Segundo especialista, barreiras no aprendizado podem ser evitadas com adaptações no currículo

Educar uma criança com autismo é um desafio para os pais e para os profissionais da educação. A neuropsicopedagoga e professora especializada em educação inclusiva, Cleuci Mara Barbosa Martins, explica que os obstáculos enfrentados pelos alunos autistas podem ser evitados com as intervenções certas.“O ambiente escolar não deve ser preparado apenas com tutor ou auxiliar de inclusão, o aluno com TEA precisa que todos estejam preparados, desde aquele que recebe o autista no portão e o encaminha para a sala até quem prepara o alimento”, aponta.


De acordo com Cleuci, a dificuldade mais grave que um aluno autista enfrenta nas escolas regulares sem o devido preparo, é a integração sensorial, já que a forma como eles veem o mundo e processam as informações sensoriais dentro de cada ambiente, é diferente das outras pessoas. “Adaptação curricular não é dar atividades com menos dificuldades ou de séries anteriores ao que o aluno está, eles precisam de metodologias diferenciadas. Nós precisamos transformar a vida do nosso aluno no objeto e na ferramenta do aprendizado dentro das habilidades funcionais”, explica a neuropsicopedagoga.


Para Lorena Rebonato, mãe de Davi, diagnosticado com autismo moderado, a inclusão de seu filho na escola regular não ocorreu mesmo com o auxílio de tutores. “O profissional auxiliar deveria ser especializado em educação especial, pois tem que saber o que é o autismo e como lidar com ele, mas geralmente os tutores são estagiários e ainda não sabem atender as necessidades dos alunos com TEA. A inclusão acaba tendo que ser feita pela própria professora e o que acontece é a separação do aluno autista do resto da turma”, relata a mãe.


O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio de neurodesenvolvimento que compromete as funções cognitivas, caracterizado na maioria dos casos por manifestações comportamentais, dificuldade na comunicação e interações sociais, incluindo padrões de conduta repetitivos e interesses restritos.

 

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Crédito: Cleuci Barbosa Martins (Acervo Pessoal)

Iniciativas
Desde 2019, em Ponta Grossa existem programas de acolhimento e inclusão para pessoas com deficiência, realizados pelo Observatório de Inclusão. Uma das iniciativas que auxiliam autistas e familiares é o Projeto Autitude, no qual participam cerca de 150 famílias. A principal finalidade do projeto é promover a implementação efetiva da Lei n 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.


Segundo Monique Borgo, colaboradora do Projeto Autitude, um dos objetivos é apoiar as famílias, principalmente, logo após o diagnóstico e auxiliar com orientações. Além do programa voltado ao autismo, o Observatório oferece projetos de acolhimento a todas as deficiências, como síndrome de Down e outras doenças e síndromes raras. Conforme Monique, o projeto oferece assistências como grupos de apoio voltado para troca de experiência entre pais, orientações jurídicas e discussões sobre temas voltados a essas causas.


De acordo com Célia Carreira, vice-presidente do Observatório, a maioria das crianças e adolescentes participantes do projeto matriculados em escolas regulares, encontram muita dificuldade em relação à adaptações curriculares inclusivas, a maior parte das recusas vem de escolas privadas. “No que diz respeito à existência de deficiência, em especial, o autismo, não há razões legais para legitimar a recusa na matrícula, portanto, a matrícula é obrigatória e passível de penalização”, diz a vice-presidente.

Ficha Técnica:

Reportagem: Heloísa Ribas
Edição e publicação: Valéria Laroca
Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Aprendizado de alunos autistas tem seus obstáculos, mas com as intervenções certas e adaptações no currículo, é possível a inclusão na classe

 

Em Ponta Grossa, há programas de acolhimento e inclusão para pessoas com necessidades especiais realizados pelo Observatório de Inclusão. Para os autistas e seus familiares, o Projeto Autitude integra cerca de 150 famílias, onde a principal finalidade é promover a implementação efetiva da Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Segundo Monique Borgo, colaboradora do Projeto Autitude, a ação apoia famílias após o diagnóstico. O Observatório também oferece projetos de acolhimento a outras deficiências, doenças e síndromes, como Down. Conforme Monique diz, o projeto oferece auxílios de grupo de apoio para pais, orientações jurídicas e discussões sobre temas voltados à essas causas.

Segundo Celia Carreira, vice-presidente do Observatório, crianças e adolescentes participantes do projeto matriculados em escolas regulares enfrentam dificuldades em relação ao direito de inclusão e adaptações curriculares. Ela aponta que a maior parte das recusas vem de escolas privadas. “No que diz respeito à existência de deficiência, em especial, o autismo, não há razões legais para legitimar a recusa na matrícula, portanto, a matrícula é obrigatória e passível de penalização”.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio que compromete o desenvolvimento, caracterizado na maioria dos casos por manifestações comportamentais, dificuldade na comunicação e nas interações sociais, incluindo comportamentos repetitivos. Logo, educar uma criança com autismo é um desafio para os pais e para os profissionais da educação.

 

Pauta Heloisa Ribas

Foto: Cleuci Mara Barbosa Martins (Acervo Pessoal)

Cada criança com TEA apresenta dificuldades variadas pois cada caso é único. Então, pais, professores e escola devem entender essas particularidades e se adaptar da melhor forma, para auxiliar o desenvolvimento do aluno. “O ambiente escolar não tem que só ser preparado com um tutor ou auxiliar de inclusão, o aluno com TEA precisa que todos estejam preparados, desde aquele que recebe o autista no portão e o encaminha para a sala até quem prepara o alimento”, diz Cleuci Mara Barbosa Martins, neuropsicopedagoga e professora especializada em educação inclusiva.

Cleuci destaca que a dificuldade mais grave enfrentada por alunos autistas nas escolas regulares, é a integração sensorial. A forma de ver o mundo e processar as informações sensoriais é diferente de outras pessoas. Mas, conforme a neuropsicopedagoga, adaptações no ambiente e no currículo tornam possível a inclusão desses alunos. “Adaptação curricular não é dar atividades com menos dificuldades ou de séries anteriores ao que o aluno está, eles precisam de metodologias diferenciadas. Nós precisamos transformar a vida do nosso aluno no objeto e na ferramenta do aprendizado dentro das habilidades funcionais”.

Lorena Rebonato, mãe de Davi, diagnosticado com autismo moderado, diz que mesmo com auxílio de tutores, a inclusão de seu filho não ocorreu efetivamente na escola de ensino regular onde está matriculado. “O profissional auxiliar deveria ser especializado em educação especial, pois tem que saber o que é o autismo e como lidar com ele, mas geralmente os tutores são estagiários e ainda não sabem atender as necessidades dos alunos com TEA”. Segundo ela, escolas normais não deveriam, mas ainda enfrentam dificuldades. “A inclusão acaba tendo que ser feita pela própria professora e o que acontece é a separação do aluno autista do resto da turma”.

 

Ficha técnica: 

Repórter: Heloisa Ribas

Edição e publicação: Vinicius Sampaio

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

Modelo de ensino prioriza preparo profissional em detrimento da formação humanística dos estudantes

Acúmulo de disciplinas, divergências em relação às novas aulas e exaustão estão entre as principais reclamações de professores e estudantes em relação ao Novo Ensino Médio. O modelo de ensino, aprovado por meio de medida provisória em 2016, começou a valer oficialmente no ano letivo de 2022. Alvo de críticas desde que foi anunciado há seis anos, o Novo Ensino Médio provocou mudanças na rotina de estudantes e professores.

Imagem: Arilson_Schenberger | Arquivo Periódico

Pesquisa mostra crescimento de 66,3% entre 2019 e 2021

 

A pandemia de covid-19 obrigou diversos setores da sociedade a fecharem suas portas no início de 2020 e se adaptarem às normas estabelecidas. As escolas foram as primeiras a paralisar suas atividades. A partir disso, as crianças ficaram praticamente dois anos em casa com aulas remotas.

Apenas em 2022, com o avanço da vacinação na população em geral, as escolas começaram a retornar suas atividades presencialmente. Durante a pandemia, mudanças nas formas de ensino provocaram dificuldade no aprendizado. Segundo dados da ONG Todos Pela Educação, o número de crianças de 6 e 7 anos analfabetas cresceu 66,3% de 2019 para 2021.

 

Desigualdade em números

O Brasil tem cerca de 2,4 milhões de crianças. Segundo o estudo, 40,8% são analfabetas. As desigualdades sociais e étnicas são refletidas nesses dados. A maioria das crianças analfabetas são pretas (47,4%), enquanto as brancas correspondem a 35,1% desse grupo. Os dados também mostram que, de acordo com a renda per capita do domicílio, apenas 16,6% dessas crianças residem em moradias ricas, enquanto 51% residem em regiões pobres.

 

Consequências do analfabetismo

De acordo com a psicóloga Bruna Blem Fillus, a não alfabetização na idade correta eleva o risco de reprovação, abandono e/ou evasão escolar. O problema também afeta a saúde mental das crianças, trazendo dificuldades de socialização e menores chances de denúncias de abuso.

Lais Ventura, mãe de Luisa, de 7 anos, percebeu como a pandemia afetou o ensino da filha. De acordo com ela, a filha não sabe ler e nem escrever. Durante o período de aulas escalonadas, a estudante teve problemas de interação com colegas e professores. A mãe inclusive começou a levar a criança ao psicólogo.

Segundo Lais, a professora de Luisa recomendou que a criança frequentasse as aulas presencialmente, pois percebeu uma maior dificuldade com a adaptação ao online. “As escolas e professores tiveram um esforço de preparar as aulas para o ensino remoto, seja pelo Google Meet ou plataformas digitais. Porém, as crianças não têm a concentração necessária para aprender, e os pais não têm a capacitação necessária para ensinar”, comenta.

 

Problemas do ensino remoto
Conforme uma pesquisa sobre o uso de internet por crianças e adolescentes no Brasil, é recomendado que durante a primeira infância (até os 6 anos de idade) crianças não passem mais de 2 horas diárias em frente à televisão, celular ou computador. No entanto, durante o ensino remoto, os estudantes saíram de um ambiente escolar preparado e capacitado para terem aulas em frente à telas, em suas casas.

 

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Foto: Anna Flavia Arana/Arquivo Periódico


De acordo com um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de problemas de aprendizagem, o ensino remoto pode resultar em dificuldades de interação social e controle de impulsos. Além disso, nas escolas as crianças têm a atenção necessária de profissionais especializados em um ambiente pedagógico e socioemocional. Já em casa, as crianças não têm os pais à disposição e um ambiente propício para aprendizado.
Por outro lado, algumas crianças foram impossibilitadas de acompanhar as aulas pela falta de internet ou aparelhos eletrônicos. Um levantamento mostra que 60% dos estudantes de escolas públicas possuem conexão de baixa qualidade ou não têm acesso à internet. Em escolas privadas, esse problema atinge apenas 17% dos alunos.

 

Como reverter o problema?
A professora Thaynã Pietrobelli, da Escola Municipal Professor Paulo Grott, conta que o grupo docente percebeu uma defasagem significativa das crianças no retorno presencial. No entanto, também observou que aquelas que tiveram acompanhamento e apoio direto dos pais e/ou responsáveis apresentaram um quadro de aprendizagem um pouco melhor.
Como estratégia, no início das aulas, os profissionais da escola elaboraram uma avaliação de aprendizagem para verificar os conhecimentos adquiridos ou não durante o ensino online. A partir disso, as professoras desenvolveram atividades diversificadas e individualizadas para cada aluno, visando o desenvolvimento e nivelamento do ensino para que toda a turma consiga trabalhar.

 

Ficha técnica

Reportagem: Yasmin Orlowski

Edição e publicação: Deborah Kuki e Matheus Gaston

Supervisão de produção: Rafael Kondlatsch

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

 

Investimentos em Ciência e Tecnologia caíram cerca de 83% entre 2013 e 2021, alcançando este ano o menor nível dos últimos 13 anos

 

Resumo

  • Governo Bolsonaro retira 90% das bolsas de pesquisa no Brasil e passa a ser R$55 milhões;
  • PLN 16/2021 prevê crédito suplementar em favor do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e beneficiaria o CNPq;
  • Em 2013 a verba para área de ciências e tecnologia era de R$ 11,6 bilhões;
  • A bolsa para a produção científica é também uma forma de garantir que os alunos da pós-graduação tenham dedicação exclusiva à pesquisa e consigam fazer os experimentos sem dividir com outras atividades profissionais.

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou, no dia 15 de outubro, a lei que retira 92% dos recursos previstos para o financiamento de bolsas de pesquisas este ano. A proposta partiu do ministro da Economia, Paulo Guedes, que modificou o Projeto de Lei nº 16 de 2021 que inicialmente destinava R$ 690 milhões à Ciência e Tecnologia e agora terá o valor alocado para apenas 55 milhões.
A cientista Mellanie Fontes-Dutra, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera que a diminuição do orçamento do MCTI é extremamente prejudicial para a ciência brasileira, pois pode afetar o financiamento de pesquisas: “Os prejuízos são imensos, tanto pessoais, na vida dos pesquisadores que dependem das bolsas para manterem seus projetos, quanto na sociedade, a nível de ciência e de desenvolvimento. Sem a ciência o país não vai progredir”.
Segundo Mellanie, os maiores afetados pelo corte de verbas são os pesquisadores que realizam um mesmo trabalho durante anos, necessitando fazer coletas de dados com datas específicas para que haja uma avaliação e uma análise de parâmetros ao longo do tempo. “Há pesquisas que estão sendo feitas há anos, há grupos de pessoas que estão sendo acompanhadas há décadas. Se você interromper uma pesquisa dessas, não tem como retomar em um outro momento”, completa.

LABORATÓRIO ALEXANDRE DOUVAN

Fotografia - Alexandre Douvan

 

Entenda o que é o PLN 16/21
O PLN 16/21 prescrevia um crédito suplementar em favor do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), especificamente para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT e para a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. O projeto também beneficiava diretamente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, órgão responsável pela concessão de bolsas de estudo para estudantes e pelo apoio a projetos de pesquisa.
No entanto, poucas horas antes da votação do PLN 16/2021, o Ministério da Economia enviou um ofício à Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional (CMO) solicitando a divisão dos valores e a alocação da maior parte dos recursos para outras áreas. O maior beneficiário será o Ministério do Desenvolvimento Regional, que receberá cerca de R$ 252 milhões.
O remanejamento de recursos pelo Governo Federal gerou críticas entre entidades científicas. Em nota conjunta, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e a Academia Nacional de Medicina (ANM) alegaram que a retenção de recursos da ciência para o pagamento da dívida pública é ilegal e que é inaceitável que os recursos destinados para o setor sejam desviados para outras funções.
A alteração do projeto recebeu críticas até mesmo de partidários do presidente Jair Bolsonaro, incluindo o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes: “Falta de consideração. Os cortes de recursos sobre o pequeno orçamento de Ciência do Brasil são equivocados e ilógicos. Ainda mais quando são feitos sem ouvir a Comunidade. Científica e Setor Produtivo. Isso precisa ser corrigido urgentemente”, escreveu.
Em debate na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, no dia 13 de outubro, Marcos Pontes declarou que o corte de verbas prejudica a destinação de recursos para os institutos nacionais de ciência e tecnologia e para o Centro Nacional de Vacinas, além de afetar as bolsas da Chamada Universal do CNPq lançada em setembro, que destinava R$ 250 milhões para projetos de todas as áreas do conhecimento e em instituições de todo o país.

 

O histórico de cortes verbas para a Ciência e Tecnologia
Cortes de verbas nas áreas de ciência e tecnologia não são uma novidade e vêm sendo realizados frequentemente desde 2014. Segundo levantamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, o ano que o MCTI teve o maior orçamento foi 2013, quando contava com cerca de R$ 11,6 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. O orçamento foi reduzido para R$ 10,6 bilhões em 2014 e continuou sofrendo cortes nos anos subsequentes até atingir o menor patamar em 2021, com R$ 1,9 bilhão em caixa, o que equivale a apenas 17% do orçamento de 2013.
O Brasil vem contrariando a tendência global de aumento nos investimentos em ciência, que foram impulsionados pela pandemia de covid-19, embora já estivesse em crescimento vertiginoso nos últimos anos. De acordo com o mais recente Relatório de Ciência da UNESCO, lançado em junho de 2021, os gastos com ciência em todo o mundo aumentaram 19% entre 2014 e 2018. A média mundial de investimentos em pesquisa científica era cerca de 1,8% do PIB em 2018, enquanto o Brasil investia apenas 1,3% da parcela do PIB nacional.

 

Os atuais desafios da pesquisa científica no Brasil
O caminho para um país se tornar desenvolvido, de acordo com Mellanie Fontes-Dutra, passa necessariamente por um projeto sólido de desenvolvimento científico, o que, na opinião dela, não vem sendo feito pelo governo brasileiro: “Fazer pesquisa no Brasil é algo bem desafiador porque nós estamos vivendo essa série de cortes de verbas relevantes para a produção científica no país, para a continuidade de bolsas de pós-graduação, então temos um ambiente instável e não sabemos ao certo quanto de investimento nós vamos receber para programarmos nossas próprias atividades científicas”, lamenta.
A bolsa para a produção científica é também uma forma de garantir que os alunos da pós-graduação tenham dedicação exclusiva à pesquisa e consigam fazer os experimentos sem dividir com outras atividades profissionais, além de ser, muitas vezes, a única fonte de renda que os alunos têm: “Muitos, como eu, não teriam conseguido fazer a pós-graduação se não tivesse a bolsa”, relata Mellanie.
O ambiente instável para a produção científica brasileira é uma das causas da chamada “fuga de cérebros”, quando pesquisadores decidem deixar o país. Quanto a isso, Mellanie declara: “Nós estamos vendo esse fenômeno da fuga de cérebros há algum tempo e, com certeza, isso vai ser agravado por conta do cenário polarizado que o Brasil vive e de baixos investimentos na ciência. Nós precisamos desses investimentos para manter essas pessoas aqui, onde elas podem atuar e contribuir para o desenvolvimento científico do país”.

 

Ficha Técnica
Repórter: João Vitor Pizani
Edição e Publicação: Leonardo Duarte
Supervisão de Produção: Vinícius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen