Foto: Ana Istschuk

 

Uma roda formou-se no hall do Bloco B, campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa, na noite de ontem, 8, Dia Internacional da Mulher. Em meio às conversas paralelas de passantes, o grupo de 16 pessoas realizou uma discussão sobre livros jornalísticos de escritoras. O encontro foi organizado pela Biblioteca Central, através do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social, em Parceria com o curso de Jornalismo.

O debate, mediado pelo professor e jornalista Ben-Hur Demeneck, discutiu questões como a coragem, a sensibilidade e o talento das jornalistas. Cada um dos três livros selecionados foi apresentado por uma leitora: 41 Inícios falsos, de Janet Malcolm, discutido por Anna Cuimachowicz; A vida que ninguém vê, de Eliane Brum, comentado por Bruna Camargo; e Na pele de uma jihadista, de Anna Erelle, abordado por Marina Semensati.

A debatedora Anna Cuimachowicz leu somente obras de escritoras durante o ano de 2016, superando um preconceito que possuía. “Se levantarmos esse debate, a gente acaba descobrindo alguns tipos de preconceitos que estão na gente e tentamos superá-los”, considera a estudante.
A leitora Letícia de Queiroz participou da roda e destaca a importância de eventos como esse. “Eu adoro trocar experiências literárias com todo mundo”, relata a acadêmica, apesar de lamentar que existam poucos projetos assim.

A “conversa entre leitoras” faz parte de uma série de projetos que a Biblioteca Central realiza para se aproximar dos alunos. “A biblioteca tem o papel de socializar", afirma a diretora da Bicen, Maria Lúcia  Madruga. Outros eventos promovidos pela instituição foram intervenções acerca do “Maio Amarelo” e cursos para atendimento adequado de LGBT’s e surdos, realizados durante o ano de 2016.


Foto: Ana Istschuk
                              
                
jornesportivo 09032019
Foto: Júlio César Prado

Em Ponta Grossa, as mulheres têm pouco espaço na imprensa esportiva. Segundo Alex Freire, graduando em jornalismo, isto deriva das pesquisas históricas e dos números sobre as mulheres que atuam na área. Com o trabalho “Representações e representatividade da mulher no jornalismo esportivo em Ponta Grossa”, Alex Freire aponta que as profissionais sofrem preconceito e até mesmo assédio dos colegas jornalistas e dos jogadores.

Bruna dos Santos. Foto: William Clarindo

 

Apresentado no GT “Discursos e representações de gênero”, o trabalho das pesquisadoras Cristiane Spicalski e Bruna dos Santos explora os anúncios publicitários da revista feminina Grande Hotel, onde as mulheres eram o público-alvo da revista. O formato de fotonovelas predominou durante o 'boom' do jornalismo de revista brasileiro, na década de 60.  As pesquisadoras relatam uma exploração do papel da mulher como dona-de-casa e como mãe,  que consolidou um padrão para as mulheres.  “O amor materno é algo construído nessa época”, explica Bruna, que salienta publicidades voltadas a produtos de casa e banho. Já Cristiane problematiza os avanços quanto ao papel da mulher. “A mulher não perdeu seu papel de rainha do lar para ganhar espaço no trabalho, ela só acumulou”, explica Cristiane.

 

Foto: Ingrid Petroski

"Catadoras em busca de si: as mulheres da ARREP e a importância da alfabetização na cidade de  Ponta Grossa" foi o trabalho apresentado pela assistente social Camila Sopko no 5º Colóquio Mulher e Sociedade. O principal objeto da discussão foi a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL), projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O projeto oferece alfabetização aos membros da Associação dos Catadores Rei do PET (ARREP). Segundo a pesquisadora, o serviço é mais procurado por mulheres. Das dez particpantes iniciais apenas quatro concluiram o programa, pois tinham problemas como: cuidar dos irmãos, dificuldades para chegar até a escola e proibição por parte do marido ou pai. As maiores dificuldades no aprendizado são as leituras de marcas e a identificação de preços.

Foto: Ingrid Petroski
 

Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), as mulheres representam 5,78% da população carcerária no Brasil. Os principais crimes cometidos são relacionados ao tráfico (64%), em seguida roubo (10%), furto (9%) e outros (17%), em 2014. No Grupo de Trabalho apresentado por Vinícius Iran Barboza foi realizada uma pesquisa sobre as detentas de Ponta Grossa que levantou questões sobre a Justiça Restaurativa e a invisibilidade da mulher detenta.  A pesquisa começou no segundo semestre de 2016 e conta com o Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania, CEJUSC, Ministério Publico do Estado do Paraná e o Programa de Patronato.

Foto: Gabriel Miguel

Qual a representação das mulheres negras nos livros didáticos de Inglês? Esta é a reflexão da pesquisadora Keila de Oliveira na área de gênero, para ilustrar a identidade social em livros didáticos do ensino público nos anos de 2009, 2010 e 2011. Keila apresentou o artigo intitulado "A representação social da mulher no livro didático de Língua Estrangeira Moderna de Inglês". Na análise das imagens mostradas nos livros é perceptível a predominância de mulheres brancas em boas profissões, em férias, reinvindicando direitos, segundo a pesquisadora. Keila conclui que a mulher negra não é representada em nenhuma situação parecida, e é poucas vezes encontrada nas páginas dos livros didáticos.

Foto: Nicolas Rutts

O pesquisador Felipe André de Oliveira apresentou o artigo intitulado “Comunicação museal e protagonismo feminino – uma proposta do Parque Histórico de Carambeí” no encontro científico do 5 Colóquio Mulher e Sociedade. Ele aborda a importância de criar a memória de protagonismo feminino. Segundo ele, os museus trazem uma história culturalmente machista, na qual as mulheres são retratadas em papéis secundários e/ou submissos. “Reunimos as senhoras das casas de Carambeí para dar voz à história vivida por elas”, explica Felipe. As mulheres terão um espaço no parque para problematizar as representações históricas antigas e colocar a voz das mulheres como agentes principais de suas histórias.