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- Produção: Evelyn Paes e Leonardo Duarte
- Categoria: Cultura
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Jornalista relata visita à mansão e comportamento dos fãs
Nos últimos meses o podcast ‘’A Mulher da Casa Abandonada’’, da Folha de São Paulo, ganhou repercussão nas redes sociais. Criado pelo jornalista Chico Felitti, a narrativa conta a história de uma mulher misteriosa que vive em uma mansão no bairro de Higienópolis, região nobre de São Paulo. Mas o que surpreendeu o público, e até o próprio jornalista, foi a história que estava escondida por trás das grandes paredes daquele casarão.
A investigação do caso e a narração envolvente de Chico conquistaram o público, tornando ‘‘A Mulher da Casa Abandonada’’ o podcast mais ouvido do Brasil. O programa ocupou primeiro lugar no ranking dos podcasts mais ouvidos do país na plataforma Spotify.
O sucesso da série em áudio levou fãs e curiosos a passar em frente ao casarão em Higienópolis. Muitas pessoas visitam a região por curiosidade e para ver o que é narrado no podcast. Segundo a jornalista Denise Martins Lira, que passou em frente à mansão, o local tem um aspecto abandonado e sujo exatamente como é narrado no programa. ‘‘Depois que alguns episódios foram lançados, pessoas picharam a fachada. Visitei lá pois estava em um local perto e fiquei curiosa para ver a casa’’, acrescenta.
Desde 2020 com o surgimento da pandemia da Covid-19 que os podcasts vêm crescendo e se tornando grandes fenômenos. A professora do curso de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Graziela Soares, conta que com o isolamento social as pessoas passaram mais tempo em casa e assim puderam fazer atividades que não faziam antes. ‘‘As plataformas online também mudaram a forma do consumo, primeiramente de música e a partir disso foram percebendo que dava para ouvir outras coisas. Com isso os podcasts tiveram um aumento significativo de ouvintes’’, explica.
A cultura dos fãs de podcasts também cresce, mas nem sempre resulta em ações positivas. De acordo com a jornalista Denise Lira, no caso da “A Mulher da Casa Abandonada”, algumas pessoas levaram para um lado de espetacularização. Além das pichações na mansão, Denise nota outros aspectos comportamentais. ‘‘No dia que eu visitei a casa, tinham várias pessoas em volta posando para foto, crianças sendo erguidas pelos pais para ver o interior da entrada da casa, equipe de reportagem filmando e entrevistando as pessoas, além de gritos do pessoal chamando a mulher misteriosa’’, diz.
Serviço:
O podcast ‘‘A Mulher da Casa Abandonada’’ pode ser encontrado na plataforma online Spotify. O programa investigativo conta com 7 episódios.
Foto: Muriel E. P. Amaral
Ficha técnica:
Reportagem: Evelyn Paes e Leonardo Duarte
Edição e publicação: Catharina Iavorski
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira
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- Produção: Isadora Ricardo
- Categoria: Cultura
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A artista é convidada para o Setembro em Dança, um dos maiores eventos culturais do Paraná
Ana Botafogo tem 45 anos de carreira nos palcos dançando. Ela é uma das bailarinas convidadas para a palestra que acontece nesta terça-feira, 13, às 14h, no Cine Teatro Ópera. Ana é a primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A experiência dela no ramo foi motivo para ser jurada na mostra competitiva de balé clássico que acontece em Ponta Grossa. A participação dela faz parte da programação do Setembro em Dança, o maior evento de dança do estado do Paraná. O Periódico aproveitou a passagem de Ana Botafogo pela cidade e a entrevistou sobre o futuro da dança no País e ela deu dicas para quem deseja seguir a profissão.
Periódico: Durante a pandemia, a dança foi deixada de lado. Que dificuldades você encontra hoje para um bailarino que quer viver da dança no Brasil?
Ana Botafogo: Foram momentos muito difíceis na pandemia, sobretudo para o artista bailarino. O bailarino, apesar de ter se mantido em forma dentro de casa, precisa de espaço e do palco para poder se desenvolver enquanto artista e fazer toda a técnica que a dança exige, seja ela qual for. Os bailarinos estão se recuperando, muitos se perderam porque precisaram sobreviver, ter trabalhos, e deixaram de dançar por conta da sobrevivência. Hoje, os festivais estão recomeçando e isso é muito bom, não só para companhias e grupos profissionais, mas para os jovens bailarinos, que começam a entrar em mostras competitivas e concursos, e tem como estímulo se preparar, ensaiar e participar de mostras.
Atualmente, você trabalha mais com workshops e palestras. Qual considera ser sua missão nessa área?
Minha missão, agora longe dos palcos, é estimular os jovens bailarinos a ter essa paixão pela dança e continuar, porque eles são responsáveis pela continuação da dança dentro do cenário brasileiro. Tenho preparado alguns bailarinos para concursos e é isso que gosto de fazer. É muito importante que quem tem festivais, como o Setembro em Dança, possa continuar, porque são esses eventos que estimulam bailarinos a se aprimorarem. Estar no palco é diferente do que estar em sala de aula. As pessoas me perguntavam se quando eu parasse de dançar eu não ia fazer mais nada, mas ainda temos muito para fazer com a dança e pela dança.
Justamente pelo fato da dança ter sido deixada de lado durante a pandemia, você acredita que o que temos de fomento à cultura é suficiente?
Ainda não. Tivemos muitos problemas, ainda existe a Lei Rouanet, que é a maior que temos [para a cultura]. Acho que houve um atraso muito grande na organização e na análise dos projetos. Há um movimento grande dos artistas e produtores culturais para que possamos retomar e ter incentivos do próprio governo, porque isso ajuda a classe cultural em um todo. Sou uma pessoa positiva e esperançosa. Já temos que pensar em 2023, porque agora temos as eleições e tudo fica parado.
Foto: Joyce Clara do Lago Pereira dos Santos
Você acredita que a dança ainda é elitizada?
As pessoas pensam muito nisso, mas cada vez mais isso foi morrendo, sobretudo nos grandes centros, onde já vemos um movimento maior da dança e do balé, com um público maior. A missão do bailarino é popularizar a dança, acho que consegui bastante, mas não podemos esmorecer. Temos que levar a dança para o povo entender o que é e depois virem para o teatro. O público em geral precisa ter acesso à dança, música, teatro.
No eixo Rio-São Paulo existem mais projetos, apresentações e espetáculos de dança. Mesmo atuando mais nesses centros, qual importância você dá para a dança no interior?
Total importância. São eventos como esse, que trazem profissionais e professores da dança, que vão fazer essa interação com os alunos da região, porque traz também uma gama de estudantes que não são só daqui da cidade. Essa aglomeração em torno da dança é muito boa, faz toda diferença na vida do aluno bailarino.
Para finalizar, você teria alguma dica para bailarinos que estão começando a carreira?
Tenham foco e disciplina. A dança exige disciplina, porque precisamos trabalhar o físico, o corpo, a mente e a técnica, seja qual dança for. O bailarino é atleta e ator, além da técnica, ele precisa transmitir emoções e o principal, precisa emocionar o público.
Serviço:
O Setembro em dança é um festival realizado pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, juntamente com a Secretaria Municipal de Cultura. Com início em 2 de setembro, o evento ocorre até sábado, dia 17. São mais de 160 horas de programação que envolvem aulas, workshops, oficinas e mostras competitivas. A programação completa você encontra no link.
Ficha técnica:
Reportagem: Isadora Ricardo
Edição de áudio: Leriany Barbosa
Publicação: Maria Helena Denck
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Maurício Liesen
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- Produção: Lilian Magalhães e Maria Helena Denck
- Categoria: Cultura
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Marighella foi o primeiro filme exibido gratuitamente para o público
Cineclubes são de importância para a promoção de obras audiovisuais produzidas em território nacional, desde documentários a histórias curtas. Muitos deles oferecem sessões gratuitas, como a exibição do filme Marighella, dirigido por Wagner Moura. A iniciativa foi do Diretório Acadêmico Livre de História (Dalhis) que inaugurou o cineclube Projetando Ideias com o apoio do espaço Museu Campos Gerais (MCG).
A primeira temporada do Projetando Ideias tem como tema os governos autoritários. A escolha foi sugestão do próprio cenário político atual, como aponta Felipe Ferreira, organizador do grupo. “É um período muito perturbado, democraticamente falando. Ter um espaço de resistência para que possamos debater esse tema é muito importante”, analisa.
Para ele, o projeto também colabora para uma discussão mais aprofundada sobre o cinema em si, a fim de fugir da lógica do cinema somente como lazer. “Queremos trazer o cinema para o debate, não apenas assistir o filme e gostar da experiência, mas falar sobre o filme, a produção e o que a obra propõe”, afirma Ferreira.
“Marighella” é o filme de estreia de Wagner Moura como diretor. Foto: Lilian Magalhães
Raul Freitas, graduando em História na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), acompanha as exibições de filmes promovidas pelo Dalhis desde 2019. “A minha primeira visita foi na Semana de Integração, e todo mundo que assiste o filme pode trazer sua reflexão. É uma pena que falta a participação ativa de mais jovens da comunidade acadêmica”, aponta.
Thiago Tsutsui, professor e frequentador do evento, elogia a iniciativa, a organização, a escolha do filme e a qualidade de exibição do longa. De acordo com ele, o fato da atividade ser gratuita é um atrativo a mais. “Precisávamos de mais iniciativas como essa, já que pagar vinte reais em meio ingresso para o cinema está ficando completamente inacessível”, afirma.
Além dessa iniciativa, outras propostas começam a surgir. Projetos como o Fissura, do Colégio Sant’Ana, e o Foca na Tela, promovido pelo Cultura Plural, realizado pela UEPG, trouxeram a discussão sobre cinema e política para a cidade em anos anteriores, mas foram extinguidos. Nos dias de hoje, apenas o cineclube curitibano Espoletta faz exibições esporádicas em Ponta Grossa, e, a partir deste mês, o Projetando Ideias promete realizar exibições esporádicas no MCG.
Ficha técnica:
Reportagem: Lilian Magalhães e Maria Helena Denck
Edição e publicação: Ana Luiza Bertelli Dimbarre e Catharina Iavorski
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Maurício Liesen
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- Categoria: Cultura
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Além do comércio, local é ponto de encontro de praticantes e amigos
Adilson Koslowski, proprietário da Casa 7 Linhas, vende artigos religiosos e orienta os clientes quanto ao uso de cada produto.
Ao caminhar pelo calçadão da Fernandes Pinheiro, o ponta-grossense se depara com uma loja simples, onde o que chama a atenção são as imagens de Pretos Velhos e Iemanjá. Passando pela porta, sente o cheiro característico de produtos de defumação, essências, incensos e preparados para banhos. É a Casa 7 Linhas, a mais antiga loja de artigos para rituais afro-brasileiros, que funciona há pelo menos 60 anos no mesmo lugar.
Ao entrar na loja, atrás de um pequeno balcão, encontramos Adilson Koslowski, 54 anos, filho da fundadora da loja. Ele está há seis anos à frente dos negócios, desde que a mãe se afastou por problemas de saúde. Em meio ao grande movimento de clientes, Adilson se dispõe a relatar a história do local.
Num espaço de cerca de 25 metros quadrados, estão dispostas duas fileiras de estantes repletas de estátuas de entidades de matriz afro e santos católicos. Há até uma separação entre as imagens, segundo Adilson mais por motivos estéticos que religiosos. Nas prateleiras que cobrem as duas paredes laterais, estão dispostas caixas de defumadores, frascos de essências e preparados para banhos, velas de todas as cores e tamanhos, fitas, pratos de cerâmica para oferendas.
Também chamam a atenção tambores de diversos tamanhos, os chamados atabaques, e uma arara com vestes rituais. Espalhados pela loja, pequenos altares, dedicados a Zé Pilintra, Exu e Iemanjá tem diante de si pratos em que os filhos de santo depositam moedas, cigarros, charutos e outras oferendas.
Adilson começa a contar a história da loja. Fala do tempo em que sua mãe esteve à frente do atendimento, conta do problema de saúde pelo qual ela passou e como assumiu o negócio. Indagado sobre sua ligação com a umbanda, diz que é estudioso da religião, faz suas oferendas, mas não está ligado a nenhum terreiro.
Então é interrompido por uma cliente em busca de defumadores. Ela apanha uma caixa do produto e leva ao balcão:
- Como é que usa, moço?
- Pega dois defumadores, acende no fogão deixa formar brasa e vem do fundo da casa para a frente.
Em poucos minutos a cliente decide qual defumador levar e resolve levar também uma essência para uso no corpo.
Retomamos a conversa falando sobre a convivência com a vizinhança. De um lado da Casa 7 Linhas está uma loja de roupas de propriedade de uma família muçulmana. Do lado oposto, cristãos de diversas vertentes. Além da diversidade de pessoas que passam defronte à loja, que é vizinha ao Terminal Central. Adilson resume este convívio: “Conheço todo mundo, converso com todo mundo, me dou bem com todo mundo.”
A entrevista é mais uma vez interrompida. Agora chega um senhor, com seus cinquenta anos. Nas mãos traz uma sacola cheia de farelo de milho e conta que vai fazer uma ceva, comida para atrair peixes, para depois fazer uma pescaria. Como típico pescador, entra para apenas conversar. E relata suas histórias, conta de seus locais preferidos. “A represa em Carlópolis é um lugar muito bom. Lá tem peixes ótimos.” Adilson deixa claro que não come peixes.
Depois da saída do pescador, falamos sobre as imagens dispostas nas prateleiras e o sincretismo religioso. Adilson explica que os santos católicos e as entidades de matriz afro são os mesmos personagens, com nomes diferentes. Como exemplo, mostra Santo Antonio e seu correspondente Exu.
Nesse primeiro encontro, que durou cerca de meia hora, percebemos o intenso movimento da loja, tanto com pessoas interessadas em adquirir os produtos à venda, quanto de amigos que chegam apenas para conversar. Marcamos também uma entrevista com a mãe de Adilson, que será publicada em breve no Periódicos.
Antes de sair, Adilson nos atualiza sobre a quantidade de lojas similares em Ponta Grossa. São quatro, todas localizadas no Centro.
Ficha Técnica:
Reportagem e fotos: Eder Carlos
Supervisão de Produção e Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen
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- Produção: Gabriel Clarindo
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Foram realizados 14 espetáculos na série de eventos inclusivos na cidade, porém, divulgação efetiva da programação segue questionada
Foto: Maykon Lammerkirt/Arquivo Encontro Para-Dançar
De 8 a 12 de março, o ’Encontro Para-Dançar’ utilizou pela primeira vez a audiodescrição, faixa narrativa adicional para pessoas com deficiência visual, intelectual, dislexia e idosos em espetáculos de dança em Ponta Grossa. Embora diversos eventos já contassem com a transmissão em Língua Brasileira de Sinais (Libras), pela primeira vez foi utilizada a audiodescrição em eventos de dança na cidade.
Professora e uma das responsáveis pela audiodescrição dos espetáculos, Luciane Lopes explica que no Cine Teatro Ópera, os audiodescritores ficavam na cabine de luz e som que fica atrás da platéia. Assim como nas outras apresentações, os fones de ouvido eram distribuídos de acordo com a necessidade dos participantes que integravam o público.
A professora acredita que a educação inclusiva favorece para que haja uma visão mais articulada desse aspecto na sociedade e que tais alterações ampliam o acesso às pessoas de todos os segmentos. "Foi um evento relevante no que tange a acessibilidade, a visão de todos os públicos e das possibilidades que temos com relação ao nosso corpo.”
A necessidade de atender algumas entidades, segundo o professor e intérprete de libras, Mauri Serenato, é o que motiva a realização de tais espetáculos. E ele lamenta que programas como o ‘Encontro Para-Dançar’ não façam parte de uma programação efetiva. “É só ver as divulgações desses eventos, é mínima”, afirma.
Segundo o professor, o uso da linguagem de sinais é um instrumento favorável à acessibilidade no consumo da arte e cultura, mas a participação do público com deficiência ainda é pequena. “Se faz necessário a sociedade ver e saber da capacidade de superação das pessoas especiais, para que uma divulgação e programação efetiva fomente o surgimento de novos eventos”.
Para Serenato, a baixa participação acontece porque não há acesso às informações dos espetáculos. “Muitas vezes a família não incentiva o surdo a participar, ele continua ficando em casa. Alguns que já têm uma vida mais independente, participam. Acredito que está começando a mudar, a partir do momento em que eles passam de espectador para protagonista das apresentações”.
De acordo com o professor e também um dos responsáveis pela audiodescrição dos espetáculos, Christhofher Mazur, a educação inclusiva deve proporcionar oportunidade para todos os tipos de pessoas, com deficiência ou não. “De forma igualitária, participativa e colaborativa”, mas o professor também questiona a propaganda dos espetáculos. “Acho que se tivesse mais divulgação e mais recursos, teriam mais pessoas participando”, conclui.
Eventos inclusivos
No dia 8 de março, às 19h, o evento ‘Encontro Para-Dançar’ realizou um pré-evento online com a "Escuta Radical", uma conversa com alunos do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Campus Paranaguá. A transmissão foi feita pela Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra (ABABTG) pelo Youtube.
Ao todo foram 14 espetáculos realizados em espaços alternativos, teatros e auditórios entre os dias 8 a 12 de março de 2022. As apresentações aconteceram em pontos espalhados da cidade como em Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), no Centro Esportivo Jamal Farjallah Bazzi e em pontos turísticos como o Buraco do Padre e o Parque Estadual de Vila Velha.
Ficha técnica:
Repórter: Gabriel Clarindo
Edição e publicação: João Paulo Pacheco e Eduardo Machado
Supervisão de produção: Rafael Kondlatsch
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen