Meio ambiente

Confira a reportagem sobre a chegada do inverno nos Campos Gerais, que deve ser o mais frio dos últimos cinco anos. Segundo previsões meteorológicas, além das baixas temperaturas, estação será seca e com pouca chuva. A possibilidade de geadas intensas também preocupa produtores agropecuários.

 

 

Ficha técnica

Reportagem: Manuela Roque

Publicação: Matheus Gaston

Supervisão: Marizandra Rutilli, Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Meteorologia também prevê falta de chuva e ondas de frio intenso na região

 

O inverno começou oficialmente na madrugada do dia 21 de junho. A estação famosa pelas quedas de temperaturas, se seguir as previsões, deve ser a mais fria dos últimos cinco anos nos Campos Gerais, segundo Reinaldo Kneib, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (SIMEPAR): “Desde 2017 nós tivemos temperaturas um pouco mais elevadas do que o usual, e ano passado em especial fez muito pouco frio. E o começo deste inverno já mostra que em 2021 a gente deve esperar temperaturas mais baixas e um inverno mais frio do que nos anos anteriores”. O meteorologista ressalta que o inverno de 2021 também caminha para bater os recordes da última década, que em 2013 calculou média de 8° C durante todo o período.

Sobre os fenômenos climáticos comuns da estação, Reinaldo explica que será um inverno típico para a região dos Campos Gerais, com ondas de frio intenso e formação de neblinas e geada. Já na primeira semana do inverno, o meteorologista observa que as temperaturas abaixo de 5° C colaboraram para a intensidade das geadas, fenômeno considerado prejudicial para a produção agropecuária.

Ele ainda destaca que este será um inverno seco e com poucos eventos de chuva, devido ao afastamento de fenômenos como El Niño da região. “A previsão indica uma quantidade maior de massas de ar seco, que geralmente deixam o tempo estável e sem chuvas. Isso acontece principalmente porque, ao longo deste inverno, não teremos previsão de chegada do El Niño. O fenômeno acontece quando há o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, alterando o clima e trazendo chuvas para os Campos Gerais.”

 

Agronegócio

A intensificação de geadas e a falta de chuvas neste inverno são dois fatores preocupantes para o setor agropecuarista dos Campos Gerais. Os produtores do Paraná, que já enfrentam uma crise hídrica desde julho de 2019, vêm se reinventando para manter o setor em funcionamento durante a estiagem histórica na região. Este é o caso do agropecuarista Gustavo Ribas Netto, que há mais de trinta anos trabalha com agricultura de grãos e pecuária de corte na região.

Nenhuma descrição de foto disponível.

Foto: Matheus Gaston

 

Filho de proprietários rurais, Gustavo relata que a paixão pela terra vem de berço, e a preocupação com a estação mais fria do ano sempre fez parte de sua rotina: “A gente acaba não tendo muita opção porque no clima a gente não consegue interferir. Então no inverno plantamos cevada, trigo, aveia e azevém ou pastagem, mas é muito restrito se comparado com as culturas de verão no quesito variedade. Opção de plantio no inverno é você aumentar, diminuir ou não fazer algum tipo de cultura conforme vai se encaminhar o clima”.

De acordo com o agropecuarista, o inverno não é a principal estação à agropecuária na região dos Campos Gerais, pois o foco são as culturas de verão, como soja, milho ou feijão, ou beneficiar o gado. “Aqui você faz o inverno com foco no verão. A gente planta aveia e azevém, por exemplo, para fazer ou a camada orgânica para beneficiar as futuras plantações, ou para colocar o gado e fazer a pecuária, a gente planta e solta o gado em cima para engordar e vender no final do inverno”, explica.

Apesar de um começo de estação chuvosa, o que não causou problemas na época do plantio de trigo e azevém, suas escolhas para 2021, Gustavo relata que a maior preocupação para este ano é a falta de água: “A gente é uma indústria a céu aberto, então o pior inverno é aquele que tem a falta da água. No frio a gente usa culturas adaptáveis, então se plantar dentro das janelas adequadas dá certo, mas na falta de água a planta não desenvolve como deve se desenvolver, você não produz o que você tem que produzir, e não consegue gerar o retorno financeiro”.

Para evitar maiores prejuízos durante o inverno, Gustavo implementou em suas plantações aplicativos para monitoramento do desenvolvimento da planta e aplicativos que produzem relatórios com as previsões do tempo de curto prazo, que alertam as mudanças climáticas de duas a três horas antes de atingirem a região. “Isso serve para quando formos fazer a condução da colheita e a pulverização do plantio, momentos em que não pode chover na hora, termos uma noção de o que será feito na lavoura ou não”.

As dificuldades da crise hídrica impactam também no gado, segundo o agropecuarista. Sem chuvas, as pastagens não crescem o suficiente para o gado ter uma alimentação reforçada, o que ocasiona o aumento dos gastos com silagens para os animais e, consequentemente, um menor retorno financeiro. Para Gustavo, tão importante quanto a quantidade de água é a distribuição dessa água durante o ano, para que as precipitações atinjam as plantações ao longo de todas as estações, e não somente no verão. A constância de chuvas, portanto, é crucial para o desempenho do agronegócio nos Campos Gerais.

 

Saúde

A diminuição da temperatura e a baixa umidade relativa do ar também impactam na saúde da população. Com a chegada do frio, aumentam os riscos de contaminação por doenças respiratórias como gripe, resfriado, sinusite, otite e amidalite. Segundo o Ministério da Saúde, o inverno é a estação em que essas doenças se tornam mais recorrentes, tanto pela aglomeração de pessoas em lugares fechados como pela sazonalidade dos vírus que causam tais infecções.

A preocupação com essas doenças é redobrada atualmente por conta da pandemia da Covid-19, que também é ocasionada por um vírus que se prolifera com maior facilidade no inverno. De acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação é a melhor forma de prevenção contra as doenças comuns no período. Entretanto, com o foco voltado para a Covid-19, a população está deixando de lado as vacinações de outras doenças virais, como é o caso da gripe.

Atualmente em Ponta Grossa toda a população acima de seis meses de idade pode se vacinar contra a gripe (H1N1). Para evitar aglomerações nos postos de saúde da cidade, a Prefeitura Municipal está realizando o agendamento online, disponibilizados um dia antes da data de aplicação. O mesmo sistema está sendo utilizado para a vacinação contra a Covid-19, que neste momento contempla pessoas acima dos 45 anos. Para agendar a sua vacina, acesse o site da Prefeitura.

 

Ações Sociais

Com as bruscas quedas de temperatura, características do início do inverno, muitas iniciativas são criadas para arrecadar doações de alimentos e agasalhos para pessoas em situação de vulnerabilidade. A campanha “Aqueça seu Coração com Amor e Empatia” é um exemplo. Organizada pelo Rotary Clube de Ponta Grossa em parceria com a Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG), a ação arrecadou em um único dia 2,8 toneladas de alimentos e mais de 1380 peças de roupas.

De acordo com o Presidente do Rotary, Sérgio Oliveira, as metas alcançadas pela campanha foram além do esperado. “A população abraçou a ideia e o resultado final foi de um trabalho conjunto de união de forças. A proposta da campanha é muito mais de sensibilização da população do que propriamente o objetivo de só ter volume, então o que a gente percebeu é que as pessoas são solidárias, basta ter alguém para encampar a ideia e seguir em frente com ela”, relata.  

Em relação aos contemplados com as arrecadações, a parceria com a Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa permitiu que a campanha destinasse todas as doações para famílias carentes cadastradas no sistema de monitoramento da Prefeitura, moradores de rua e entidades sociais do município. Para Sérgio, mesmo com o aumento de campanhas de arrecadações no inverno, a população deve seguir se mobilizando durante o ano inteiro. “Nada impede a população de continuar ajudando aqueles que precisam, porque a gente sabe que quem tem fome e frio tem pressa, e elas não esperam o inverno chegar. Então quanto mais pessoas conscientizadas e sensibilizadas para essa questão solidária, melhor é para todos”.

 

Ficha técnica

Reportagem: Manuela Roque

Edição e Revisão: Larissa Onorio e Gabriel Ryden

Publicação: Matheus Gaston e Deborah Kuki

Supervisão: Jeferson Bertolini

 

O projeto de cesta agroecológica de Ponta Grossa, promovido por um grupo de voluntários e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), distribui alimentos orgânicos direto da Comunidade Camponesa Emiliano Zapata. Uma vez por semana, voluntários se reúnem e vão ao Distrito de Itaiacoca para buscar os alimentos. Os produtos são oferecidos via WhatsApp aos consumidores. As entregas funcionam com retiradas nas casas dos voluntários, ou por delivery. Além de repassar alimentos orgânicos aos ponta-grossenses, o projeto defende o trabalho do produtor local.

Com início em 2020, a rede de cesta agroecológica pretendia que os ponta-grossenses fossem até a comunidade Emiliano Zapata, tanto para adquirir os produtos como para conhecer de perto o trabalho das famílias. Com a pandemia da Covid-19 o projeto precisou se reinventar. Os produtos são cultivados por Genecilda Gotardo, mais conhecida como Dona Gê. A trabalhadora rural é responsável pela produção dos alimentos orgânicos, que são vendidos por R$ 30,00 a sacola. “Cada unidade possui oito alimentos, que podem sustentar uma família de três a seis pessoas na semana”, explica Mohana Koslosky, coordenadora do projeto de consumo sustentável na Cidade.

 

O projeto defende o trabalho do produtor local Foto: Reprodução Facebook

 

Junto com outros voluntários, Mohana coordena o repasse dos alimentos solicitados a cada semana. A coordenadora destaca o menor custo da cesta agroecológica, se comparado aos valores dos mesmos produtos em supermercados de Ponta Grossa. “Os alimentos produzidos por Dona Gê são orgânicos, têm qualidade e o valor é acessível”, explica. Para a coordenadora, uma alimentação saudável é tão essencial quanto o uso de máscara e álcool em gel durante a pandemia. O voluntário Renan Taques destaca o motivo pelo qual começou a atuar no projeto. “Com a pandemia, soube da dificuldade que a Dona Gê teria em conseguir vender os produtos na Cidade e, desde então, eu e minha esposa (Vivian) auxiliamos na entrega das cestas”, conta.

Dona Gê mora e trabalha há dezessete 17 anos no pré-assentamento Emiliano Zapata. A agricultora explica que a pandemia do novo Coronavírus afetou diretamente nas vendas. “Antes da pandemia, eu conseguia vender os produtos na feira, mas infelizmente não pude retornar com as vendas”, diz. Dona Gê lembra que é um direito de todo cidadão se alimentar com produtos saudáveis e orgânicos, adquiridos por um preço justo.

A cada semana são disponibilizados diversos alimentos orgânicos, que compõem a cesta agroecológica. Aos finais de semana, os voluntários buscam as cestas e demais integrantes da rede de consumo agroecológico. É através do grupo de WhatsApp que são feitas as encomendas e organização semanal das cestas em Ponta Grossa.

 

Ficha-técnica:

Repórter: Leriany Barbosa

Supervisão: Sérgio Gadini

Publicação: David Candido

 Guarda Municipal registrou 136 casos de maus-tratos contra animais em Ponta Grossa, até o mês de outubro de 2020. Segundo a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, existem mais de 30 milhões de animais abandonados.

Ficha técnica:

Repórter: Ana Carolina Barbato

Edição: Mariana Fernandes Golçaves

Publicação: Teodoro Anjos

Supervisão: Paula Melani Rocha


 

Em 2021, a semana da Água ficou marcada por diversas ações, como a manifestação do Papa Francisco, que defendeu o direito universal à água potável, além da campanha da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), que também aproveitou o momento para alertar ao uso consciente da água. O Dia Mundial da Água (dia 22 de março) é uma data definida em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a utilização e os conflitos que envolvem a posse política e a mercantilização causada pela constante procura pela água.

Mesmo com o setor em queda, ecoturismo se destaca 

Um dos principais pontos turísticos de Ponta Grossa, o Buraco do Padre está localizado dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais.

Foto por: Éder Carlos

 

A pandemia afetou o turismo na cidade e gerou danos de 300 milhões de reais em 2020, segundo dados do Ponta Grossa Campos Gerais Convention & Visitors Bureau (PGCG CVB). As referências decorrem do grande número de eventos cancelados por conta da Covid-19. A única área do turismo que não teve queda foi a de atividades e excursões ao ar livre, com aumento na procura em agências.