Entre os problemas citados estão a coloração escura, o gosto ruim e o cheiro de cloro

 

Habitantes de diferentes bairros de Ponta Grossa reclamam da qualidade da água que recebem em suas casas. As queixas surgiram após denúncias sobre a presença de microcrustáceos na água fornecida à população, em outubro. O fato gerou a abertura de um inquérito pelo Ministério Público do Paraná para investigação do ocorrido. Os moradores relatam ainda que a coloração e o odor estão estranhos, além de terem mais gastos com a limpeza de caixas d’água e dificuldade em realizar atividades básicas, como lavar as roupas.
Ofelia D’Alves, moradora do bairro Nova Rússia, demonstra indignação com a qualidade da água que recebe nos últimos tempos. “Não me sinto segura em tomar essa água. Ninguém da casa está ingerindo ela, nem mesmo meus bichinhos”, explica a moradora, que agora compra água separadamente para o consumo. Ofelia conta ainda que atividades comuns, como lavar roupa, foram dificultadas pela presença desses organismos que prejudicam, inclusive, a manutenção do equipamento, já que o filtro da máquina de lavar acumula a sujeira da água e fica obstruído.
Outros bairros também estão sofrendo com a falta de qualidade da água. Vanessa Edling, moradora da Vila Palmeirinha, afirma que sente um cheiro forte de cloro na água. “Não sei se o cloro é utilizado em alta quantidade por causa da sujeira da água, mas é um cheiro muito forte”. Vanessa ainda conta que quando falta água, é comum ela voltar com uma aparência de barro, com muita sujeira, e demorar para voltar a coloração normal.

 

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Devido impurezas, ponta-grossenses evitam consumir água da torneira | Foto: Ana Carolina Barbato


Larissa Strack, moradora do Jardim Pontagrossense, enfrenta uma situação ainda mais grave, pois a falta de qualidade na água afetou a saúde. Ela afirma que toda a família começou a ter diarréia e dores de cabeça frequentes, e que só melhoraram quando deixaram de ingerir a água da torneira. “Estamos no prejuízo, pois além de estarmos comprando água de fora, teremos que pagar pela água contaminada e limpar a caixa d’água”. Larissa conta que também sente um cheiro forte na água e o compara com o cheiro de produtos de limpeza.

 

Pronunciamento

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), empresa responsável pelo abastecimento hídrico em Ponta Grossa, afirma que são seguidos todos os procedimentos obrigatórios pela legislação para assegurar a qualidade da água distribuída para a população. A empresa declara ainda que o problema no caso dos microcrustáceos já foi solucionado por meio da adoção de medidas operacionais envolvendo o tratamento e a distribuição da água.
A Sanepar informa que, quando observada alguma alteração na água, o cliente deve informar a companhia por telefone (0800 200 0115), internet ou através do aplicativo Sanepar Mobile para que uma equipe possa verificar a situação.

 

Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

 

Ficha técnica
Reportagem: Helena Denck
Edição: Mariana Gonçalves e Mariana Real
Publicação: Matheus Gaston
Supervisão de produção: Muriel Amaral, Cândida de Oliveira e Jeferson Bertolini
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Funcionária da Sanepar faz a medição do hidrômetro | Foto: Divulgação/Sanepar

 

O aumento da tarifa mínima de água gera debates em Ponta Grossa e dois vereadores do município cobram explicações da Sanepar sobre o motivo do aumento. O último reajuste da tarifa havia ficado em 8,37%.

 

 

 Ficha Técnica:

Produção: Natália Barbosa e Thaiz Rubik
Supervisão: Professoras Angela Aguiar, Fernanda Cavassana e Paula Rocha
Técnico Multimídia: Jairo Souza
Edição: Alexandre Douvan

Vereadores de Ponta Grossa - Celso Cieslak (PRTB)  e Guiarone de Paula Junior (PROS) - e de Teixeira Soares - Emerson Vidal dos Santos (PSD) - se reuniram, nesta segunda-feira (10), com o deputado estadual da bancada do Meio Ambiente, Jorge Gomes de Oliveira Brand (PDT), o Goura, para entregar dossiê sobre supostas irregularidades na obra do aterro construído na divisa dos dois municípios. Nesta terça-feira, os vereadores Cieslak e Guiarone, que já encaminharam a documentação para 16 entidades, entram com solicitação de investigação no Ministério Público de Ponta Grossa. 

Na última quinta-feira (06), o vereador Emerson Vidal, que é presidente da Câmara Municipal de Teixeira Soares, encaminhou ofício à prefeitura, ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil do município. De acordo com o vereador, os membros da Câmara não se colocam contrários ao empreendimento, mas ao local onde é construído o aterro pela proximidade do rio Guaraúna.

Para moradores de Teixeira Soares, há risco de contaminação no período de cheia do rio Guaraúna / Foto: Redes sociais e Alessandra Wosniack

 

Marilene dos Santos é uma das poucas moradoras do local e aguarda ser transferida

 

O Fórum das Águas denuncia que, cotidianamente, os moradores de regiões mais periféricas enfrentam problemas relacionados ao saneamento básico. Para agravar a situação, Ponta Grossa segue sem um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) e irregularidades no projeto apresentado pela prefeitura impediram que o documento fosse aprovado pela Câmara de Vereadores.