Violência Obstétrica acontece por abusos sexuais, físicos, verbais e intitucionais 


Allana esperava, internada, pela sua primeira filha: Julia. Entra no quarto a técnica de enfermagem com o kit para o processo de lavagem intestinal, que já foi muito realizado para evitar evacuação durante o parto vaginal. Hoje o processo está em desuso. 


Naturalmente, Allana já havia usado o banheiro várias vezes durante o dia. Ela pensa que deve ser fisiológico ou que talvez tenha algo a ver com as contrações, mas “não, eu não quero que você faça a lavagem”, a grávida diz. A enfermeira aceita, sem graça, e logo sai do quarto. 


Não leva muito tempo até que ela volte trazendo o mesmo kit e quase como quem implora “por favor, Allana, me ajude. Você sabe que é prescrição médica. Eu falei com a médica e ela disse que tem que fazer a lavagem”, diz a enfermeira. Allana também é enfermeira e professora na área da saúde da mulher na faculdade. Ela sabia que a lavagem não era necessária. Mesmo assim, percebe que precisa aceitar. 


Quem sabe, se ela dissesse alguma coisa e insistisse que não queria e que não faria a enfermeira tivesse desistido. Ela imagina, também, como seria se ela não soubesse de nada disso, como tantas mães. 


Allana estava de 37 semanas, no limite da prematuridade. Algumas contrações aqui e ali, mas nada de trabalho de parto ainda. Mesmo assim, foi internada. Recebeu a já não recomendada ocitocina. Um parto induzido. Agora sim em trabalho de parto ativo, às 37 semanas, com 8 cm de dilatação, ela recebe uma ligação do médico responsável pela assistência. Até então, o médico não havia aparecido. Quem estava acompanhando o processo era a equipe de enfermagem. 

- “Como está a dor?”, o médico pergunta. 
- “Tá doendo muito”, ela responde. 
- “Se tá doendo muito ainda dá tempo de fazer uma cesariana”, indica. 


Oito centímetros de dilatação e todo um pré-natal de insistência no parto vaginal, ainda assim o médico recomenda uma cesárea pelo telefone. Allana insiste no parto normal e, quando chega aos 10cm de dilatação (o ideal para um parto vaginal), é levada para a sala de parto.  Posição ginecológica (deitada com as pernas abertas). Força, força.  “Quer analgesia?” Aceita analgesia. Os batimentos da Julia caem para 80, enquanto o normal fica entre 120 e 160. “Se não melhorar o batimento, a gente precisa fazer cesárea”. 


Dez centímetros de dilatação e todo um pré-natal de insistência no parto vaginal, ainda assim a possibilidade da cesárea aparece durante o parto. 


Agora sem dor. Quase sem sentir a perna. “Força, força”. A força não basta. Uma das funcionárias do centro obstétrico sobe em cima de Allana e empurra com todo seu peso a barriga para baixo - a chamada “Manobra de Kristeler”. Aí vem Julia. Calma, a grávida pediu para que não fosse feito nenhum corte, para que não fosse feita episiotomia. “Vai ter que fazer. Não tem como. Eu sei que você não queria que cortasse, mas eu preciso cortar”. 


Feito o corte, Julia nasce, com 2 quilos e 750 gramas. Pequenina. O parto durou 15 minutos. O bebê não parece tão ativo. Dificuldade respiratória. Corta-se o cordão umbilical sem esperar o tempo de pulsação. Julia é levada diretamente para o pediatra. Allana olha para a menina e não pode segurar no colo. “Não vou erguer muito porque a questão da placenta vai prejudicar ela”. 


O contato pele a pele não acontece. Allana liga pedindo pra ficar com sua filha. “Ordem médica, tem que ficar aquecendo”. “Mas eu aqueço”, Allana pensava. Quase duas horas depois, o bebê pode ficar com sua mãe. Por conta da falta de primeiro contato, recomendado pelo Ministério da Saúde, houve dificuldade na amamentação durante alguns dias. 


Em seu segundo parto, Allana teve Alice. Alice levou 1h40 para nascer, pesou 3 quilos e 450 gramas e o processo, realizado por uma enfermeira obstetra, não envolveu episiotomia.             


“Não foi feita lavagem, não foi colocado soro, e a gente deixou o parto evoluir, sem intervenção, sem nenhum procedimento. E aí ela nasceu de forma respeitosa, natural, eu em quatro apoios e não em posição ginecológica que foi a da minha primeira filha. Ela nasceu sem corte, sem episiotomia. Nasceu e veio direto pro meu colo, imediatamente. Não foi dado banho, veio direto, ficou comigo o tempo inteiro, nunca se afastou de mim desde que eu entrei para ganhar bebê até a hora que eu fui embora, ela ficou comigo o tempo inteiro. E ela mamou lindamente. Eu tenho vídeo dela sugando meu peito 20 minutos depois que tinha nascido. Super bem, de primeira, coisa mais linda de ver. Totalmente diferente, totalmente diferente”, relata a mãe, enfermeira e professora Allana Pietrobelli Trierweiler (33). 


Desde 1996, a Organização Mundial da Saúde contraindica procedimentos considerados rotineiros nos hospitais como a lavagem intestinal (enema), a raspagem de pêlos (tricotomia), posição ginecológica (litotomia), lavagem uterina após o parto, exames vaginais repetidos ou frequentes, especialmente por mais de um prestador de serviço, a episiotomia (corte realizado na área da vagina, caso não ocorra a dilatação por completa da vagina). A episiotomia além de não terem comprovação científica de sua eficiência, são formas de violência contra mães e alguns procedimentos podem deixar marcas e lesões físicas e psicológicas por muito tempo. 


Segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizada pela Fundação Perseu Abramo e SESC, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência no parto no Brasil. “É comum a gente escutar as mulheres aceitarem essas violências e no final agradecerem aos profissionais que violaram elas. Então precisa mudar essa cultura do que é um parto e nascimento. E eu acho que vai levar ainda algumas gerações pra gente conseguir ter um ambiente diferente, um modelo humanizado vigente”, observa a pesquisadora Ana Maria Bourguignon de Lima. 


A Medicina Baseada em Evidências (MBE) conclui que 90% dos procedimentos obstétricos realizados são procedimentos feitos com base na tradição e não na segurança e efetividade para a mulher e para o bebê. Daí parte o ideal do parto humanizado. “A crítica é proveniente de segmentos alternativos na Medicina, mas, sobretudo, da Enfermagem e da Saúde Coletiva, bem como de movimentos sociais. Esse discurso de contestação ao saber médico obstétrico é comumente denominado no Brasil de movimento pela humanização do parto e nascimento”, afirma Ana Maria Bourguignon Lima em sua tese. 


A base da humanização do parto está nos direitos humanos e nas evidências científicas. “A humanização tem a questão do direito da usuária ser respeitada. É a nossa luta, porque os direitos delas não são respeitados. E é por isso que a gente fala das violações, das violências obstétricas. Cada direito que não é respeitado é uma violação, é uma violência que essa mulher sofre”, defende a pesquisadora. 


“A questão do direito ao acompanhante, a questão do direito de contato pele a pele, isso tudo é regulamentado, isso tudo é legislação brasileira. Então o não cumprimento é ilegal. Mas a gente percebe que não tem uma fiscalização em cima disso, então acaba virando banal”, critica a mãe, enfermeira e professora Allana Pietrobelli Trierweiler.    


Assistência obstétrica de Ponta Grossa             


Ponta Grossa conta, atualmente, com 3 maternidades: Hospital Universitário Regional (HU), Unimed e Santa Casa da Misericórdia. Deles, somente o HU e a Santa Casa que atendem pelo SUS.             


A taxa recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que apenas 15% dos partos sejam cesáreas. A taxa de cesarianas no Brasil está entre as maiores do mundo. De acordo com a Gerência de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, entre 2012 e 2016, o hospital que mais realizou cesáreas em Ponta Grossa foi o da Unimed. Apenas 13,77% dos partos foram vaginais, contra 86,14% que envolveram o procedimento cirúrgico. Enquanto isso, na Santa Casa, 67,09% dos partos foram cesarianas e, no HU, 36,02%.             


Os dados municipais espelham a realidade nacional, onde a taxa de partos cirúrgicos podem chegar a 88% na rede privada contra 52% no geral. Os dados são da pesquisa Nascer no Brasil , realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A mesma pesquisa mostra que, no início da gravidez, 70% das brasileiras têm o parto normal como primeira opção, no entanto 90% delas acabam dando à luz através de cesárea. “O profissional vai falando tanta coisa para essa mulher que chega uma hora que ela fala ‘gente, eu não vou parir, porque imagina, vou colocar em risco o meu bebê, porque o médico está falando que eu não tenho condições’ e elas vão para a cesariana. Mas se você for conversar [sobre a escolha da cesárea] foi porque ela não teve apoio, ela foi induzida a mudar de opinião. E tem casos extremos”, explica Trierweiler.             


Segundo a enfermeira e professora Allana Pietrobelli Trierweiler, a maioria das assistências de parto em Ponta Grossa são “intervencionistas, medicalizadas e sem respeito à autonomia da mulher”. Ela já trabalhou como enfermeira numa maternidade e acompanhou alunos em estágio nesses locais. “A gente percebe quando se trabalha numa assistência hospitalar em obstetrícia que você vai vivenciar violência obstétrica ali diariamente. A maioria dos profissionais ainda praticam esse ato. E eu uso o termo violento mesmo. É violência obstétrica porque é uma violência, tem que ser tratada como tal. Inclusive incentivo as mulheres a denunciar.” defende Trierweiler.             


A enfermeira nota na prática profissional que os médicos se formam achando que as intervenções são necessárias. “O que eu percebo é que grande parte dos médicos não intervém querendo lesionar aquela mulher. No raciocínio deles, a impressão que dá é que eles desacreditam do potencial da mãe como protagonista no parto. Eles acham que têm que auxiliar, aí eles colocam soro, eles usam fórceps, eles cortam, fazem tudo para ‘ajudar’, mas hoje é mais do que comprovado que atrapalha”, explica a profissional. 


Para a estudiosa Ana Maria Bourguignon de Lima, a construção social do corpo da mulher como um corpo fisiologicamente patológico, doente, é o que estrutura o saber médico tão intervencionista e tão autoritário sobre o corpo da mulher. “Se uma área do saber científica pensa dessa maneira e organiza toda a sua assistência, sua forma de se relacionar com o usuário do serviço dessa forma, então os usuários também vão perceber assim, as mulheres, as famílias, a sociedade acabam incorporando essa cultura de que o corpo da mulher não funciona bem”, considera. 


Segundo Maria do Carmo Leal, pesquisadora titular da Fiocruz, os médicos mais antigos aprenderam com livros, algo estático, e hoje a situação é diferente. “A medicina mudou muito, hoje ela é toda baseada em protocolos e evidências científicas. Para se saber o que está acontecendo, é preciso estudar o tempo todo e isso é uma prática nova na medicina”, explica a pesquisadora. 


Outro fator que impacta na forma como os partos acontecem no município é a maternidade. A pesquisadora Ana Maria Bourguignon de Lima afirma que na cidade também não há uma maternidade com uma “ambiência propícia” pensando no modelo de humanização. “Os ambientes daqui, as arquiteturas, o modo como se organizam ainda são do modelo biomédico tradicional (inspira-se na visão mecanicista do ser humano, considera que saúde é mera ausência de doença e que, como numa máquina, se uma das peças dá um problema o foco baseia-se em centrar na sua reparação)”, avalia a estudiosa.    


Hospital Evangélico e a falta de estrutura             


O Hospital Evangélico realizava cerca de 300 partos por mês, segundo estimativa, até que suspendeu suas atividades em maio de 2016 para uma reforma. A demanda do Hospital foi repassada para o Hospital Universitário Regional. 


A justificativa da suspensão foi a reforma do prédio, construída na década de 1960. A instituição não tinha condições de atender todas as pacientes que recebia. Segundo a 3ª Regional de Saúde, o Hospital não possuía médicos suficientes para a grande demanda. 


O processo, iniciado em 2015, se deu por conta de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) que buscava averiguar a situação das maternidades ativas na cidade de Ponta Grossa. 


Além da fiscalização constante dos hospitais, a CEI também recebeu diversas denúncias de violência obstétrica de gestantes ao longo do processo. As denúncias não estão presentes no relatório final, pois são dados protegidos por direito constitucional à intimidade. A CEI das Maternidades informou que solicitaria que o Ministério Público Federal abrisse uma investigação sobre o assunto.

 

violencia obstétrica ana 
Hospital Regional, o substituto  


O responsável por receber as gestantes que iriam ao Hospital Evangélico foi o Hospital Universitário (HU) Regional. No ano de 2017, o HU realizou em média 219 partos por mês. Um total de 2.636 nascimentos durante todo o ano. Até março de 2018, foram realizadas 642 operações.              Aproximadamente 32% dos partos realizados em 2017 foram cesáreas. Durante as entrevistas realizadas para esta reportagem, o Hospital recebeu elogios pela sua tentativa de humanização, mesmo estando longe do ideal. “Eu acho que uma das maiores tentativas, maior investimento dessa mudança do paradigma está sendo no Regional. Escuto várias histórias bem legais de assistência lá, mas ainda escuto histórias bem terríveis, bem tradicionais. É uma mudança, mas ainda tem muito o que melhorar”, comenta Trierweiler.

Unimed, a maternidade particular


No dia 19 de fevereiro a doula Francisca Francine Jardim foi impedida de entrar na maternidade da Unimed para assistir o parto da sua melhor amiga. Francisca acompanhou o processo desde antes da gravidez. Além de doula, ela era parte da família.


Um mês antes, Francisca foi ao hospital para conseguir informações sobre o que era necessário para acompanhar o parto. Tinha um mês livre, tirou férias esperando que o processo fosse parecido com o do Hospital Universitário e precisasse de uma ambientação. Disseram a ela que nada além do certificado de doula seria necessário.


A informação veio diretamente da maternidade, mas não era correta. No dia do parto, quando a grávida estava sendo internada, já em trabalho de parto, Francisca é informada de que não pode acompanhar. Era necessário alguma assinatura do diretor do hospital. “Mas eu tenho o meu certificado! Olha o meu cartão!” A moça empurra o cartão. Não olha. “Não me interessa, não farei nada para te ajudar”.

           
Quarenta minutos de apreensão. A mãe sozinha durante todo o tempo. O pai negociando para que a doulagem fosse permitida. A melhor amiga de Francisca lá dentro.

- “É lei!”, defendem.
- “Não entra”, retrucam.
- “É o meu dinheiro em jogo!”, mente o pai, que nem precisou pagar pelo serviço.
- “Não entra”, retrucam.

Francisca nervosa. As mãos tremem. “Você pode entrar como visitante”, os funcionários informam. Francisca trabalha como doula. O seu trabalho sendo questionado durante todo o tempo. “O que você vai fazer lá dentro?”. “Você sabe o que vai fazer?”. “Pra que entrar?”.
“O que que é doula?”.


Francisca teve seu primeiro contato com parto aos 8 anos. Ela ama esse universo. Quando questionada, é ferida também como mulher. Não é enfermeira e “não tem formação”. Mas para ser doula não precisa ser enfermeira. Mesmo assim é questionada.

           
Quando ela entra como visitante, é maltratada por todos além do porteiro, que não parece se importar, e de sua amiga, que se importa. Francisca entra no quarto e pede uma bola para exercícios. Chega uma bola murcha. “Vamos tomar um banho”. Chuveiro frio. Não tinha toalha.

           
Francisca pergunta e não tem respostas. Ela começa a massagem na mãe, que evolui dois dedos. A médica entra. “Tem certeza que é isso que você quer? Vai doer, vai doer. Talvez você não consiga. Têm mães que ficam 30 horas e não conseguem ganhar o bebê. Dói. É muito dolorido, você não queria sofrer, lembra?”

           
Dói. Dói. 6 de dilatação, contra os 4 com os que ela entrou. Francisca chora atrás da médica. Seu trabalho indo por água abaixo. Por fim, a mãe concorda com a cesárea, para a felicidade da médica. Francisca conta que é doula, nervosa, e a médica diz que não pode fazer nada. Que “não vai mexer um dedo”. Que “não tem nada a ver”. Ela aceita.

           
Francisca assiste sua amiga indo para uma cesárea com 6 cm de dilatação. Mais tarde, ela recebe a ligação da amiga se desculpando por não ter ouvido. “Eu não consigo ver minha filha porque tenho um corte na barriga”.


- “Vocês têm que cumprir a lei.”
- Doula/querida/linda/filha, aqui é um hospital privado!
- A lei não vale? O dinheiro está acima da lei aqui?”.


O caso ocorreu no dia 19 de fevereiro. Na página do Facebook do hospital, no dia 22 de março, foi compartilhado um post sobre doulas. “Você sabe o que é uma doula?”, esclarecia sua função e afirmava que “os partos dentro do HGU permitem doulas nos partos. Respeitamos a Lei 12.166, que prevê um cadastro prévio das doulas e também que elas apresentem uma certificação ocupacional. Converse com seu médico! A presença das doulas no parto é uma experiência única de afeto e vínculo entre a mamãe e o bebê”.


Contatamos a Unimed, que reafirma que o motivo do caso foi a falta de cadastro prévio da doula na instituição, processo necessário para todas as profissionais. Mesmo assim, Francisca não foi informada quando procurou ajuda no hospital.

No Brasil

           
No Brasil, o hospital que é referência na questão de partos humanizados é o Hospital Sofia Feldman, localizado em Belo Horizonte. Em 2017, cerca de 25% dos partos realizados foram cesáreas. Além disso, 85% dos partos foram assistidos por enfermeiras obstetras retirando a autoridade central do médico e propiciando o protagonismo das mães no momento do parto. Apenas em 2,1% dos casos foi realizada a episiotomia.

           
O Hospital Sofia Feldman é um hospital filantrópico que nasceu de uma iniciativa da comunidade. “A comunidade percebeu a necessidade de construir um hospital periférico num bairro de Belo Horizonte, numa das regiões mais pobres do município. Ele nasceu através dessa iniciativa, através de doações, de trabalho em mutirão, trabalho comunitário e até hoje a gente mantém uma presença muito forte na comunidade”, conta o diretor clínico do hospital João Batista Marinho de Castro Lima.


Durante o 1º Encontro Nascer nos Campos Gerais, o diretor apresentou a estrutura do hospital, capacitado para realizar 150 partos por mês, quartos com banheiras para parto na água, oferecimento de métodos não-farmacológicos para alívio da dor e incentivo ao parto normal.


Um dos pilares do Hospital Sofia Feldman, segundo o diretor do hospital, é a valorização da experiência humana. "O nascimento sempre empolgou e sempre mobilizou a humanidade, afinal de contas é um novo ser que vem para o mundo e com isso ele modifica não só quantitativamente esse planeta, mas de forma qualitativa também. A experiência humana é fundamental nesse momento. Todos nós que estamos assistindo, participando da assistência ao nascimento temos que ter em mente a importância dessa experiência, que a gente pode chamar de humanização”, defende doutor Lima.

A realidade


“Ponta Grossa tem uma estrutura de sociedade tradicional, conservadora e tem muito pouca abertura para falar em direito reprodutivo, que a mulher tem direito ao aborto, que a mulher tem direito a escolher o local do parto, que a mulher tem direito a acompanhante. Todos esses direitos existem, a questão maior é o preconceito que eu penso que se estrutura em função dessa autoridade médica que acha que o médico é o único profissional que é capaz, que é competente para realizar a assistência obstétrica e neonatal e não é”, lamenta a pesquisadora Ana Maria Bourguignon de Lima.


Pelo SUS, desde 1998, a enfermeira obstétrica pode atender o parto. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda essas profissionais desde 1996. Lima também reconhece que na cidade ainda há muita resistência à inserção das enfermeiras no atendimento ao parto. “Agora a gente está conseguindo falar com os profissionais sobre humanização do parto, falar que as mulheres têm direito, que agora as mulheres estão conseguindo levar seus companheiros, mas muito aos poucos, é muito gradual… Eu acho que é um processo que não tem reversão, espero. Mas ainda é um caminho que se inicia em Ponta Grossa”, relata.


A enfermeira Allana Pietrobelli Trierweiler luta em defesa da assistência obstétrica por enfermeiras especialistas. “Eu penso que até a classe médica tem que discutir sobre isso. Qual é a real necessidade de eu ter um médico, que custa muito mais caro para qualquer instituição, assistindo todos os partos, sejam eles complicados ou não? Não faz sentido. Então vamos deixar aquele parto fisiológico, natural, que não tem nenhuma complicação para a enfermeira assistir. E os médicos ficariam somente nos casos necessários, que aí sim eles têm que intervir”, explica a enfermeira.


A professora de história da UEPG Georgiane Garabely Heil Vázquez acredita que hoje ainda existe certa disputa entre médicos e parteiras. “É necessário lembrar que historicamente o espaço do parto e os cuidados com puérperas e bebês sempre foram exclusivos de parteiras, sejam as diplomadas ou as parteiras tradicionais, do conhecimento prático”, conta a professora.


Trierweiler também relata que as outras realidades no mundo afora modificaram suas assistências, aumentando o número de enfermeiras obstetras (profissionais formadas pelo curso de Enfermagem com especialização na área) e obstetrizes (graduadas em Obstetrícia) no atendimento ao parto e não foi aumentando o número de médicos. “Nos grandes centros [São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis] isso acontece. E dá certo. Então nada mais justo que a gente seguir esses exemplos que já estão aí faz tempo e que funcionam. É só querer mudar, porque exemplo a gente tem pra seguir.” reitera.


“Hoje em dia eu sei que aqui em Ponta Grossa está tendo uma mudança de paradigma, mesmo lento, mas está tendo”, comenta a enfermeira. Exemplo disso é que hoje as mulheres podem protocolar um plano de parto onde elas colocam tudo que elas querem e o que elas não querem durante esse momento. Ele é avaliado pela equipe técnica do hospital que dá um retorno para a mãe se vai ou não acatar aos seus pedidos. “Em algumas situações o pedido não é respeitado e eles têm que embasar o porquê. Vai depender muito da equipe que vai avaliar esse plano de parto. Mas a gente sabe também que se eles não quiserem respeitar nada do que está escrito ali, eles vão acabar embasando de forma absurda e não vão realizar”, ilustra Trierweiler.


“Minha mãe viveu violência obstétrica, mas ela jamais mencionou isso, porque antes esse termo não existia. Ela não acha que viveu, porque foi criada numa cultura onde os médicos podiam fazer tudo na hora do parto e ela deveria aceitar. Então, acho que a politização do parto e da maternidade são necessários para que mais mulheres não sejam expostas à violência e às marcas de um parto traumático”, defende professora de história Georgiane Vázquez.

Em 2018, O Ministério da Saúde incluiu 10 novas Práticas Integrativas e Complementares para integrar o atendimento básico aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Ponta Grossa, a previsão é que em 2019 aconteça a institucionalização dessas práticas. Já no mês de maio, é comemorado a Semana Estadual das Práticas Integrativas e Complementares.

 

“Sofri com Lesão por Esforço Repetitivo (L.E.R), tomava medicamentos diariamente para dores e os efeitos colaterais incluíam problemas estomacais, letargia, depressão e outros sintomas. Foi há 25 anos que, então, tive o primeiro contato com as terapias complementares, que definitivamente se apresentaram eficazes para o problema que me acometia”, expõe a teraupeuta Elaine Cristina. Hoje, com 45 anos de idade, ela relata que conheceu as práticas integrativas da saúde através da indicação de uma amiga. Elaine buscou tratamento na acupuntura e desde então optou por uma mudança não só no estilo de vida, mas também na profissão. Hoje é terapeuta complementar e trabalha com a Medicina Chinesa (Acupuntura e massoterapia chinesa) e Tailandesa (pindas, cones e massagens).

 

Segundo definições do portal do Ministério da Saúde as Práticas Integrativas e Complementares são técnicas que visam a assistência e a saúde do indivíduo, seja na prevenção, tratamento ou cura da doença. Pesquisadores apontam que diferente da assistência alopática, ou seja, da medicina ocidental que se concentra em remover os sintomas com o uso de métodos diretamente no local da doença. As práticas integrativas, em sua maioria, trabalham o indivíduo de uma forma global (mente, corpo, comportamento e meio ambiente).

 

A terapeuta Elaine Cristina reforça a importância que as práticas complementares possuem atualmente: “hoje em dia vivemos tempos terríveis de estresse, má alimentação, cansaço extremo e depressão. Essas técnicas trazem o equilíbrio para a vida das pessoas, por isso reforço, busquem profissionais competentes, formados em boas escolas. Também recomendo que nunca abandonem seus tratamentos convencionais, mas que apliquem em suas vidas as práticas complementares para encontrarem equilíbrio no campo físico, mental e espiritual”.

 

Segundo o médico homeopata Pedro Hartmann, se devemos utilizar ou não essas práticas, é opção do estilo de vida de cada um. O profissional declara que existem pessoas que não se adaptam aos medicamentos alopáticos, existindo uma necessidade de buscar por outras formas de tratamento na medicina. “A questão da cura de doenças depende muito do estágio e da patologia. Já na questão de evitar doenças, é onde melhor atingimos uma melhor qualidade de vida em cima de cada paciente, evitando muito o estresse e a intoxicação”, explica Hartmann. O médico elenca também a depressão como uma das doenças em que há bastante procura para este tipo de tratamento.

 

A homeopatia usa medicamentos em quantidades muito pequenas, com chances mínimas de quaisquer efeitos colaterais. Foto: Leticia Dovhy

 

As práticas não substituem o tratamento médico, mas integram e complementam. No Brasil, mais de 7 milhões de pessoas já utilizaram alguma prática alternativa complementar, segundo estimativa da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013.

 

A partir de informações obtidas pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), observou-se que em 2016 foram informados mais de 2 milhões de atendimentos. Ao considerar o total de ofertas de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) na Atenção Básica, observa-se que 19% dos estabelecimentos de saúde registraram a oferta de PICS em 3.018 municípios, chegando a 54% dos municípios brasileiros.
Em 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez as suas primeiras recomendações para a implantação das práticas complementares. No Brasil, em 2006, com a publicação das Portarias 971, 1600 e 853, foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICS).

 

Infográfico 11062018
Imagem: Leticia Dovhy


O cenário das PICS no Paraná

Segundo informações do Portal do Ministério da Saúde, no Paraná, 165 municípios utilizam das práticas integrativas, como a massoterapia, yoga, acupuntura, tratamento osteopático, plantas medicinais e fitoterápicas, e arteterapia. Mas não é o que aponta a Presidente da Associação dos Terapeutas do Paraná, Laís Bacília. “Em relação ao cenário das PICs do Paraná, elas são pouco utilizadas, temos 399 municípios, talvez 5 ou 6 tenham PICs. Curitiba tem funcionários das prefeituras com alguma formação, seja em acupuntura, seja em cromoterapia, etc., e alguns médicos homeopatas e acupunturistas. Na minha visão não é ruim porque isso é um começo de uma mudança”, afirma.

 

A Assembléia Legislativa do Paraná aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 594/2016 que institui a Semana Estadual de Práticas Integrativas e Complementares Terapêuticas da Saúde, que deve ser celebrada toda primeira semana de maio. O projeto é iniciativa do Conselho Parlamentar da Cultura de Paz (Conpaz), através do Secretário Geral Péricles de Holleben Mello (PT).

 

Não existe uma adesão à PNPIC, a política traz diretrizes gerais para a incorporação das práticas nos serviços. Compete ao gestor municipal elaborar normas para inserção da PNPIC na rede municipal de Saúde.
Aconteceu em 2017 uma audiência que debateu as PICs em Ponta Grossa. O evento foi promovido pelo vereador Pietro Arnaud (Rede). O vereador abriu um protocolo, no final de abril de 2017, no Departamento Legislativo da Câmara que foi encaminhado à Secretaria de Saúde. No requerimento, haviam questionamentos se o município estava realizando as ações com o objetivo de implementar e motivar a implantação dessas práticas.

 

O vereador defende a implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Ponta Grossa e ressalta a sua importância. “As Práticas Integrativas surgem como série de procedimentos que podem evitar que as pessoas adoeçam e precisem de uma medicina convencional”, aponta. Para Arnaud, o desafio agora é prever o mínimo de dotação orçamentária para a cidade.

 

A presidente do sindicato dos terapeutas, Laís Bacília, fez o pedido, em uma audiência com o vereador Pietro Arnaud (Rede) para que ele trabalhasse na legislação e regulamentação dessas atividades. Em relação a implementação das PICS em Ponta Grossa, Bacília diz: “Levei a proposta para a Secretaria Estadual de Saúde em um seminário, mas não obtive resposta.” De acordo com as informações obtidas através do Plano Municipal de Saúde da Prefeitura, que expressa a responsabilidade pela gestão municipal, tudo está de acordo com o planejado. A meta em 2018 é apenas elaborar o projeto e implantar o Centro de Práticas Integrativas e Complementares somente em 2019.



A problematização do conceito de medicina

O termo medicina tem origem do latim medicina e diz respeito à ciência que torna possível a prevenção, a cura e o tratamento de doenças do corpo humano. Esse conceito também quer dizer medicamento (do latim medicamentum), que é a substância que permite prevenir, aliviar ou curar as doenças ou as suas consequências.

 

Em “O erro de Descartes - Emoção, razão e cérebro humano” - o neurologista português Antônio Damásio, defende que a emoção é parte integrante do processo de raciocínio e pode auxiliar ao invés de perturbar. O autor do livro, que também é professor de neurociência na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, afirma que “o sistema de raciocínio evoluiu como uma extensão do sistema emocional automático, com a emoção desempenhando vários papéis no processo de raciocínio”.

 

A ideia cartesiana de que a mente está separada do corpo teve origem na metade do século XVII e é influente até os dias de hoje, inclusive na investigação e na prática médica. De acordo com essa corrente, para alcançar os melhores resultados, as emoções têm de ficar de fora, pois são prejudiciais. Damásio explica em seu livro que a medicina ocidental alcançou o sucesso por meio do diagnóstico e do tratamento de órgãos e sistemas doentes em todo o corpo. O cérebro era um desses “órgãos”. A mente foi excluída, sendo deixada para a religião, filosofia e psicologia.

 

Em trecho do livro, Damásio argumenta que “o êxito de algumas formas da chamada medicina “alternativa”, em especial aquelas que estão ligadas à tradição oriental, constitui uma reação compensatória a esse problema. (...) as formas de medicina alternativa vêm colocar em destaque o ponto fraco da tradição ocidental, que deveria ser cientificamente corrigido dentro da própria medicina. Se, como julgo, o êxito atual dos tratamentos alternativos é um indício da insatisfação do público em relação à incapacidade da medicina tradicional de considerar o ser humano como um todo, é de prever que essa insatisfação irá aumentar nos próximos anos, à medida que se aprofundar a crise espiritual da sociedade ocidental. (...) Seria absurdo pretender que a medicina curasse sozinha uma cultura doente, mas é igualmente absurdo ignorar esse aspecto da doença humana” .

A questão das evidências científicas

De acordo com o Ministério da Saúde, a oferta das PICS é justificada por evidências científicas, mas o Conselho Federal de Medicina (CFM) discorda. Em nota à população no dia 13 de março de 2018, o CFM manifestou sua posição contrária em relação às novas modalidades de PICS oferecidas pelo SUS. Os argumentos utilizados são que as práticas não apresentam resultados e eficácia comprovados cientificamente, que os gastos do governo ignoram as prioridades na alocação de recursos no SUS e, por último, que a prescrição e o uso de procedimentos e terapêuticas das PICS são proibidos aos médicos brasileiros, conforme previsto no Código de Ética Médica.

 

O projeto Drops, criado pelo Instituto Brasileiro de Toxicologia, é uma plataforma brasileira que realiza checagem de notícias sobre saúde veiculadas na imprensa e nas redes sociais na busca por evidências científicas. O Drops "concluiu que não existem evidências robustas suportando a aplicação das terapias alternativas incluídas recentemente no SUS. Em resposta ao DROPS, o Ministério da Saúde diz que as pesquisas podem ser acessada em sites de busca como o portal das medicinas tradicionais da OPAS/OMS, do Consórcio Americano de Medicina e Saúde, na Biblioteca Nacional de Saúde dos Estados Unidos, no Google Acadêmico, além de outras bases de pesquisas.


Breve histórico das PICS no Brasil

Desde 2006, as Práticas Integrativas e Complementares (PIC), fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS) como tratamento alternativo para os pacientes atendidos na atenção básica. Nos anos de 2017 e 2018, novas formas dessas medicinas alternativas foram incorporadas. Mas nem todas as cidades decidem investir nesses tipos de tratamentos. No dia 12 de março, o Ministério da Saúde anunciou 10 tratamentos que totalizam em 29 práticas integrativas. Essas práticas utilizam de recursos terapêuticos que são voltados para prevenir e tratar doenças como a depressão e hipertensão. As práticas integrativas são uma recomendação da Portaria Ministerial 971, de 3 maio de 2006, no Ministério da Saúde.

Infográfico: Felipe Prates

 

O médico homeopata Pedro Hartmann, aponta que a principal barreira a ser vencida em Ponta Grossa, é a questão da cultura, apesar de que “Nos últimos 10 anos, a cidade dobrou o número de pacientes adeptos. O crescimento é resultado dos relatos que cada vez atraem mais pessoas”, expressa Hartmann.

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No dia 6 de outubro aconteceu um dos eventos da campanha "Outubro Rosa - Um Toque Pela Vida" na sede da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG). Foto: Hygor Leonardo
 

Anualmente, o décimo mês do calendário é marcado pelo Outubro Rosa, movimento internacional que visa a estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A campanha promove a conscientização sobre a doença e facilita o acesso aos serviços de diagnósticos e tratamentos.

Foto: Antoniella Signor

Evento lota auditório da UEPG ao abordar temas como câncer, economia e psicologia

 

O evento “Economia da saúde, Programação Neurolinguística, Qualidade de Vida” trouxe para debate lições sobre economia, psicologia e saúde. A palestra aconteceu no dia 2 de outubro no Grande Auditório da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), campus central, às 18h45. Além das palestras, ocorreu uma sessão de autógrafos do livro “Tudo ótimo: a força de um sonhador” com o padre Celso Cruz. O livro foi escrito por Gabryell Matheus Kosman, que faleceu em decorrência do câncer, no ano de 2016.

 

 

Foto: Thailan Pauli Jaros

Psicólogos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) apresentam nesta terça-feira (26), no campus de Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a palestra "Da dor ao fato, suicídio: o problema que ninguém vê" e a peça teatral "Ana decide morrer". O evento começa às 9h, no Auditório de Engenharia Civil (Bloco E).

 

A exposição faz parte da campanha Setembro Amarelo, que objetiva a conscientização para a prevenção do suicídio. Problema de saúde pública, do ano 2000 até 2017 a porcentagem de suicídios subiu 10%, chegando a 12 mil casos por ano.

 

Esta será a segunda vez que a comunidade universitária da UEPG terá contato com a discussão acerca da prevenção do suicídio. No dia 19 de setembro, os psicólogos do CAPS ministraram a palestra para docentes e estudantes do Campus Central. Confira na reportagem:

 

 

O vídeo faz parte da sexta edição do Correspondente Local, que pode ser acessado na íntegra aqui 

 

Acompanhe a programação prevista para o Campus de Uvaranas:

26/09
Horário da palestra: 9h da manhã
Local: Auditório de Engenharia Civil – Bloco E
Tarde e Noite – Escuta Terapêutica
Curso de Psicologia Faculdade Sant´Ana
Local: Em frente à Central de Salas de Aula

Foto: Gabriel Miguel
Na última entrevista do tema “Mulheres”, convidamos a acadêmica de Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa e feminista Tabata Cardoso, que estuda gênero e sexualidade, para discutir o aborto, a realidade das mulheres que passam pelo processo e os estigmas e preconceitos sofridos por essas mulheres. Confira!
Primeiro bloco: Tabata Cardoso discute o processo legal para realizar um aborto e os mitos em torno da prática.
Segundo bloco: A entrevistada aponta os preconceitos existentes na sociedade que criminalizam o aborto e fala do processo de legalização da prática.
Terceiro bloco: No bloco final, a feminista faz um relato de sua experiência no auxílio a mulheres que precisaram recorrer ao aborto.

 

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Foto: Arieta Almeida

Nesta edição do Ponto da Notícia Entrevista, convidamos o psicanalista e professor Daniel Frances para explicar os transtornos mentais comuns na adolescência. Frances é formado em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Integrada do Estado de São Paulo e especialista em Psicologia Oncológica e Terapia de Florais. Confira!

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Maio é o mês de conscientização da doença celíaca, porém preconceito persiste

“As pessoas não conseguem entender que não é frescura, que realmente não posso comer. [...] A avó do meu marido sempre fala ‘come só o recheio, raspa a parte de cima.’”, relata Júlia Souza, nutricionista que convive com a doença celíaca (DC) há quinze anos. Apesar do aumento de produtos ofertados e das discussões na mídia, a desinformação sobre doenças alimentares ainda está presente no imaginário popular. “A moda do glúten free é péssima, as pessoas olham e pensam que você quer emagrecer”, completa a nutricionista. O relato é comum entre pessoas que compartilham as principais sensibilidades alimentares: doença celíaca e intolerância à proteína do leite.

 

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No mês das mães, fala-se sobre presentes e homenagens. Mas as dificuldades enfrentadas pelas mulheres durante o parto ainda são pouco debatidas.

No ano de 2016, 879 mortes maternas (com causa obstétrica declarada) foram registradas no Brasil, de acordo com o DATASUS. Destas, 43 foram no Paraná. Conforme pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2010), uma em cada quadro mulheres sofreu algum tipo de violência durante o parto no país. Violência obstétrica é caracterizada por qualquer ato contra a mulher durante o parto, no âmbito sexual, reprodutivo, psicológico e físico, através de tratamento desumano, abuso de medicação e negação da decisão sobre o próprio corpo.

A violência obstétrica foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jaqueline Guerreiro e Leonardo Mordhost, defendido no início de 2017, pelo curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). " O objetivo principal é dar voz às mulheres que são silenciadas pela mídia e instituições hospitalares, conscientizar o público de tais procedimentos e, com isso, denunciar as práticas e cenário abusivos", afirma Jaqueline Guerreiro. Confira o documentário, com depoimentos sobre o tema em Ponta Grossa:


Existem quatro pŕaticas mais comus de violência obstétrica: episiotomia, incisão que aumenta a abertura vaginal durante o parto; aplicação de ocitocina sintética, que acelera o trabalho de parto, mas aumenta a dor; manobra de Kristeller, ato de pressionar a barriga da mulher no momento em que ela faz força para o bebê nascer; e litotomia, posição em que a mulher é obrigada a permanecer durante o parto.

Em entrevista ao Periódico, a enfermeira obstétrica Ana Paula Robert aponta a cesariana fora do trabalho de parto como uma forma de violência obstétrica. A enfermeira é fundadora do grupo Ventre & Luz, pioneiro em Ponta Grossa na realização do parto domiciliar planejado. Ouça um trecho da entrevista:


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de cesárias não deve ultrapassar 15% do total de partos. No sistema de saúde  brasileiro privado, o índice é quase cinco vezes maior que o indicado; no Sistema Único de Saúde (SUS), o número equivale a três vezes a recomendação da OMS.

 

Na sexta-feira (05), a Associação em prol da Maternidade Ativa e Segura (AMAS) exibe o documentário na sala A17 do bloco A, no campus central da UEPG. A apresentação começa às 19h, seguida de um debate com os autores.

Setembro Amarelo é uma campanha que tem como objetivo previnir suicídios. Foto: Divulgação

A programação da campanha de prevenção ao suicídio tem término de suas atividades nesta sexta-feira, 30. A Secretaria Estadual de Saúde desenvolveu a exibição de vídeos educativos em todo o estado para discutir a importância da temática. A iniciativa teve ainda a estratégia de divulgação através de redes sociais. Ouça reportagem com especialistas sobre a importância do diagnóstico e tratamento de desordens mentais no período da adolescência.

A retirada dos produtos é feita na Secretaria de Assistência Social, na Rua Joaquim Nabuco, nº 59

Em março de 2016 foi inaugurado um projeto que beneficia pessoas com doença celíaca em Ponta Grossa. As pessoas que possuem alergia ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados, recebem um kit de alimentos da Unidade de Produção de Alimentos (UPA). O kit, com pão, bolo, biscoitos e macarrão, é entregue uma vez na semana. No entanto, faz duas semanas que os kits não são produzidos por falta de fornecimento dos ingredientes.