Aumento em escolas de Ponta Grossa chega a 200%

 

O isolamento social permitiu que grande parte da população tivesse maior flexibilização de horários e que houvesse migração ao home-office. Essa nova realidade fez com que muitas pessoas se matriculassem em cursos de idiomas durante a pandemia visando uma maior qualificação profissional, principalmente na língua mais procurada do mundo, o inglês.

Dados da rede de ensino de idiomas online Duolingo apontam um crescimento de 23% no número de alunos nos meses de março e abril de 2020, os primeiros da quarentena. As pesquisas ressaltam que 61% dos alunos listados aprendem inglês, sendo o idioma mais estudado no Brasil, seguido do espanhol e francês.

Jéssica de Andrade, gerente comercial de uma escola de idiomas em Ponta Grossa, confirma a procura por cursos como forma de se colocar ou se realocar no mercado. “As pessoas já entendem que precisam estar prontas para o mercado de trabalho pós-pandemia e este é o momento para se preparar para as melhores oportunidades’’, afirma. Para ela, a mentalidade em relação à necessidade de aprender uma nova língua está mudando, principalmente no nível profissional, e o inglês está se tornando essencial.

Iago Claro e Silva conta que houve um crescimento de 200% no número de matriculados da escola que dirige. Segundo ele, houve busca por aulas remotas, principalmente para adultos. “A pandemia deu a chance de enxergar novas oportunidades, o que consideramos extremamente positivo para nosso crescimento exponencial a cada mês”.

A médica Ana Paula Fernandes é uma dessas pessoas que iniciou o curso de inglês no último trimestre de 2020. A motivação, segundo ela, foi a necessidade profissional, pois o idioma é muito exigido tanto na leitura de artigos quanto na escuta de aulas e congressos. “Não é agradável ouvir aulas em tradução simultânea, gostaria de conseguir entender sem precisar recorrer a esse dispositivo’’, explica. Ana Paula afirma ainda que seu desempenho não foi afetado por conta das limitações do momento, e mesmo com aulas remotas, conseguiu se adaptar às restrições.

 

Isadora Ricardo

Crédito: Isadora Ricardo

 

Ficha técnica

Repórter: Isadora Ricardo

Editor de texto: Cassiana Tozati

Publicação: Larissa Onorio

Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral.

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Profissionais e mães de alunos opinam sobre o modelo de educação na pandemia

Os mais de 48 mil casos de Covid-19 em Ponta Grossa e os mais de mil óbitos, incluindo os de professores e professoras, não afetaram as decisões do governo em relação às aulas presenciais no município. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), as escolas e CMEIS estão totalmente aptas para receber os alunos cujos pais optaram pelo ensino híbrido. "O planejamento de retorno foi colocado em prática respeitando todas as características do momento atual da pandemia e o aprendizado em relação à biossegurança", informa.

Nos últimos meses, a divulgação e realização de processos seletivos para os vestibulares da UEPG causaram insegurança entre alunos que tiveram o ano passado atípico, via internet, além do medo de contaminação pelo vírus. O vestibular de primavera da instituição deve acontecer em setembro, e deve seguir os protocolos de biossegurança. Ao contrário dos outros anos, a prova de conhecimentos gerais e específicos será realizada em apenas um dia.

 

 

Ficha técnica

Reportagem: Catharina Iavorski

Publicação: Larissa Godoi

Supervisão: Cíntia Xavier, Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Acadêmicos da Universidade Estadual de Ponta Grossa reclamam de demora no recebimento de equipamentos para aulas online. Desde o início da pandemia, a UEPG disponibiliza assistência aos estudantes que não possuem equipamentos eletrônicos. Notebooks e celulares seriam entregues a quem se cadastrasse para recebê-los, porém, o processo é mais lento do que gostariam as alunas e alunos.

 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Maria Eduarda Ribeiro

Edição e Revisão: Maria Eduarda Ribeiro

Publicação: Ana Paula Almeida

Supervisão: Cintia Xavier, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Bando da Leitura implantou atividades online para manter e atrair público

 

A pandemia interrompeu os 14 anos de atividades presenciais ininterruptas do projeto Bando da Leitura, criado em 2007 na cidade de Ponta Grossa. Atualmente, a iniciativa que incentiva a literatura e o acesso à cultura entre crianças e adolescentes se adapta ao isolamento social com reuniões online.

Os encontros presenciais  reuniam entre 15 e 30 crianças todas as quartas-feiras no bairro Oficinas, mas pararam após o aumento de contágios por covid na cidade. O último encontro presencial ocorreu em 16 de março de 2020, conta a idealizadora Lucélia Clarindo. “Com a pandemia, paramos. Apenas o grupo de Whatsapp continuou com a troca de mensagens. Em novembro de 2020, duas meninas, lideradas por suas mães, trouxeram a ideia de usarmos a plataforma do Meet. Elas criaram um flyer, e começamos.” 

Com as reuniões online, o projeto atraiu crianças  de outras cidades, como Joinville, Curitiba, Capitão Leônidas Marques, e diversos bairros de Ponta Grossa. O projeto atende pessoas como a enfermeira Jucélia dos Anjos. Mãe de uma das crianças participantes, ela conheceu o Bando da Leitura pelo Facebook. “Uma amiga compartilhou que havia esse grupo de leitura para as crianças e na hora entrei em contato com a Lucélia”. 

Para Jucélia, leitura é fundamental. Ela afirma que o bando escolhe figuras importantes para inspirar crianças e adultos. "A leitura já seria o suficiente, mas é muito mais do que isso: ali conhecemos pessoas, fazemos amizades, conhecemos histórias. Achei incrível um dia que o autor que escreveu o livro estava no Bando da Leitura para falar.” 

 

Passeios virtuais

Em passeios virtuais, turmas de escolas da cidade participam de rodas de conversa, contam histórias e apresentam os livros que estão lendo. A professora Júlia Kalva também conheceu o Bando por meio de publicações nas redes sociais. Ela começou a participar durante a pandemia e não chegou a frequentar reuniões presenciais. Agora quer conhecer pessoalmente os demais participantes do grupo. “É muito importante, pois é através dele que os sonhos se misturam com a realidade e a criatividade floresce.”

A microempreendedora individual Catiane da Cunha Piauí participou do Bando presencialmente e sente falta das histórias e dos encontros das crianças. "Não somos de Ponta Grossa, morávamos no Rio de Janeiro. O bando, com o acolhimento da Lucélia e família, nos fez sentir acarinhados nessa nova fase. Meus filhos se sentiram mais à vontade nas novas amizades, sem contar que amavam o dia do Bando e, agora, os encontros pelo meet."

 

Novidades na pandemia

Durante o período de reuniões online, o Bando da Leitura iniciou parceria com o canal Yoga Curumim, que oferece aulas de yoga online para as crianças durante as reuniões. “Eu que nunca tive oportunidade de ter uma aula de yoga, no Bando eu tive, assim como minha filha Laura”, relata Jucélia. 

Com a ideia da filha e inspirada pelo projeto, elas criaram no Youtube o canal Mundo dos Anjos, com mais de mil inscritos. Segundo Jucélia, ao consumir conteúdo com a filha pela internet, percebia que muitos estimulavam o consumismo. Então, criaram um canal para que outras crianças pudessem aprender sobre livros e natureza. “No último vídeo que a gente fez, plantamos 40 árvores, espécimes do nosso bioma da mata Atlântica e queremos plantar mais”, promete.

A estudante Mirelly Rayane Dias Ornat conheceu o Bando por acaso, quando trabalhava como motorista de aplicativo. Lucélia, a criadora do projeto, até então uma desconhecida, foi sua passageira. “Minha filha estava com dificuldade em alfabetização e comecei a conversar com a passageira em relação a isso. Ela comentou sobre o projeto. Já faz mais de três anos que todas as semanas eu participo com minha filha, porém, com o início da pandemia, a gente teve que ter essa mudança", conta 

Mirelly acredita que a tecnologia tem afetado o gosto pela leitura  das crianças. Ela sente falta do acervo ao qual tinha acesso na versão presencial. "Aquele acervo gigantesco que o Bando tem para a criança poder olhar e escolher o livro que quer ler, o livro que ela se interessa, é uma realidade que em casa a gente não tem."  

A estudante ressalta os benefícios das práticas do projeto. "Acredito que estimular um bate papo das histórias em que várias crianças apresentam diferentes interpretações dentro do contexto, cada um tem uma ideia diferente e acho que essa interação de ideias é muito significativa, desenvolve tanto o lado educacional, seja da alfabetização, quanto esse lado pessoal, pois trabalha a questão da timidez, da oratória, de você saber falar." 

 

Futuro

O Bando da Leitura começou na sala da casa da fundadora e, com o tempo, participou de congressos internacionais e recebeu prêmios, como o “Machado de Assis – Pontos de Leitura”, realizado pelo Ministério da Cultura.  Em 2008, o grupo foi considerado pelo Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) como um dos 50 melhores projetos alternativos de leitura de todo o Brasil. 

Também ganhou destaque nacional ao ser convidado para a 20ª Bienal do Livro em São Paulo, na Conferência de Bibliotecas. Por se tratar de uma iniciativa da sociedade civil que contribui para a democratização do acesso e incentivo à leitura, em 2010, com o apoio do Rotary Alagados, foram construídas uma biblioteca e uma sala de leitura própria para crianças.

Além de aumentar o número de escolas que participam das aulas-passeio, a perspectiva para o futuro do Bando da Leitura, segundo Lucélia, é fazer a reforma do espaço físico. A intenção é, por exemplo, realizar lançamento de livros e apresentações de artistas, como a banda Casa Cantante. “O retorno dos encontros presenciais está programado para 2022 com uma grande festa literária”, enfatiza a idealizadora.

Recentemente, Lucélia esteve presente na Audiência Pública do Contador de Histórias. O evento discutiu a Semana do Contador de Histórias, ideia proposta por ela para criar a Semana do Contador de Histórias na rede municipal de ensino de Ponta Grossa, com atividades extracurriculares que envolvam as comunidades em geral e, em especial, as famílias dos estudantes.

 

Reunião do Bando da Leitura em 2014 (Gabriel Clarindo Neto /Lente Quente)

 

Ficha Técnica
Reportagem: Gabriel Clarindo Neto
Edição e Revisão: Rafael Piotto
Publicação: Rafael Piotto
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen