Foram realizados 14 espetáculos na série de eventos inclusivos na cidade, porém, divulgação efetiva da programação segue questionada 

Foto Maykon Lammerkirt Arquivo Encontro Para Dançar

Foto: Maykon Lammerkirt/Arquivo Encontro Para-Dançar

 

De 8 a 12 de março, o ’Encontro Para-Dançar’ utilizou pela primeira vez a audiodescrição, faixa narrativa adicional para pessoas com deficiência visual, intelectual, dislexia e idosos em espetáculos de dança em Ponta Grossa. Embora diversos eventos já contassem com a transmissão em Língua Brasileira de Sinais (Libras), pela primeira vez foi utilizada a audiodescrição em eventos de dança na cidade.

Professora e uma das responsáveis pela audiodescrição dos espetáculos, Luciane Lopes explica que no Cine Teatro Ópera, os audiodescritores ficavam na cabine de luz e som que fica atrás da platéia. Assim como nas outras apresentações, os fones de ouvido eram distribuídos de acordo com a necessidade dos participantes que integravam o público.

A professora acredita que a educação inclusiva favorece para que haja uma visão mais articulada desse aspecto na sociedade e que tais alterações ampliam o acesso às pessoas de todos os segmentos. "Foi um evento relevante no que tange a acessibilidade, a visão de todos os públicos e das possibilidades que temos com relação ao nosso corpo.”

A necessidade de atender algumas entidades, segundo o professor e intérprete de libras, Mauri Serenato, é o que motiva a realização de tais espetáculos. E ele lamenta que programas como o ‘Encontro Para-Dançar’ não façam parte de uma programação efetiva. “É só ver as divulgações desses eventos, é mínima”, afirma. 

Segundo o professor, o uso da linguagem de sinais é um instrumento favorável à acessibilidade no consumo da arte e cultura, mas a participação do público com deficiência ainda é pequena. “Se faz necessário a sociedade ver e saber da capacidade de superação das pessoas especiais, para que uma divulgação e programação efetiva fomente o surgimento de novos eventos”.

Para Serenato, a baixa participação acontece porque não há acesso às informações dos espetáculos.  “Muitas vezes a família não incentiva o surdo a participar, ele continua ficando em casa. Alguns que já têm uma vida mais independente, participam. Acredito que está começando a mudar, a partir do momento em que eles passam de espectador para protagonista das apresentações”.

De acordo com o professor e também um dos responsáveis pela audiodescrição dos espetáculos, Christhofher Mazur, a educação inclusiva deve proporcionar oportunidade para todos os tipos de pessoas, com deficiência ou não. “De forma igualitária, participativa e colaborativa”, mas o professor também questiona a propaganda dos espetáculos. “Acho que se tivesse mais divulgação e mais recursos, teriam mais pessoas participando”, conclui.

Eventos inclusivos

No dia 8 de março, às 19h, o evento ‘Encontro Para-Dançar’ realizou um pré-evento online com a "Escuta Radical", uma conversa com alunos do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Campus Paranaguá. A transmissão foi feita pela Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra (ABABTG) pelo Youtube.

Ao todo foram 14 espetáculos realizados em espaços alternativos, teatros e auditórios entre os dias 8 a 12 de março de 2022. As apresentações aconteceram em pontos espalhados da cidade como em Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), no Centro Esportivo Jamal Farjallah Bazzi e em pontos turísticos como o Buraco do Padre e o Parque Estadual de Vila Velha.

 

Ficha técnica:

Repórter: Gabriel Clarindo

Edição e publicação: João Paulo Pacheco e Eduardo Machado

Supervisão de produção: Rafael Kondlatsch

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Depois de dois anos sem produção em vídeo, por conta da pandemia, o programa Crítica de Ponta na TV está de volta. A edição de retomada foi produzida pela Turma C, do terceiro ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). As gravações aconteceram no laboratório de Telejornalismo, seguindo protocolos de prevenção contra a covid-19. “Graças a vacina e a todos os cuidados, a gente pode voltar à UEPG e gravar nosso primeiro programa no formato audiovisual”, diz Matheus Gaston, aluno do curso.

 

No ano letivo de 2021, o programa ganhou uma versão semanal inédita em áudio, com exibição na rádio comunitária Princesa FM 87.9 e publicação no portal Periódico. Desde 2009, o projeto divulga críticas culturais e da mídia de Ponta Grossa e região dos Campos Gerais.

 

 

Ficha técnica

Produção: Turma C - terceiro ano

Apresentação e publicação: Matheus Gaston e Tayná Lyra

Repórteres: Ana Moraes, Ana Paula Almeida, Deborah Kuki, Gabriel Ryden, Larissa Godoi, Larissa Onorio, Levi de Brito, Matheus Gaston e Tayná Lyra

Edição: Gabriel Ryden e Larissa Onorio

Técnico responsável: Jairo C. P. de Souza

Supervisão de produção: Sérgio Luiz Gadini

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

A Universidade de São Paulo (USP) lançou no último dia 29 o Livro de Memórias dos Kaingangs do Paraná. A obra foi organizada pela professora do Departamento de Biologia da USP de Ribeirão Preto Fernanda da Rocha Brando e pela doutoranda do programa de Pós Graduação em Biologia Comparada da USP e Ariadne Dall’acqua Ayres, também integrante da Rede Internacional de Pesquisadores sobre Povos Originários e Comunidades Tradicionais - Rede CT. A obra busca registrar experiências individuais e coletivas dos indígenas com o mínimo de interferência de autores não-indígenas.

 CAPALIVROCASSIAOFoto: Capa do Livro

Ao finalizar a pesquisa, Ariadne questionou a limitação de se apresentar os depoimentos apenas no meio acadêmico e buscava contribuição direta para os indígenas. Por meio desse questionamento, a autora decidiu produzir um livro e levar a cultura Kaingang a um público mais amplo.

Regina dos Santos, mestranda em estudos da linguagem pela UEPG e pertencente à etnia kaingang, participou do livro através de um questionário online. “No começo, achei que seria algo difícil de construir. Falar de nossa cultura é algo que mexe com a gente. Me alegrou muito participar desse livro”, comenta Regina.

Para Ariadne, espera-se  que a obra amplie a visibilidade da cultura Kaingang, inclusive enquanto  apoio   pedagógico   para   as comunidade indígenas de Faxinal (PR), Rio das Cobras (PR), Mangueirinha (PR), Kakané Porã (PR) e Chapecó (SC). O livro se encontra no Portal de Livros Abertos da USP e pode ser baixado clicando aqui.

 

Ficha Técnica:

Repórteres: Levi de Brito e Cássio Murilo

Supervisão: Marcos Zibordi e Maurício Liesen 

Publicação: Cássio Murilo

Foto: Rafael Schoenherr.

 

A estreia da exposição "Memórias Entrelaçadas" marca a volta das produções inéditas expostas no Museu Campos Gerais. Desenvolvida ao longo da pandemia, a mostra apresenta um acervo de peças e documentos históricos que remetem às transformações da cultura local durante o século XX. A abertura ocorreu no último dia 28. A visitação pode ser feita de terça a sábado, das 9h às 11h30 e das 13h30 às 17h. A exposição fica em cartaz no salão Saint-Hilaire até julho. A entrada é gratuita. 

Ao todo, a mostra "Memórias Entrelaçadas" é composta por seis acervos incorporados ao MCG desde 2019. Entre os materiais dispostos estão objetos da imprensa, do teatro, da fotografia e dos eventos culturais que ocorreram na cidade ao longo do século passado, bem como registros do desenvolvimento da Univerisdade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Entre os destaques estão acervos incorporados ao Museu ao longo da pandemia, como a coleção pessoal do produtor cultural e publicitário Fernando Durante (1958-2021), vítima da covid-19, e o acervo da empresa de fotografia ponta-grossense Foto Carlos, em atividade na cidade há mais de 70 anos.

As doações se juntam ao acervo de jornais disponibilizado pela Casa de Cultura de Castro, datados do final do século XIX até os anos de 1990, e de objetos que documentam os mais de 50 anos do Festival Nacional de Teatro (Fenata). O último acervo que completa a exposição "Memórias Entrelaçadas" é o conjunto de fotografias e objetos do Foto Elite, adquirido pelo MCG em 2019 e catalogado ao longo da pandemia. 

Para realizar agendamento de visitas escolares e mais informações sobre a exposição, estão disponíveis o telefone (42) 3220-3470 e o e-mail museucamposgerais@uepg.br

 

 

Com informações de assessoria. 

 

Ficha técnica:

Edição e Publicação: Manuela Roque 

Supervisão de Produção: Maurício Liesen

Supervisão de Publicação: Maurício Liesen

 

Só a Netflix prepara 20 produções no Brasil até 2023

 

Resumo

  • Produções da Netflix, a maior do ramo, crescem 66% desde a estreia, em 2017
  • Contracapa, da produtora paranaense GP7 Cinema, integra o catálogo da Amazon Prime Video
  • O Brasil é o segundo país que mais consome serviços de streaming no mundo
  • Para Cássio Kelm, cineasta independente de Ponta Grossa, a centralização da produção pode representar um retrocesso

 

Os serviços de streaming funcionam como locadoras virtuais e revolucionaram a forma como as pessoas assistem televisão. Responsáveis pela produção de séries, filmes e outros produtos de entretenimento audiovisual, estas plataformas empregam cada vez mais atores, produtores e outros profissionais da área. E tornaram-se alternativas para o mercado audiovisual.

A Netflix, maior do ramo no Brasil, tem 20 produções originais brasileiras planejadas para entrarem em seu catálogo até 2023: alta de 66% desde que o serviço começou a investir em produções originais do país, em 2017. Atualmente, 36 obras entre filmes, séries e variedades integram a interface da plataforma. 

Em 2021, a Netflix lançou cinco produções realizadas em solo brasileiro. O Amazon Prime Vídeo, principal concorrente, iniciou seus trabalhos no país neste ano de 2021 e exibe oito títulos nacionais. 

 

Foto: Yuri A.F. Marcinik

 

O serviço de streaming brasileiro Globoplay aparece como o único que se aproxima da Netflix no número de produções nacionais, com 24 títulos lançados a partir de 2018. Ele é o único que tem a possibilidade de exibir suas produções em outros formatos, como a grade de exibição da Rede Globo.   

Segundo o Internet Movie Database (IMDB), a média de orçamento de cada produção varia de 3 a 10 milhões de reais, como é o caso de Bom Dia Verônica (2020), da dupla Ilana Casoy e Raphael Monte.Isso impulsiona uma cadeia empregatícia que pode chegar a até 600 profissionais, sem contar setores que se beneficiam perifericamente, como os de alimentação, transporte e hotelaria.

 

Série Bom Dia Verônica | Crédito: Divulgação

 

Paraná

O cineasta Gutto Pasko, dono da produtora GP7 Cinema, comenta que a alta de produções trouxe algo ainda mais benéfico para o mercado audiovisual, que foi a multiplicação dos chamados players, produtores e fomentadores de conteúdo, que vieram junto com as gigantes do streaming para o Brasil.

“Os streamings são uma nova realidade. Isso não é ruim, pelo contrário. Estão ajudando o mercado a se manter ativo e com os profissionais trabalhando. Séries desse porte, com o orçamento de 3 milhões, acabam gerando um contingente de mais de 400 pessoas empregadas em todo o processo da série”.  

O produtor comenta que esse foi o caso da série Contracapa, que a GP7 Cinema produziu em 2018. Atualmente, ela integra o catálogo do Amazon Prime Video, além de ser exibida no canal pago AXN.

 

Um escândalo político visto por lentes curitibanas - Jornal Plural

Série Contracapa | Crédito: Divulgação

 

Gutto diz que a tendência do lançamento simultâneo nos cinemas e em serviços de streamings é cada vez mais comum. Esse foi o caso de Duna e Matrix Ressurrections nos EUA pelo serviço HBO MAX em 2021. “A gente, como profissionais, deve se adaptar a essas novas regras e entender como isso funciona. Hoje o mercado sobrevive e respira à base das produções dos streamings concentradas no eixo Rio-São Paulo”, comenta Pasko. 

Segundo o portal Finder, o Brasil é o segundo país que mais consome serviços de streaming no mundo, com 64,5% da população assinando pelo menos um serviço.  Ficamos atrás apenas da Nova Zelândia (65,2%) e à frente de países como EUA (58,9%) e Índia (56,9%).

Mesmo com o reajuste de preço das mensalidades, que chegou até 24% dependendo do plano, a Netflix lidera com folga o número de assinantes no Brasil. A empresa é a preferida por 52,6% da população, enquanto os concorrentes mais próximos, como o Amazon Prime Video e o Disney+,  mal atingem 15% da preferência do espectador. 

 

Produção independente

Mas mesmo com a movimentação ativa do setor e geração de empregos, nem todos são amistosos em relação à expansão das produções dos streamings no Brasil. Para Cássio Kelm, cineasta independente de Ponta Grossa, tal centralização da produção no eixo Rio-São Paulo pode representar um retrocesso para a produção nacional. “O perfil desses players desfavorece quem se dedica a fazer um tipo de cinema mais autoral”, comenta Kelm. 

O cineasta fala que profissionais como ele, alheios ao eixo do Sudoeste, só tiveram a chance de entrar no mercado audiovisual e cinematográfico graças a políticas promovidas por órgãos públicos, como a Petrobrás, de capacitação e descentralização na década de 2000 e início de 2010.

“Pessoalmente, não vejo problema no convívio entre cinema e streaming. Mas essa concentração tende a nos levar de volta para o tempo em que quase toda a produção nacional era realizada no eixo Rio-São Paulo, o que prejudicava a diversidade e inclusão de novos profissionais.” 

Kelm comenta que todo filme precisa passar por uma trajetória de distribuição. Ela começa na exibição em festivais e precisa ir para o lançamento no circuito de salas de cinema. Isso garante publicidade prévia e favorece a distribuição doméstica, o que inclui a colocação dos filmes nos catálogos das plataformas de streaming. “ É crucial esse tipo de lançamento. Pois assim, o filme já chega com uma boa publicidade, e às vezes até com um público, para a plataforma e formato em que será distribuído”.

O cineasta comenta que isso não é apenas benéfico para os produtores e realizadores da obra. “Quando o filme é negociado nesses termos, ele se torna vantajoso tanto para nós, que o produzimos e assim temos o retorno pelo esforço e recursos investidos, quanto para aqueles que o exibem, que já possuem um público alvo para focar nos anúncios. Com o lançamento direto para o streaming, tal trajetória e encontro de público é inexistente, e por isso se torna um problema para quem produziu, pois nos deixa sem  argumentos para que a distribuição seja feita de forma a beneficiar ambas as partes.”

 

Ficha Técnica: 

Repórter: Yuri A.F. Marcinik

Edição: Gabriel Clarindo Neto

Publicação: Gabriel Clarindo Neto

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi e Maurício Liesen