Ficha técnica
Reportagem: Lillian Magalhães e Tamires Limurci
Edição e publicação: Gabriel Mendes Ferreira
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen
Acessibilidade: estudantes relatam dificuldades de locomoção na UEPG
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- Produção: Kauan Ribeiro
- Categoria: Periódico
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Falta de acesso no campus central dificulta mobilidade de pessoas com deficiência
Sem rampas, falta de pavimentação adequada e vagas de estacionamento insuficientes para idosos e pessoas com deficiência. É assim que se encontra a infraestrutura do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Com o início do ano letivo de 2022, a carência de acessibilidade é relatada por pessoas com dificuldade de locomoção, que voltaram a enfrentar constrangimentos ao transitar pelos Campus da UEPG.
Foto: Lucas Ribeiro
A acadêmica do curso de Direito noturno Flávia Novaski, que é cadeirante, relata que não consegue circular pela UEPG principalmente por conta de problemas na pavimentação. “Sinto dificuldade em chegar ao RU, aquela pavimentação está toda cheia de buracos e também a parte da frente da UEPG. Algumas áreas têm degraus e não tem rampas”, desabafa. A estudante sugere que, para melhorar a acessibilidade, a pavimentação seja arrumada para deixá-la mais uniforme.
A equipe de reportagem, em uma rápida caminhada, constatou que no Campus Central não há rampas no pátio e apresenta calçadas que carecem de acessibilidade para cadeirantes. Outro problema se dá nas salas do Bloco A, com o único acesso a sala somente possível pelo degrau da escada.
Para a participante da Universidade Aberta para Terceira Idade (UATI), Catarina de Lima dos Santos, um dos principais problemas é a ausência de estacionamento para idosos nas ruas ao redor da UEPG Central. Catarina também aponta que outro problema em relação aos estacionamentos são as pessoas que estacionam em frente aos portões de entrada, o que dificulta o acesso daqueles que possuem problemas de locomoção. "A dificuldade começa pela lateral (rua Riachuelo) porque o carro estaciona na frente do portão", explica.
Em nota, a Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN) da UEPG afirma que a universidade vem implementando as adequações necessárias há anos, mas ressalta que as implementações são um processo gradativo e complexo.
Mais problemas
Um exemplo das insuficiências na acessibilidade é a sala A01 do Campus Central. Lá, o acesso só é possível pelo degrau da escada, o que impossibilita, por exemplo, um cadeirante de frequentar as aulas. A situação se repete nas salas 103, 104 e 105 do Bloco A. No Bloco B, o elevador que o compõe não percorre todos os andares, apenas os dois de cima. Sem o elevador, pessoas com dificuldade de acesso precisam recorrer às escadas ou dar a volta na universidade até encontrar o elevador.
As calçadas que estão nos arredores da UEPG também são um problema, pois carecem de acessibilidade para cadeirantes nas esquinas da rua Dr. Penteado de Almeida com a Celso Bitencourt, e desta com a rua Riachuelo. A situação do calçamento também é crítica, já que em alguns pontos há elevações e buracos.
No Campus de Uvaranas a situação é semelhante. Lá, por exemplo, faltam rampas na entrada do bloco da Reitoria, e na entrada da Central de Salas, há apenas escadas. Além disso, há carência de rampas nas faixas de pedestres em alguns pontos de ônibus dentro da universidade, e faltam calçadas em algumas vias. Há apenas a rua, e logo em seguida a grama.
Ficha técnica:
Reportagem: Kauan Ribeiro
Edição e Publicação: Ana Barbato
Supervisão de produção: Cândida de Oliveira, Maurício Liesen e Ricardo Tesseroli
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen
Cultura afro-brasileira é pouco presente no currículo escolar
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Apesar de obrigatoriedade prevista em lei, não existe um padrão de ensino sobre o tema
A Lei federal 10.639, de 2003, estabelece a obrigatoriedade da inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares brasileiros. Segundo essa medida, o contéudo prográmatico do ensino fundamental e médio passou a incluir também a luta dos negros no país e o resgate das contribuições destes povos para a formação do Brasil. Entretanto, com quase vinte anos de aprovação, nem todas as escolas de Ponta Grossa apresentam o conteúdo no material didático.
De acordo com a lei, esses conteúdos devem ser ministrados em várias disciplinas, com especificidade em Artes, Literatura e História. Raiza Favero, professora de História do ensino fundamental em um colégio particular, comenta que mesmo com a obrigatoriedade, o contéudo sobre a cultura africana é visto superficialmente, com enfoque na escravidão. “Apesar de oficial, não vejo como efetiva em sua plenitude. A história presente em diversos livros didáticos segue narrada de forma europeizada, havendo um abismo enorme para a aplicação concreta da história africana em sala de aula”, afirma.
A superficialidade na abordagem do conteúdo também é percebida pelos alunos. Gabriel Lima, de 12 anos, é estudante do ensino fundamental II e afirma que nunca teve contato com a história da África. O tema foi abordado apenas na disciplina de Artes na produção de máscaras em papel machê no dia da consciência negra. “Aprendemos na aula que as máscaras eram comuns dos povos africanos, mas não sei mais sobre a história delas. Lembro só que foi bem divertido fazer com os meus amigos e depois expor elas nos corredores da escola”, comenta.
Dançarina do Grupo Kaminambo de dança Afro. Foto: Matheus Pileggi/Acervo Lente Quente
Neste mesmo sentido, a aluna de pré-vestibular, Mariana Silva, comenta que sentiu muito a falta desses conteúdos no Ensino Médio, uma vez que esses assuntos são cobrados no vestibular. “Mesmo sem ter as matérias em aula, como é obrigatório por lei, as bancas de vestibulares cobram na prova. Infelizmente, quem tem aula em uma escola que segue a diretriz, acaba saindo na frente.”
Por outro lado, a professora do ensino fundamental Adriane Schuerzoski afirma que, na escola em que trabalha, as turmas do 1º ao 5º ano aprendem sobre a história e manifestações artísticas afro-brasileiras. “Usamos a interdisciplinaridade para dar conta de todos os conteúdos, que consiste em abordar um tema e trabalhar várias disciplinas”. De acordo com Adriane, professores das escolas municipais são instruídos a abordarem o assunto previsto em lei “A Secretaria da Educação faz formações continuadas para professores com o objetivo de demonstrar como podemos trabalhar estes conteúdos em sala de aula”. A professora explica que, em Arte, são pautados artistas e obras visuais afro-brasileiras; em História, religiões de matrizes africanas; na disciplina de Literatura, a diversidade cultural.
Sueli Pedroso, mãe do Leonardo Pedroso, aluno do Ensino Fundamental I, diz que ele estuda a temática regularmente e demonstra interesse por conta da didática interativa de sua professora. “Ele gosta da disciplina de Arte, e tem como recordação as aulas em que os colegas estudaram gastronomia afro-brasileira”. Sueli também lembra que, na prática de Educação Física, a turma de seu filho produziu atividades de pesquisa sobre danças da cultura africana.
Escolas têm dificuldade de cumprir lei de primeiros socorros
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- Produção: Catharina Iavorski e Valéria Laroca
- Categoria: Periódico
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Existem diferentes diretrizes, mas nenhuma apresenta eficiência para procedimentos
Pela Lei Federal 13.722, de 2018, é obrigatório o treinamento em primeiros socorros para professores e servidores de escolas públicas e privadas em todo o país, mas na prática o funcionamento é diferente. A reportagem entrou em contato com algumas escolas para verificar o cumprimento da lei e foram encontrados alguns problemas. O primeiro deles é quanto à capacitação. Esta deveria ser feita pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas, em Ponta Grossa, o procedimento ocorre por cursos de brigadista ofertados pelo Corpo de Bombeiros.
Além disso, há divergências entre leis. Em âmbito municipal, há a lei 12.854, de 2017, que versa sobre o atendimento a pessoas em casos de perigo. Todavia, a Lei Federal apŕesenta que na instituição de ensino deve haver a capacitação de ao menos um terço dos profissionais e a Lei Municipal exige que pelo menos três profissionais tenham a capacitação, independentemente do número de funcionários ou do turno.
A professora Michele Rota Telles, que leciona em uma escola estadual, analisa essa situação como um problema, já que não engloba toda a equipe escolar. “A nossa referência sempre são esses colegas. Penso que seria o caso de ser mais amplo e alcançar mais profissionais, além dos brigadistas. Não existe um repasse sistemático desse treinamento para os outros professores”, reflete.
Foto: Lilian Magalhães
Já a professora da rede estadual, Jamaira Pillati, conta que o objetivo da capacitação era envolver toda a comunidade escolar. “As vagas são poucas, e não há um controle de quem fez ou não. Vai muito da direção da escola”, explica. Uma aluna que preferiu não ser identificada relata que na escola em que estuda, sua colega precisou de auxílio durante uma convulsão e não teve aporte técnico da equipe escolar. “Outra aluna que pretendia cursar medicina e tinha noções de primeiros socorros prestou ajuda a ela porque os professores não sabiam como atuar no momento”, conta.
O fato do curso não ser obrigatório para todos os servidores deixa uma lacuna na lei, tanto em termos de preparo técnico quanto emocional. Karen Carrera, que trabalha há mais de 15 anos em sala de aula, nunca teve a orientação para atender esse tipo de ocorrência. "Se alguém precisar de primeiros socorros devido a uma síncope qualquer, não conseguirei prestar auxílio, pois não tenho preparo para e, além disso, fico muito nervosa nesses momentos”.
A brigadista e educadora, Diovana Bronosky, explica que sem o curso da Brigada o único auxílio que conseguiria prestar seria por instinto. “Não faria nenhum procedimento com segurança. Isso só é possível com os conhecimentos adquiridos durante a capacitação”. Outro ponto destacado pela profissional é que não há um treinamento de primeiros socorros de forma anual na instituição que leciona, “O único treinamento que ocorre duas vezes ao ano é o Plano de Abandono, feito para prevenir incêndios”.
Ficha técnica:
Reportagem: Catharina Iavorski e Valéria Laroca
Edição e publicação: Lilian Magalhães
Supervisão de Produção: Muriel Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen
Padroeira de PG é orixá ligada à origem da vida na umbanda
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- Produção: Cassiana Tozati e Victória Sellares
- Categoria: Periódico
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O dia 26 de julho é de Nanã Buruquê e de Senhora Sant’Ana
Ilustrações de Edu Andrade para o livro Na Terra dos Orixás
“Ela é tão velha, tão antiga, tão ancestral, como o início do mundo”. Assim, Rosângela de Aguiar, sacerdotisa e responsável pela rito liturgia do Terreiro Vovó Cambina em Curitiba, descreve Nanã Buruquê, orixá das religiões africanas que, no sincretismo religioso, é Senhora Sant’Ana. No dia 26 de julho é celebrado o dia da santa católica ]que representa a avó de Jesus, e padroeira de Ponta Grossa. Na Umbanda e Candomblé, no mesmo dia, comemora-se Nanã Buruquê, a mais velha de todos os Orixás.
Alto custo local é empecilho para turismo em PG
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- Produção: Eder Carlos
- Categoria: Periódico
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Uma família com dois filhos gasta no mínimo R$ 200,00 com transporte e ingressos ao Parque de Vila Velha (*)
Ponta Grossa é uma cidade com muitos atrativos turísticos naturais, mas que são desconhecidos por boa parte dos moradores. São vários os motivos que levam a esse desconhecimento. A ausência de incentivo ao turismo local, o alto custo de ingressos e deficiência de transporte até essas atrações são alguns dos problemas do desenvolvimento do turismo.
O Parque de Vila Velha, por exemplo, distante 20 quilômetros do centro de Ponta Grossa, é desconhecido de parte da população da cidade. Conforme informações da administração do parque, em 2021 foram recebidos 61.434 visitantes, sendo 7.832 de Ponta Grossa, o que representa cerca de 13% do total.
A aposentada Edite Erdmann, 82 anos, residente no Bairro Órfãs, diz que mora há mais de 60 anos em Ponta Grossa e nunca foi à Vila Velha. Segundo ela, inicialmente havia a falta de transporte público até o parque, o que dificultava para uma família com quatro crianças. Agora, ela explica que o problema maior é o custo do ingresso, que, quando somado ao do esposo, mais transporte e alimentação, se torna caro para quem vive com apenas um salário mínimo.
Outra situação é narrada por Juliana Pabis, 19 anos, estudante de Direito na UNICESUMAR Ponta Grossa. Até hoje ela não conhece o parque por falta de tempo. Indagada se pretende ir ao local em breve, respondeu que isso ainda não está em seus planos.
Calculando os gastos
Para termos uma ideia dos custos, a reportagem fez os cálculos. Uma família com dois filhos que queira visitar o parque de Vila Velha, vai gastar, só de passagens e entradas, cerca de R$ 200,00. Cada entrada custa R$ 38,00 e a passagem da única empresa que oferece transporte até o local é R$ 11,00, de ida e volta para cada pessoa. Se quiser fazer alguma das atividades oferecidas (arvorismo, tirolesa ou balão estacionário), terá que desembolsar de R$ 42,00 a R$ 86,00 a mais por pessoa, dependendo da atividade. Se for de carro próprio, ainda é preciso acrescentar o valor do estacionamento.
Questionada quanto ao valor do ingresso, em nota, a Soul Parques, empresa que administra a atração, diz que a tarifa para moradores da cidade possibilita que pessoas de baixa renda também consigam se programar para visitar o Parque.
Outro deslocamento turístico caro é para o Buraco do Padre. Localizado a 25 quilômetros do centro de Ponta Grossa, seriam necessários, em média, R$ 42,00 reais de gasolina. A entrada custa R$ 48,00, preço mais barato, além de outras atividades como rapel e tirolesa que podem chegar até R$ 74,00. Os interessados em fazer piquenique vão desembolsar R$ 280,00, com direito a uma cesta de comes e bebes para duas pessoas. Para fazer ensaio fotográfico o valor não sai por menos de R$ 600,00.
No site do Parque do Buraco do Padre, não constam informações claras de valores diferenciados para moradores da região. O valor menor (R$ 24,00) é informado apenas na seção de dúvidas ou quando o interessado faz seu cadastro e tenta realizar a compra online.
Altos custos para turismo em Ponta Grossa impede maior número de visitantes
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Ainda na onda de pontos naturais, a região tem a Cachoeira do São Jorge, localizada a 15 quilômetros por estrada de terra. Para visitar o local, o turista desembolsa R$ 20,00 pela entrada. Apesar de ser o valor mais barato entre os pesquisados pela reportagem, a cachoeira é acessível somente para quem tem transporte particular.
Segundo os sites das atrações, a política de meio ingresso para estudantes, idosos e outros beneficiários corresponde ao valor cobrado para moradores de Ponta Grossa.
Prefeitura
Procurada, a Prefeitura de Ponta Grossa disse em nota que a secretaria municipal de turismo desenvolve ações em parceria com diversos órgãos, entre eles o próprio Parque Estadual de Vila Velha, bem como busca ampliar as opções de atrativos ao longo do ano. Perguntada pela reportagem, a Prefeitura não respondeu se o valor do ingresso para moradores da cidade é razoável ou pode ser um empecilho para que famílias de baixa renda conheçam as atrações turísticas.
(*) A matéria foi alterada em 07 de junho de 2022. Foram acrescentadas informações sobre valores de ingressos do Buraco do Padre para moradores da região. O texto publicado foi corrigido.
Ficha Técnica
Reportagem: Eder Carlos
Edição e publicação: Lucas Ribeiro
Imagem: Eder Carlos
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen