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Peça aborda temas delicados, como o abuso infantil, através de metaforas e músicas
O penúltimo espetáculo do Festival Nacional de Teatro, FENATA, trouxe para o público o grupo Dia de Arte de Ponta Grossa e sua peça infantil Entre o Sol e a Lua. A encenação conta a história de dois viajantes, Carmélia e Lobato, que buscam encontrar os astros que intitulam a narrativa. Além do sonho dos simpáticos personagens, temos um músico que acompanha as cenas com canções e efeitos sonoros.
A peça é toda moldada para que ocorra em qualquer lugar. Inicialmente, foi pensada para ser exibida ao ar livre, no Lago de Olarias, porém o mau tempo forçou a exibição em um local coberto, no centro de educação ambiental do parque. As intercorrências não afetaram o espetáculo, que mesmo embaixo de chuva encantou os olhos de pequenos e adultos. Isso porque a peça é totalmente lúdica, a começar pelo cenário simples, uma carroça carregada de adereços com aspectos medievais, mas que conta muito da história. E, aquilo que não se pode ver no cenário, os atores convidam para imaginar como em brincadeiras de criança.
Peça fala sobre sonhos, amizade e violência infantil. Foto: Kathleen Schenberger
O figurino e maquiagem também conversam muito com os outros elementos da história. Não se sabe ao certo de onde as personagens vêm ou para onde vão. Existe um encantamento em apenas saber que são seres divertidos em busca de seus sonhos. É fácil se entreter com as trapalhadas das personagens e compreender a mensagem por trás de cada fala e canção.
A peça tem inspiração em livros infantis, como a chapeuzinho vermelho. Da mesma forma que o conto tem uma premissa inocente, ao decorrer da narrativa entendemos que a principal lição da encenação é não confiar em estranhos, pois a criança pode sofrer algum tipo de violência. Esse forte ensinamento é construído delicadamente. As encenações são marcadas para facilitar o entendimento das crianças e os diálogos são bem arquitetados. Além disso, a música tem papel fundamental, pois ora traz animação, ora traz tensão.
O público se divertiu. Especialmente, as crianças se interessaram pela história, riram e se contraíram nas cadeiras quando o vilão estranho entrou em cena. A peça cumpriu com o que buscava levar ao seu público. A única ressalva que precisa ser feita é que o acesso à peça foi muito limitado. O espetáculo se propõe a estar na rua, aquele que chega encontra um espacinho e contempla a história. Porém, em função da chuva, o local de apresentação foi totalmente fechado. Em um primeiro momento, era entendido que a chuva prevaleceu sobre a voz dos atores, mas após a pancada, as portas permaneceram fechadas. Quem estava fora não pôde ver a peça, apenas rondavam o local interessados em saber o que ocorria lá. Lamentável que a chuva tenha atrapalhado e que a organização não tenha se atentado ao público.
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- Produção: Catharina Iavorski
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A peça de encerramento do 50º Fenata contou com previsões de tarot e sucessos da MPB
O mago, os enamorados, o diabo, o enforcado. Essas são algumas cartas de tarot que direcionam e ambientam o espetáculo ‘O grande circo místico'. O musical foi apresentado no encerramento do 50º Fenata, no Cine Teatro Ópera, com a companhia Broadway de Curitiba.
A primeira apresentação de O grande circo místico foi em 1982, como uma criação de peças musicais de Chico Buarque e Edu Lobo, então toda a peça vai acompanhar canções como ‘A História de Lily Braun’, originalmente interpretada por Gal Costa e ‘A Bela e a Fera’, cantada por Tim Maia, contando a história de cinco gerações de uma família circense e quais rumos o circo toma em cada geração.
Na apresentação da última noite, além da música e do tarot, utilizados para direcionar a história, a peça usa de danças e artes circenses, como o balé e o trapézio, fazendo com que o musical fique ainda mais explicativo e profundo, objetivando contar uma história que envolve diversos amores e rumos que a vida pode tomar. Outro artifício que a peça utiliza para contar as histórias é a própria iluminação do palco, onde em momentos de alegria ou tensão as cores das luzes ficam mais quentes e quando o musical se volta para cenas mais tristes e introspectivas, logo o palco fica em cores frias.
Foto: Catharina Iavorski
A atuação dos 18 atores e atrizes, juntamente com as músicas, deixou a peça ainda mais artística e expressiva e a junção de vozes de todos cantando no palco gerou uma harmonia nas canções. Porém, o único ponto negativo foi um problema técnico em relação ao som, que em determinados locais do auditório geraram uma dificuldade de entendimento na letra das músicas.
O espetáculo além de contar a história de uma família circense e todas as suas relações geracionais, trata sobre a força da arte e sobre como ser artista é um ato de resistência. Ao final da peça, é exatamente isso que os atores e atrizes representam. Trocando de figurino, mudando de peças de época para camisetas de resistência, os artistas mostram ao público como a arte é luta.
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- Produção: Maria Luiza Pontaldi
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Tropeço não precisa de cenário complexo ou elenco para alcançar público de todas as idades
O SESC Estação Saudade foi um dos locais de Ponta Grossa que sediou mostras do 50° Festival Nacional de Teatro, o Fenata. No último dia do evento, a peça que levou as pessoas até o prédio foi Tropeço, do grupo de teatro Tato Criação Cênica, de Curitiba.
Tropeço é uma composição teatral de 45 minutos, encenada pelas mãos de dois atores e roteiro composto apenas por onomatopeias. Mesmo sem uma linguagem evidente, o enredo pode ser compreendido por todo o público, um dos elementos que justifica a classificação livre do espetáculo. A peça utiliza como cenário uma bancada, enquanto os atores se vestem de preto para dar ênfase aos personagens principais - as próprias mãos. Para auxiliar no foco da audiência, a peça é feita em um ambiente fechado e escuro, iluminado por velas.
Katiane Negrão e Dico Ferreira dão vida aos personagens. Foto: Maria Luiza Pontaldi
A narrativa é de um casal de idosos e sua vida cotidiana. Os diálogos e discussões dos personagens são fáceis de entender mesmo por onomatopeias, já que os pequenos gestos e palavras são comuns do convívio familiar, ato que arrancou risadas do público de todas as idades. Além disso, os atores garantem uma maior interação com a audiência prestando atenção aos sons e reações fora do roteiro da peça para improvisarem a incorporação no espetáculo. A história do casal principal é cômica e trágica, pois ao fim descobre-se que era apenas montada por lembranças do personagem após o falecimento de sua esposa.
Para uma peça que não conta com cenário complexo ou muitos personagens, o espaço do SESC Estação Saudade serviu o seu propósito. Porém, sendo um local fechado, atingiu a lotação máxima e teve de deixar algumas pessoas na fila do lado de fora das portas, impedindo que aproveitassem o Fenata. Quem entrou, porém, notou certo desconforto. A iluminação pelas velas, apesar de importante para a peça, já haviam queimado grande parte do oxigênio do local ao fim dos 45 minutos. A abertura das portas quebrou a ambiência, mas foi um alívio para o público.
Tropeço foi a penúltima apresentação da Mostra de Convidados do 50° Fenata. O espetáculo provou que não é preciso muito para se fazer teatro. Com as próprias mãos e poucos objetos, é possível criar um verdadeiro espetáculo.
Serviço:
Tropeço, peça teatral convidada do 50° Fenata.
SESC Estação Saudade, às 15h do dia 13/11/2022
Duração: 45 minutos
Criação e atuação de Katiane Negrão e Dico Ferreira
Direção e produção de Fernando Meira
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- Produção: Mariana Fernandes Gonçalves
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Peça: “Hi Breasil” – Mostra Campos Gerais do 50º Fenata (12/11/2022, 16h)
Produção e Realização: Grupo Olho Rasteiro (Curitiba/PR)
Direção: Fernando Vettore
Dramaturgia: Fernando Vettore, Paulo Chierentini e Rana Moscheta
Elenco: Ingrid Leandro, Lucas dos Santos, Paulo Chierentini, Rana Moscheta e Rosane Freire
Direção Musical: Paulo Chierentini
Figurino e Cenografia: Paulo Vinícius
Cenotécnico: Jesmiel Leite
Costura: Atelier de Costura Amaral
Maquiagem: Paulo Soares
Réplica Taça Jules Rimet: Lauro Borges
Coreografia: Lucas dos Santos
Direção de Produção: Rana Moscheta
Realização: Grupo Olho Rasteiro
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Apresentação traz monstros ao palco e reflexões sobre a sociedade
Em um misto de estranheza e nostalgia, a peça “O Ovo da Cuca” conta a história de uma caixa artesanal que dá a luz a todo um mundo repleto de seres e diferentes acontecimentos que juntos fazem uma reflexão sobre aspectos da sociedade, como o imediatismo das redes sociais, a constante vigilância dos celulares e câmeras, e as péssimas condições de trabalho da população.
Interpretada pela atriz Ana Pessoa, a peça envolve o público do começo ao fim através de uma trama confusa e lenta no início, que logo toma um rumo mais animado, alternando entre o drama e a calmaria. Acompanhado por um violino melancólico no início, a trilha sonora se diversifica ao longo da trama, para acompanhar os eventos da história.
Em um primeiro momento, um ser mascarado adentra uma grande caixa, e dela saem olhos gigantes e seres curiosos, como um robô com emoções e um monstro com um único grande olho. Para os mais nostálgicos, a peça pode te fazer recordar os antigos programas infantis que passavam na TV Cultura no início dos anos 2000, já que tanto a estética quanto a música ajudam nessas sensações.
O cenário contou apenas com uma enorme caixa no centro do palco, junto de uma decoração simples. A iluminação ficou por conta da luz do dia, já que a peça foi encenada ao ar livre, e não agregou muito para a peça. Os figurinos que deram vida aos diversos personagens possuíam um design fora do comum, o que , junto da atuação da atriz, trouxeram características próprias aos personagens. Enquanto havia monstros causando medo na platéia de crianças no local, outros traziam uma sensação de paz e acolhimento. No conjunto, figurino casaram ao intensificar aquilo que cada ser queria passar para a plateia.
Por Lucas Ribeiro
SERVIÇO: Serviço: A peça teatral foi apresentada no 50º Festival Nacional de Teatro, no SESC Ponta Grossa, no dia 11 de novembro, às 15 horas, pelo grupo Desembargadores do Furgão.