‘Meio Sol Amarelo’: a guerra aos olhos de negros e negras
O livro ‘Meio Sol Amarelo’ é uma obra da africana Chimamanda Adichie - escritora e militante de 42 anos. Adichie estudou comunicação e ciência política nos Estados Unidos. Hoje, escreve sobre imigração, desigualdade e situação político-social dos países africanos. No livro de 2008, a autora narra, a partir da perspectiva de quatro protagonistas, a Guerra Civil Nigéria-Biafra, que ocorreu no final dos anos 60. O título faz referência à bandeira da Biafra, que tem a metade de um sol.
A história começa na cidade universitária Nsukka. Lá vive Ugwu, um menino de 13 anos, de família muito pobre, que vai trabalhar na casa do professor Odenigbo. Ugwu encontra, na casa do patrão, fartura jamais imaginada por ele - abundância de comidas e bebidas na mesa. Richard é um escritor inglês e Ollana, uma estudante de família de alta classe. Por meio desses personagens, Adichie ilustra situações reais, experiências de nação, lealdade, origens, família e responsabilidade.
Há uma parte feliz na história, mas o relato da guerra traz cenas fortes à imaginação. A sede da Biafra por independência provocou o deslocamento da população para o sul do país, mas a fome e as doenças persistiram matando cerca de um milhão de pessoas.
A crítica ao colonialismo britânico aparece em toda a narrativa. A capacidade de sintetizar, em quatro personagens, a complexidade da guerra, aguça a curiosidade do leitor. Trata-se de uma versão da guerra a partir dos olhos dos negros e negras e não da abordagem de homens brancos e ricos. O único problema é que, por conta da história não ser contada de forma linear e não deixar claro quem é o narrador, o leitor pode acabar se perdendo.
Há uma indagação despertada pelo livro: Como é que podemos resistir à exploração se não temos ferramentas para entender o que é exploração?
Por Raylane Martins
Serviço
Livro: Meio Sol Amarelo, 2008
Escritora: Chimamanda Adichie
Disponível em: Le Livros
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Música local desprestigia e ofende cidadãos e cidadãs ponta-grossenses
No dia 15 de setembro Ponta Grossa completou 196 anos e diversas homenagens à cidade foram feitas pelos moradores. Uma delas foi o vídeo que circulou nas redes desde o domingo (15). Nele, comediantes locais produziram uma música autoral em que falam dos bairros, das pessoas e das gírias dos ponta-grossenses de maneira cômica. A música tem duração de 2 minutos e 40 segundos e, no clipe, os comediantes estão fantasiados como os personagens da série "La Casa de Papel", na maior parte do tempo com o rosto coberto. No clipe, eles exploram lugares conhecidos de PG como cenários. Entre eles, o Calçadão Central, o Parque Ambiental e o Terminal Central. No entanto, o que era pra ser uma homenagem 'engraçada' para os moradores da cidade, acabou se tornando provocativa para alguns. Na letra, os autores citam bairros da cidade, como Ronda, Vila Cipa e Vila Marina apenas os enfatizando como perigosos e fazendo, até mesmo, simulação de uso de armas de fogo enquanto as mencionam, insinuando que nesses bairros só se ouve o som de tiros. Outra questão que incomodou os ouvintes foi a letra transfóbica no momento que dizem "no Nova Rússia tem gente bonita, só que tem uns travestis". Espera-se que, uma música que é feita com a intenção de prestigiar a cidade e os moradores respeite a diversidade e as condições de outras pessoas, não contendo nas letras frases que disseminam a violência e o preconceito. O vídeo está disponível no Facebook dos protagonistas e circula pelas outras redes sociais.
Por Bruna Kosmenko
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Grupo de Teatro Municipal surpreende ao levar peça para as ruas
O Grupo de Teatro “Cidade de Ponta Grossa” foi criado a partir da lei nº 13.123, de 12/04/2018. Vinculado à Fundação Municipal de Cultura, tem caráter de formação de profissionais e valorização dos atores da cidade.
Em dezembro de 2018, a Prefeitura de Ponta Grossa lançou um edital para selecionar alunos para a temporada de 2019. De acordo com o documento, 19 pessoas foram escolhidas para participar do grupo, sendo 15 atores e/ou atrizes, um assistente de direção, um iluminador, um figurinista e um cenógrafo. Os alunos recebem bolsas de estudo no valor de R$ 962,93. Além de 10 estagiários não remunerados que formam o grupo de acesso.
Após testes seletivos, os participantes começaram os ensaios no dia 04 de fevereiro para a temporada de 2019. A primeira peça revisitou a história de William Shakespeare, sob a direção de Edson Bueno. “Shakespeare – Paixão e Poesia” teve cinco apresentações em agosto deste ano, sendo duas para alunos da rede pública municipal. A peça está prevista na programação do Festival Nacional de Teatro (FENATA), este mês.
Com encontros duas vezes por semana, o Grupo já ensaia novo espetáculo programado para a começo de dezembro. Segundo o diretor do Departamento de Cultura, Eduardo Godoy, a peça é uma comédia dirigida por Leo Campos e deve ser apresentada nas ruas de Ponta Grossa.
Um grupo de Teatro público deve se esforçar para chegar cada vez mais perto da população. A tentativa de levar a comédia até as pessoas pode ser uma maneira de oportunizar acesso aos que não conseguiram assistir à apresentação em agosto. O teatro em Ponta Grossa é elitizado, ao tomar as ruas, o grupo surpreende positivamente e mostra que os moradores da cidade não podem ser esquecidos.
Por Thailan de Pauli Jaros
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Imagem e tecnologia. Não dá para ficar dependente só de máquinas
Toda imagem é uma forma de linguagem e expressão. As pinturas rupestres, tidas como imagens visuais, começaram no período Paleolítico (40.000 a.C.), quando o ser humano percebeu a necessidade de deixar registros para que pudessem comunicar-se entre si. No Parque Nacional da Serra da Capivara, no Paraná, tais pinturas encontradas representam o cotidiano e realidade daqueles que viviam no local. Eduardo Thielen é historiador e pesquisa em áreas como saúde pública, história, comunicação, fotografia e vídeo. Na palestra sobre imagens virtuais, é feita uma trajetória das imagens como memória social na construção histórica, dialogando com o fato que a produção da arte, como um todo, é vivenciada por aqueles e aquelas que detém o poder. Na Idade Média, a grande parte de imagens, pinturas e expressões artísticas eram sobre divindade e religião, tendo a igreja católica responsável pelo pensamento social e cultural na época. O humano cria a imagem conforme a realidade estabelecida. As câmeras fotográficas ofereceram a possibilidade de pessoas comuns capturarem imagens. Vivemos em uma sociedade imagética, na qual a imagem consegue transmitir informação de maneira simples e democrática. Atualmente, imagens virtuais ganharam espaço no mundo da tecnologia, o que também se torna prático e acessível. A palestra e exposição“Imagens virtuais e memória social na construção da História”, de Eduardo, contaria com a apresentação de imagens virtuais na ciência e história, porém o computador do palestrante resolveu atualizar e não ligar mais. Thielen prosseguiu com a fala mesmo sem as capturas, o que, no geral, foi uma discussão bastante produtiva e significativa. Entretanto, até onde os humanos conseguem driblar os problemas técnicos que a tecnologia pode ocasionar?
Matheus Rolim
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Produzido pela Turma A - Jornalismo UEPG |
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