- Detalhes
- Produção: Ana Paula Almeida
- Categoria: Criança e adolescente
- Acessos: 623
Antes do coronavírus eram coletados 80 litros por mês; agora são 120
As doações do banco de leite do Hospital Universitário Materno-Infantil (HUMAI), em Ponta Grossa, não diminuíram durante a pandemia. Antes do avanço do novo coronavírus, o HUMAI recebia cerca de 80 litros de leite por mês. Agora, recolhe 120 litros mensalmente.
Só em 2021, o hospital fez parte de duas campanhas para incentivar a doação de leite materno: uma em 19 de maio, no Dia Nacional da Doação de Leite Humano, e outra na Semana Mundial da Amamentação, que aconteceu de 1 a 7 de agosto. As datas tinham o objetivo de incentivar a doação, além de mostrar o trabalho do banco de leite do hospital e a importância do leite para mães que estão internadas.
Segundo Wagner Kloster Antunes, nutricionista do Hospital Universitário, a doação de leite materno tem uma importância social e cada vez mais a população deve apoiar a causa para que ela chegue até mais pessoas.
De acordo com Hospital Universitário, até junho deste ano o HUMAI realizou 366 atendimentos individuais, 40 atendimentos em grupo e 914 visitas domiciliares, arrecadando 540 litros de leite humano.
Ana de Bastiani, enfermeira do hospital, diz que se a mãe notar dificuldade de o bebê se alimentar, ou se ele não está ganhando peso, pode procurar ajuda do banco de leite. É importante que a mulher busque ajuda para que seu filho obtenha os nutrientes necessários para crescer com saúde. Ao chegar ao hospital, o leite passa por um processo de análise microbiológica para depois ser pasteurizado e guardado no banco. Quando verificado que não foi coletado corretamente, a doação é descartada.
Foto: Raylane Martins/ Acervo: Foca Foto
Ministério da Saúde
O aleitamento materno é a alimentação mais importante nos primeiros anos de vida de uma criança. De acordo com o Ministério da Saúde, até os cinco anos de vida a amamentação reduz o risco de mortalidade em 13%. Além disso, evita complicações para a criança como o risco de diarreia e infecções respiratórias. Também diminui os riscos de alergia, diabetes, colesterol alto e hipertensão. O leite materno dá à criança uma maior nutrição e ajuda na criação do vínculo entre mãe e filho.
Todos os anos o governo federal cria campanhas para incentivar a doação de leite para mães que não conseguem amamentar. Este ano não foi diferente. A campanha ‘Todos pela amamentação. É proteção para a vida inteira’ tem o objetivo de informar a população e incentivar a amamentação das crianças com até os dois anos ou mais, com foco nos primeiros seis meses de vida.
Atualmente o Brasil conta com 222 bancos de leite humano e 219 postos de coleta. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas em 2020, cerca de 181 mil mulheres doaram mais de 226 mil litros de leite materno. Dados coletados até junho deste ano mostram que 92 mil doadoras conseguiram fornecer mais de 111 mil litros de leite.
Números divulgados pelo Ministério da Saúde revelam que os índices nacionais de aleitamento materno, em crianças com menos de seis meses, aumentaram de 2,9% para 45,1% entre os anos de 1986 e 2020. A amamentação no primeiro ano de vida também aumentou de 30% para 53,1% entre os mesmos anos.
Segundo dados da OMS em conjunto com a Unicef, cerca de seis bilhões de vidas são salvas anualmente pelo aumento da amamentação nos primeiros seis meses de vida.
Como doar
As mães que desejam doar para o banco de leite do HUMAI devem estar em processo de amamentação e serem clinicamente saudáveis. Serão analisados exames e hábitos de saúde a partir de um cadastro. Se atenderem as exigências, a mulher deve receber os materiais de coleta, a orientação de como realizá-la e de como armazenar o leite. Semanalmente, a equipe vai até a casa das doadoras, seguindo todos os procedimentos de biossegurança. Para mais informações, entre em contato pelos telefones: (42) 3220-1050, (42) 3311-8414 ou pelo WhatsApp (42) 99148-1909.
Ficha Técnica
Reportagem: Ana Paula Almeida
Edição e Publicação: Deborah Kuki
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen
- Detalhes
- Produção: Felipe Amaro
- Categoria: Criança e adolescente
- Acessos: 715
De janeiro a abril de 2021, foram registradas 729 ocorrências. Conselheiros tutelares relacionam números ao isolamento social
O número de atendimentos de casos de violência contra crianças e adolescentes cresceu 235% durante a pandemia em Ponta Grossa. Segundo os Conselhos Tutelares Norte, Leste e Oeste, de janeiro a abril de 2021 foram contabilizados 729 atendimentos. No mesmo período de 2020, foram 310.
No caso da violência física, em 2020 inteiro foram atendidos 669 casos. Em 2021, só de janeiro a abril, foram 217, o que representa 32% do total de 2020.
Em relação à violência psicológica, o Conselho Tutelar atendeu 561 casos em 2020. De janeiro a abril de 2021 foram 309 casos ou 55% do total de 2020.
Sobre casos de violência sexual, foram atendidos 452 casos em 2020 e 203 no primeiro quadrimestre de 2021. Estes dados de 2021 chegam a 45% do número total do ano de 2020.
Para a conselheira tutelar Josiane Aparecida Vezine Brabicoski, o aumento no número de atendimentos de casos de violência infanto-juvenil tem relação com o isolamento social e o fechamento de instituições educacionais, de onde partia parte das denúncias de agressão. “A escola era o canal de acionamento para o plantão do Conselho, e agora a gente não tem mais esse contato”, diz.
A conselheira diz que o Conselho Tutelar tem o apoio do Ministério Público, do Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente (NUCRIA) e de entidades hospitalares para o atendimento, investigação e penalização nos casos de violência infanto-juvenil.
Família
Cleide Lavoratti, professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), analisa o histórico da violência infanto-juvenil. Ela afirma que a família, como instituição, é o retrato da sociedade. “Se você vive numa sociedade violenta, intolerante, discriminatória e opressiva, assim também as famílias vão ter um relacionamento pautado nessa forma com que a sociedade se relaciona entre seus membros”, diz.
A professora relaciona o aumento de casos de violência intrafamiliar com o fechamento dos espaços escolares e de lazer, onde a criança passava parte de seu dia; agora fica integralmente sob cuidados dos pais.
Cleide também destaca que o isolamento familiar gera insegurança, fator que resulta nessas violências domésticas contra crianças e adolescentes. “Muitas famílias vivem a questão da insegurança não só com a questão da contaminação, mas também insegurança da falta de renda, pois muitos pais tiveram perda do seu emprego”, aponta a professora.
Ela entende que a família é um espaço contraditório. “Ao mesmo tempo que é um espaço de afeto, de garantias de direito, o melhor lugar para a criança viver, também pode ser um lugar de violação de direitos e pode ser o pior lugar para a criança ficar”.
Denúncia
No Brasil, existem políticas públicas que visam enfrentar a violência infanto-juvenil. Segundo Cleide Lavoratti, a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança são algumas destas políticas públicas, mas não são o suficiente para reduzir o número de casos de violência contra crianças e adolescentes. “O enfrentamento à violência tem que se dar de maneira articulada. A gente sabe que não é só uma política que tem responsabilidade para enfrentar a violência, mas são necessárias intervenções intersetoriais e interinstitucionais”, afirma Cleide sobre a importância da família e da população nas denúncias contra a violência infanto-juvenil.
Os casos de violência contra crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo Disque 100; para o Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente (NUCRIA), pelo telefone (42) 3225-3856; e para o Conselho Tutelar de Ponta Grossa, nos números (42) 99155-4110, (42) 99144-6127 e (42) 9144-1343.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Repórter: Felipe Amaro
Editora de texto: Maria Eduarda Ribeiro
Supervisão Foca livre: Professores Jeferson Bertolini, Muriel Emídio e Rafael Kondlatsch
Supervisão Periódico: Marcos Antonio Zibordi e Mauricio Liessen
Publicação: Malu Bueno
- Detalhes
- Produção: Carolina Olegário
- Categoria: Criança e adolescente
- Acessos: 498
Foram registrados 2.773 casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes no Paraná entre janeiro e março deste ano.
Ficha Técnica:
Publicação: Denise Martins
Supervisão: Paula Melani Rocha
- Detalhes
- Produção: Emanuelle Soares
- Categoria: Criança e adolescente
- Acessos: 14545
Vulnerabilidade social das famílias durante a pandemia aumenta o número de crianças e adolescentes trabalhando
Tipos de trabalho Infantil. Infográfico por Emanuelle Benicio
A menina que cuida dos irmãos mais novos durante horas e ainda precisar fazer a limpeza da casa, o menino parado no semáforo vendendo doces ou a criança que trabalha no campo desde de manhã, sem nenhuma remuneração. São vários os rostos que estampam a existência do trabalho infantil. Segundo o painel do Bolsa Família, em um ano de pandemia, Ponta Grossa cadastrou mais de 1.551 famílias, chegando a 10.907 beneficiários em fevereiro de 2021. Uma das consequências do isolamento, foi a queda da renda de muitos lares que ocasionou a necessidade de crianças e adolescentes precisarem exercer alguma atividade.
Embora muitos usem o argumento de que não é um problema o menor ter um serviço, o Art. 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) afirma que é “proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”, sendo proibido até 18 anos qualquer serviço que coloque em risco a saúde do jovem, independente se existe uma remuneração ou seja por interesse pessoal.
As bases de dados que hoje documentam informações sobre o trabalho infantil não são atualizadas ou são de difícil acesso. O Sistema para Infância e Adolescência (Sipia), por exemplo, que possui os números dos conselhos tutelares, de acordo com o filtro para o período do ano de 2020 e 2021, não existe nenhuma informação para Ponta Grossa. O conselheiro do Conselho Tutelar Norte, Moisés Gomes, explica que essa base de dados tem como objetivo disponibilizar fundos aos conselhos dependendo da demanda relatada. Além disso, comenta sobre a dificuldade de conseguir manter as informações atualizadas já que o sistema não é de fácil acesso.
O Disque 100 - telefone oferecido para vítimas de crimes contra os direitos humanos - também permite a visualização do número de denúncias recebidas pela plataforma. De janeiro a junho de 2020 – último mês disponível - Ponta Grossa obteve 51 notificações e 240 violações contra a criança e adolescente, porém não é especificado se alguma das denúncias são relacionadas ao serviço de menores de idade.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publica todo ano a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) com dados sobre o trabalho infantil, porém apenas o censo traz a realidade de cada município. No ano passado seria realizado o Censo 2020, mas a pandemia fez com que fosse adiada para esse ano. Como a Pnad Contínua não foi realizada durante a pandemia, o órgão também não terá pesquisas abordando o trabalho infantil durante o isolamento social. No último dado divulgado pelo IBGE em 2010, Ponta Grossa tinha 3.8 mil crianças ocupadas entre 10 e 17 anos.
No último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 o Brasil contava com 1,7 milhões de crianças e adolescentes caracterizados como trabalho infantil. Desse número, 1,4 milhões exerciam apenas atividades econômicas, 108 mil realizavam atividades econômicas e de consumo próprio e 463 mil apenas atividades de consumo próprio.
Isa Maria de Oliveira, Secretária Executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), comenta que “o trabalho infantil hoje se concentra nas áreas urbanas e ele se concentra mais faixas etárias mais velhas”. A secretária executiva da FNPETI relata que existe uma predominância do trabalho informal, como vendedores ambulantes, e que na pandemia isso se tornou ainda mais visível, já que muitas famílias perderam suas rendas. O FNPETI tem a percepção que o trabalho infantil doméstico aumentou, pelo motivo das escolas estarem fechadas e as crianças ficaram mais em suas casas. Ela reforça que as diferenças de gênero e raça também estão presentes, já que a grande maioria das vítimas são negros e as meninas normalmente são superioridade nas atividades domésticas.
Escolas ajudam na identificação de exploração infantil
A Presidente do Conselho Tutelar Oeste, Josiane Vezine, relata que a pandemia aumentou a vulnerabilidade social das famílias, que já era precária antes. Para as crianças, a maior dificuldade é a falta do ambiente escolar, no qual algumas apenas iam por causa do alimento oferecido. Ao adolescente, as medidas de controle da covid-19 afetaram o ensino profissionalizante buscado junto ao CT pelos pais atendidos.
Josiane fala da falta das escolas, durante a pandemia, para observar a situação familiar, como as mudanças no comportamento da criança ou outras atitudes que sejam necessárias repassar ao Conselho Tutelar e são observadas por professores e pedagogos. “Hoje em dia a escola deixou de ser aquele filtro, deixou de ser também aquela rede de apoio o qual ela também sinalizava para o conselho”, explica.
Durante o isolamento, o acompanhamento às famílias registradas no CT - normalmente são lares em que foi encontrada alguma situação de vulnerabilidade - permaneceu, pois não pode ocorrer a paralisação desse serviço, porém foram necessárias algumas mudanças visando a segurança. “As visitas não deixaram de serem realizadas, devido a pandemia e até mesmo por uma precaução nossa. Estamos fazendo por intercalamento”, esclareceu a presidente. Ela conta que atendem as demandas possíveis por telefone, mas que também auxiliam presencialmente, sempre atualizando o cadastro e celular para não perderem o contato.
O Conselho Oeste é responsável por no mínimo 79 regiões do município de Ponta Grossa. Em janeiro de 2021, não foi registrado nenhuma situação de trabalho infantil, mas na categoria de atos atentatórios à cidadania (mendicância, aliciamento, crianças em lugar irregular), apenas em janeiro já foram 46 – mendicância é o ato de pedir dinheiro ou vender objetos pelas ruas e semáforos.
A cidade com a maior população dos Campos Gerais possui três Conselhos Tutelares (Leste, Oeste e Norte) para atender toda a demanda. Até o fechamento da reportagem, o Conselho Tutelar Leste não enviou os dados e não respondeu à reportagem. Já o conselheiro Moisés Gomes do Conselho Tutelar Norte relatou que a presidenta está de férias e que ele não conseguiria falar sobre esse assunto especificamente.
Pandemia dificulta o acompanhamento das crianças em Telêmaco Borba
O Ministério da Saúde possibilita por meio do DataSus, informações sobre violência ou acidente sofrido em decorrência do trabalho infantil. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam) mostram que nos Campos Gerais entre o período de 2009 e 2018, o sistema registrou 12 casos, sendo 11 notificados em Telêmaco Borba e 1 em Ponta Grossa. No Paraná, o número sofreu aumento, já que em 2009 eram 9 casos e em 2018 eram 225.
Em 2020, nenhuma família foi acompanhada por situação de trabalho infantil em Telêmaco Borba pelo CREAS, segundo informações disponibilizadas pelo próprio órgão. Já em janeiro e fevereiro de 2021 são quatro casos. No ano de 2019, o órgão chegou a acompanhar 12 meninos.
A presidente do Conselho Tutelar de Telêmaco Borba, Cassiana Lima, conta que durante a pandemia o município teve um aumento relevante de agressão sexual, física e psicológica, mas que não houve uma alta nos casos de crianças pedindo dinheiro ou vendendo doces na rua. Ela aponta que para saber o número de vítimas, o conselho tutelar depende dos indicadores que vêm da saúde, escola, polícia e da sociedade em geral. “Se há muitos casos sem atendimento é porque não está chegando até nós”, ressalta.
Cassiana relata que também existe uma dificuldade quanto a compaixão das pessoas a crianças pedindo dinheiro ou vendendo objetos pelas ruas. Essa atitude das pessoas acaba incentivando a família a continuar explorando seus filhos. A Presidente comenta que o atendimento do órgão ocorre 24 horas por dia. “Quando recebemos uma denúncia de mendicância, realizamos imediatamente a verificação e cessamos a violência”, esclarece.
O acompanhamento da família é de responsabilidade do Centro de Referência Especializada de Assistência (CREAS), no qual possui técnicas de psicologia e assistência social e ainda os insere nos programas sociais do município como a Guarda Mirim e projeto Pescar – projetos de qualificação profissional para adolescentes maiores de 14 anos. Cassiana adverte que, quando necessário, o CT toma medidas mais rígidas, podendo chegar ao Poder Judiciário.
A coordenadora do CREAS Samuel Klabin, Bruna Javorski, menciona que a pandemia atrapalhou o encaminhamento dos adolescentes para os programas sociais do município, o que colaborou para que menores de idade fossem para os semáforos vender algodão doce, balas e salgados. Bruna fala que houve queda nos números de mendicância por causa de uma campanha feita em 2019. “A gente fez uma ação de conscientização do comércio, nos semáforos a respeito disso. Orientando as pessoas a não dar esmola para criança e adolescente. Explicamos que o lugar de criança e adolescente é na escola, em programa de aprendizagem, serviço de convivência, brincar, ter lazer e não sair na rua e correr risco”, afirma.
“Por conta dessa pandemia, a gente não consegue também ter tanto acesso às famílias, saber como que está a situação naquele momento e aí acaba que elas ficam um pouco descobertas”, frisa. A coordenadora do CREAS relata que no dia anterior à entrevista foi fazer a abordagem de um adolescente no semáforo que já é acompanhado pelo órgão e pelo Conselho Tutelar, e voltou a vender algodão-doce. Ela conta que sofreu um desacato por um cidadão que passava durante a abordagem, o homem parou o carro dizendo que ela tinha que deixar o menor trabalhar porque ele estava apenas ajudando a família. Bruna menciona que essa aceitação do trabalho infantil como positivo, acaba dificultando o trabalho de combate.
A profissional lamenta a subnotificação que ocorre. “Tem mais casos do que realmente chegam a nós. O problema é realmente por que as pessoas entendem que está tudo bem o adolescente trabalhar. Então eles acreditam que não tem que encaminhar para nenhum órgão”, afirma. Outro ponto importante, é a remuneração ser maior do que a disponibilizada pelos programas sociais, o que não motiva o jovem a abandonar o trabalho infantil.
Pandemia atrapalha meta de erradicação do trabalho infantil até 2025
O ano internacional para a eliminação do trabalho infantil foi aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019 com o objetivo de conscientizar países pelo mundo. A fim de que medidas mais severas fossem tomadas e até 2025 essa atividade chegasse ao seu fim. Porém a pandemia acabou retrocedendo o que já era lento.
De acordo com a Secretária Executiva do FNPETI, Isa Maria, o IBGE não pode fazer a pesquisa PNAD contínua em 2020 por se tratar de algo muito específico e que não pode ser realizada pelo telefone. Oliveira menciona que houve corte de verbas destinadas ao IBGE, mesmo o instituto sendo reconhecido internacionalmente, até mesmo pelas pesquisas dentro da área do trabalho infantil. “Nós vivemos uma situação de retrocesso social tão grande no país, que isso atinge também esse descaso pelas informações”, cita.
Segundo Oliveira, existe uma ineficácia nos canais de denúncias hoje no Brasil, o que resulta no atraso da intervenção dos órgãos responsáveis. “Eles não são canais eficientes, que geram no denunciante uma sensação de certeza de que fez aquilo e de aquilo vai ter um resultado”, aponta. Além disso, ela ressalta o fato da sociedade acreditar na criação de dignidade por meio do trabalho, o que explicaria as pessoas aceitarem o trabalho infantil.
O Departamento de Proteção Social Especial, por meio da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG) realizou no ano passado um Diagnóstico Sócio Territorial do Município de Ponta Grossa, com foco na Identificação do Trabalho Infantil. A empresa responsável, Painel Pesquisa, Consultoria e Publicidade LTDA, organizou a pesquisa em três fases: elaboração de instrumentos para a coleta, análise e finalização dos dados e divulgação dos resultados. O departamento informou que os dados vão ser disponibilizados ao público no próximo mês, porém até o fechamento da reportagem não houve resposta de como a coleta foi feita durante a pandemia.
A reportagem entrou em contato com o Ministério Público do Trabalho e a Vara da Infância e Juventude de Telêmaco Borba e Ponta Grossa, porém não ocorreu o retorno. O NUCRIA e a Delegacia do Adolescente informaram que dificilmente os casos são encaminhados para os dois órgãos e que por isso não poderiam falar sobre o assunto.
Para denunciar, o indivíduo pode tentar pelo plantão 24h com um conselheiro tutelar. Além disso existe o Disque 100 para denúncias relacionadas aos direitos humanos. A população também pode se dirigir à sede do Conselho Tutelar ou CREAS. As denúncias são anônimas e é necessário dar os dados completos sobre a ocorrência.
Ficha técnica
Reportagem: Emanuelle Benicio
Infográfico: Emanuelle Benicio
Publicação: Maria fernanda de Lima
Supervisão: Vinicius Biazotti
- Detalhes
- Produção: Rafael Piotto
- Categoria: Criança e adolescente
- Acessos: 915
O Grupo de Apoio à Adoções Necessárias (GAAN) faz parte de projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) que tem o objetivo de auxiliar os pretendentes a adoção, realizar o acompanhamento dos pais adotivos, além de conscientizar a sociedade sobre a adoção e principalmente sobre as adoções necessárias referentes às crianças com necessidades especiais, crianças mais velhas, inter-raciais e de grupos de irmãos.