atua como profissional de apoio escolar, é mãe de duas crianças  e vivencia uma situação similar. Ela também conta que voltou para casa sem os medicamentos receitados nas últimas duas vezes em que procurou a UPA. “Não tinha nem paracetamol, que é o básico”,afirma. Jocineia também precisou recorrer a compra de medicamentos para os problemas de saúde das filhas. “Se você tem que comprar um remédio não fica caro, mas se você tem que comprar dois ou três, 100 reais na farmácia é o mínimo que você gasta”.

 

R3 infográfico

A falta de medicamentos no sistema público de saúde leva pacientes a comprar na rede particular | Arte: Maria Vitória Carollo

 

Em momentos de epidemias e aumentos significativos de casos de uma determinada doença, a medicação usada para tratá-la tende a entrar em falta no sistema público e, por vezes, até mesmo no privado. É o que explica a farmacêutica Tais, que pediu para não ser identificada na matéria. Segundo ela, a falta de medicamentos geralmente varia de acordo com o momento. A profissional usa como exemplo o atual quadro de dengue no município, no qual tem sido recorrente a falta de soro e plasil, usado para tratamento dos sintomas da doença. “Fora desses momentos específicos, o que mais falta são antibióticos e analgésicos, como a dipirona e bromoprida.”

Thiago Costa, atendente de uma farmácia comercial nas proximidades da UPA Santana, afirma que várias pessoas vão até o estabelecimento para comprar os itens não disponíveis na farmácia popular. “Várias vezes as pessoas chegam aqui e falam que não tinha na UPA, e que precisam comprar ou ir até outra farmácia popular para buscar”. Acrescenta que é muito frequente que as pessoas consigam alguns, mas não todos os remédios necessários na unidade de pronto atendimento.

Em nota, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) afirma que os responsáveis técnicos (RTS) dos postos são encarregados de repassar a quantidade de medicamentos disponíveis. As Unidades, de acordo com o informativo, são abastecidas semanalmente considerando o levantamento feito pelos RTS. A FMS ainda diz que a disponibilidade dos remédios pode ser afetada pela disponibilidade de mercado dos mesmos. De acordo com a nota, em 2023, para a UPA Sant’Ana foram enviados 1.680.360 remédios e para a UPA Santa Paula 380.690. 

 

Ficha técnica:

Produção: Maria Vitória Carollo

Edição e publicação: Carolina Olegário

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos

 

 

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