Professores e Movimento Estudantil seguem em protesto contra programa Parceiro da Escola
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Ratinho JR. sancionou projeto que privatiza administração das instituições de ensino
Movimentação em Ponta Grossa também levou manifestantes para Curitiba. Foto: Daniel Américo/ Lente Quente
Na tarde de ontem (04), a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou o projeto de lei Parceiro da Escola. A proposta institui a privatização da gestão da rede pública das escolas estaduais. Aconteceram três sessões em dois dias de votação, em uma assembleia semi-presencial, resultando em 38 votos a favor e 13 contra. O projeto seguiu para sanção, e o governador Carlos Massa Ratinho Jr aprovou na manhã de hoje, sob a lei n° 22.006.
Em Ponta Grossa, no dia primeiro de junho houve uma manifestação na Praça Barão de Guaraúna. Na segunda-feira (03), os (as) professores (as) da rede estadual de ensino entraram em greve. Estudantes do Instituto de Educação Professor César Prieto Martinez e do Colégio General Osório, a partir da organização do Grêmio Estudantil, realizaram um protesto em frente ao local, na segunda (03) e terça (04).
Dia 04 também aconteceu uma audiência sobre a privatização das escolas públicas do PR na Câmara Municipal de Ponta Grossa.“Nós estudantes somos contra esse projeto, somos contra a privatização das escolas públicas, e vamos continuar lutando, precisamos da nossa educação pública”. Fala da estudante Letícia Vaz, diretora do UPE (União Paranaense de Estudantes) durante a audiência. A estudante cursa Química na Uniasselvi, e pretende exercer o papel de professora.
Na manhã de quarta-feira (05), o grupo da mobilização foi ao colégio Ana Indinavir, para explicar aos pais e alunos a situação do projeto. Isabel Fernandes, mãe de dois alunos, comenta que “está sendo maravilhoso acompanhar os protestos e ver os alunos lutando pela educação deles (...) a escola pública é um direito de todos”. Isabel conta que na manifestação de hoje a polícia foi intervir.
"A política é para o povo e nós decidimos isso, precisamos ser ouvidos". Afirmam estudantes. Foto: Joyce Clara
Manifestação em Curitiba
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), 20 mil pessoas estavam presentes no protesto na segunda-feira. Manifestantes caminharam da Praça Santos Andrade até o Centro Cívico, onde ocuparam o prédio da Alep, no qual houve intervenção policial, incluindo uso de gás lacrimogêneo. O Comando de greve manteve a mobilização na terça-feira.
O Projeto de lei 345/2024 - Programa Parceiro da Escola
Encaminhado para a Alep no dia 27 de maio em regime de urgência, o projeto passa a gestão administrativa e de infraestrutura dos colégios estaduais para empresas privadas. A justificativa do governo é que a mudança dará suporte para a administração das instituições, possibilitando que diretores conduzam a parte pedagógica.
O texto final do projeto engloba 204 colégios distribuídos em 110 cidades do Paraná . A seleção foi baseada em índices educacionais, considerando o aumento na evasão escolar. Em Ponta Grossa, seis escolas estão na lista para receber novas gestões. .
Dois colégios iniciaram esse modelo ano passado como teste, o Anibal Kury, localizado no bairro Uberaba, em Curitiba, e o Anita Canet, em São José dos Pinhais.
A opinião da APP-Sindicato e a oposição ao projeto
Apesar do governo assegurar que a influência das empresas serão apenas no âmbito administrativo, o Sindicato dos professores, por meio do site oficial, trouxe um artigo do projeto que prevê que“Os profissionais efetivos lotados nas instituições de ensino do Programa Parceiro da Escola permanecerão sob a gestão do diretor da rede e deverão atender a critérios e metas estabelecidos pelo parceiro contratado em conjunto com o diretor da rede”. A APP considera que esse trecho mostra uma abertura para a interferência pedagógica, e que esse processo pode provocar fraudes nos indicadores das escolas.
A presidenta do sindicato, Walkiria Olegário Mezeto, também de acordo com o texto oficial do site, afirma que “o projeto não diz quais os critérios que deverão ser considerados para selecionar as escolas, quais os critérios e a forma que o governo vai selecionar as empresas para as quais ele quer vender as escolas.”.
Nesta quarta-feira (05), o governador do Paraná solicitou a prisão de Walkiria, com a premissa de descumprimento de decisão judicial que determinava o fim da greve.
Letícia levanta questões sobre o projeto: “A pergunta que eu faço é: Quem irá supervisionar que esse dinheiro não seja desviado da escola? Quem garante que não ocorrerá corrupção no meio de tudo isso?”. Ela defende que estudantes da escola pública lutam diariamente para garantir um futuro melhor na educação. “Funcionários e alunos,esse projeto é grotesco, é de fato um retrocesso de algo que lutamos por décadas”,declara
Deputados que votaram à favor Adao Fernandes Litro (PSD), Alexandre Amaro (REPUBLICANOS), Alexandre Curi (PSD), Alisson Wandscheer (PROS), Anibelli Neto (MDB), Artagão Júnior (PSD), Bazana (PSD), Batatinha (MDB), Cantora Mara Lima (REPUBLICANOS), Cloara Pinheiro (PSD), Cobra Repórter (PSD), Delegado Jacovós (PL), Delegado Tito Barichello (UNIÃO BRASIL), Denian Couto (PODEMOS), Do Carmo (UNIÃO BRASIL, Douglas Fabricio (CIDADANIA), Fabio Oliveira (PODEMOS), Flavia Francischini (UNIÃO BRASIL), Gilson De Souza (PL), Gugu Bueno (PSD), Hussein Bakri (PSD), Luis Corti (PSB), Luiz Fernando Guerra (UNIÃO BRASIL), Marcel Micheletto (PL), Marcelo Rangel (PSD), Marcio Pacheco (REPUBLICANOS), Maria Victoria (PP), Marli Paulino (SOLIDARIEDADE), Matheus Vermelho (PP), Moacyr Fadel (PSD), Paulo Gomes Da TV (PP), Ricardo Arruda (PL), Romanelli (PSD), Samuel Dantas (PROS), Secretária Márcia (PSD), Soldado Adriano José (PP), Thiago Bührer (UNIÃO BRASIL), Tiago Amaral (PSD) e Nelson Justus (União Brasil) Deputados que votaram contra Ana Júlia (PT), Arilson (PT), Cristina Silvestri (PSDB), Dr. Antenor (PT), Evandro Araújo (PSD), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSDB), Ney Leprevost (União), Professor Lemos (PT), Renato Freitas (PT), Requião Filho (PT), Tercílio Turini (PSD) |
Próximas movimentações
Hoje, às 18h30, acontece uma assembleia estadual online para avaliação e encaminhamentos da greve, promovida pela APP. Às 19h, acontece a mesa de debate “A privatização das escolas públicas Paranaenses, o que a UEPG tem a ver com isso?”, no Centro Integrar, na UEPG Campus Uvaranas. Já na sexta-feira (07), acontece uma manifestação geral, com concentração às 8h30 no Parque Ambiental, rumo ao Colégio Estadual General Osório.
Ficha Técnica
Produção: Joyce Clara
Edição e publicação: Iolanda Lima
Supervisão de produção: Muriel Emidio Pessoa do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos
Prédio abandonado em bairro de PG vira moradia para usuários de drogas
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- Produção: Laura Urbano
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Residentes no entorno do edificação alegam tentativas de furtos e de arrombamentos
Moradores da avenida Carlos Cavalcanti, principal via de acesso ao bairro de Uvaranas, vivem com a crescente sensação de insegurança devido ao abandono do antigo prédio da Vega Sopave, empresa de coleta de lixo que esteve em atividade até o final dos anos 1990. O local passou a ser frequentado por usuários de entorpecentes, pessoas em situação de rua e vândalos. Além disso, o espaço se tornou esconderijo para praticantes de furtos e roubos.
Segundo relatos de residentes e comerciantes da região, a presença de indivíduos suspeitos acontece há anos Um residente da região conta que já presenciou possíveis usuários de drogas invadindo o prédio, próximo à sua residência. “Uma tentativa ocorreu no ano passado, na semana de carnaval, e outra nesse ano, início de março. Havia sinais de tentativa de furto na janela da garagem. Até tiro já ouvimos durante a madrugada”, diz. A casa do entrevistado já sofreu duas tentativas de arrombamentos por pessoas que frequentam a área. Uma comerciante, que preferiu não se identificar, vive na região há mais de 30 anos e já sofreu uma tentativa de assalto. “Um homem se escondeu no prédio para tentar me assaltar e aí chamei a polícia. No sistema, foi verificado que aquele homem estava em liberdade condicional”, relembra a moradora.
Outra moradora da região, que também não quis se identificar por temer pela sua segurança, evita atividades cotidianas próximas ao local. “Eu fico com muito receio de sair a noite e eles estarem de olho no que nós estamos fazendo. Evito passar pela rua que dá acesso ao prédio, não deixamos mais os nossos cachorros em frente de casa e evitamos deixar portas e janelas abertas.”. Segundo a residente, algumas pessoas tocam as campainhas das casas próximas, fazem pedidos de roupas e/ou utensílios domésticos e, na sequência, são vistos pulando o muro da construção.
A Vega Sopave encerrou as atividades em Ponta Grossa há mais de três décadas. (Foto: Laura Urbano)
Ao presenciarem ações suspeitas, os moradores próximos ao local fazem chamados para a Polícia Militar. Porém, um dos moradores reforça que a presença dos militares não é suficiente. “Chamamos a polícia, mas enquanto os policiais tentavam entrar pelo portão da frente do local, os indivíduos evadiram pelos fundos na parte de cima da quadra e fugiram”, relata o morador.
Ao ser questionado sobre a situação, o 1º Batalhão de Polícia Militar do Paraná, por meio da assessoria de imprensa, explicou que, por se tratar de estrutura privada, a entrada para rondas e vistorias no prédio é restrita, o que impede que as equipes policiais atuem com efetividade nas ocorrências. Até o fechamento da matéria, a reportagem não obteve retorno sobre o detalhamento do número de chamados para atendimentos na região.
A reportagem também entrou em contato com o Departamento de Fiscalização da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento de Ponta Grossa para consulta da propriedade do imóvel. Segundo o registro do imóvel, o proprietário reside na cidade de São Paulo, o que dificulta o contato dos moradores da região de Uvaranas. Como forma de enfrentarem a falta de segurança, a vizinhança tem um grupo em um aplicativo de mensagem desde 2018. A criadora do grupo, comerciante e moradora da região, explica que a ferramenta é uma forma de comunicar sobre movimentações suspeitas e compartilhar informações sobre a presença de indivíduos no imóvel a fim de alertar os residentes locais. “A gente sente medo, claro, porque não sabemos quem está do outro lado. E a preocupação de nós moradores e vizinhos é essa, de não saber quem está do outro lado do muro”, relata.
Ficha Técnica
Produção: Laura Urbano
Edição e publicação: Livia Maria Hass e Mel Pires
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos