Apaixonando-se desde cedo pelo teatro, Mariana Boá uniu o amor por ensinar, encenar e filosofar. Acompanhando o crescimento do teatro na cidade, Mariana incentiva os artistas e peças locais, participa de algumas produções e pretende não largar dessa grande paixão. Aos 22 anos, é formada em Filosofia e faz pós-graduação. Reconhece a dificuldade para os profissionais desta área na licenciatura, entretanto, é grata pelo que o curso a proporcionou. “Sou movida pela arte”, declara.
Tudo que lembro da minha infância foi em alguma das instituições de ensino que frequentei. Aos 9 anos, meu irmão nasceu e eu precisava cuidar dele enquanto meus pais trabalhavam. Para isso, precisei deixar a casa do meu avô, com quem eu morava até então. Foi bem nessa época que comecei no teatro, como se tivesse encontrado um refúgio. Um ou dois anos depois, meu pai ficou desempregado e não tinha condições de pagar o colégio em que eu estava estudando. Graças ao teatro, a assistente social do Colégio conseguiu uma bolsa de estudos para que eu não precisasse pedir transferência, então permaneci onde estudava e inserida no teatro.
A melhor fase da minha vida foi quando mudei para uma escola estadual em Ponta Grossa, o Instituto de Educação. Quem já foi aluno, sabe da grandeza daquele lugar. Lá não tinha teatro e minhas tentativas de iniciar algo com os meus amigos sempre falhavam. Mas, por sorte, meu professor de Artes, que era formado em Artes Cênicas, foi meu amparo para que eu pudesse realizar inúmeros projetos. Revolucionamos a escola.
O terceiro ano do Ensino Médio foi decisivo para que eu escolhesse de fato o Teatro. Depois de participar de uma oficina no Centro de Cultura de Ponta Grossa, me envolvi em grupos, conheci pessoas novas e passei a participar de peças, apresentar para gente que até então estava fora do meu mundo. Vi teatro com olhos profissionais, como uma possibilidade de gerar retorno.
Depois da conclusão do ensino médio, meu objetivo era cursar artes cênicas. Mas a localização da Universidade é em Curitiba, minha idade e a situação financeira da minha família não permitiram que isso se concretizasse. Dentro das opções que estavam a meu alcance, escolhi Filosofia. Caí de paraquedas no curso. A graduação durou três anos e eu não imaginava amá-la tanto quanto eu era capaz de amar o teatro. Me apaixonei. Consegui unir várias coisas que gosto. Independente dos rumos que minha vida tomou, nunca parei com o teatro, ele faz parte de mim.